terça-feira, 9 de outubro de 2012

Bíblia: um livro só para crianças

"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz... E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura... E disse (Jesus): Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." (Gn 3.15; Is 9.6; Lc 2.12; Mt 18.3)

Criança. Está no centro da Bíblia! No jardim a Trindade nos prometeu a Criança!

O Antigo Testamento conta como Deus formou e conduziu um povo que a Criança, nascendo de mulher, pelo poder do Altíssimo, fosse trazida para a história, a fim de abençoar a humanidade.

O Novo Testamento conta como a Trindade formou e conduz o povo que leva a Criança a toda a humanidade para abençoar a nossa história, fazendo-a terminar em salvação.

E a Criança, que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens, portanto, sem perder a "criancitude", disse que quem quiser viver sob o reinado dos céus tem de se tornar criança.

Criança é a fase do ser humano onde o Pai é tudo, sabe de tudo e pode tudo. Criança confia no Pai, e não tem medo da vida, porque o Pai pode tudo. Criança usa a sabedoria do Pai, e não tem medo do desconhecido, porque o Pai sabe tudo, de tudo. Criança usa o discernimento do Pai, e sempre sabe o que é certo e o que é errado, porque o Pai discerne tudo. Criança desfruta do sustento do Pai, e não tem medo do infortúnio, porque o Pai tem tudo.

Criança ama o Pai com tudo. Criança obedece ao Pai em tudo. Criança depende do Pai em tudo e para tudo. Criança descansa no Pai.

Criança, nos braços do Pai, está salva; é segura; se gosta, porque se sente amada; e é feliz!

O Deus Filho se fez criança para que todo o ser humano criança se deixe fazer.

O Filho se fez criança para nos mostrar o Pai. O Pai que é tudo e, tudo, a nós, em nós, e, para nós, quer, e graças ao Filho, o pode ser.

A Igreja é a parte da humanidade que, por meio do Filho, foi adotada pelo Pai, e habitada pelo Espírito; recuperando, assim, a "criancitude".  A Igreja é a parte da humanidade que sabe que ser adulto é ser criança que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens.

A Igreja proclama: O Pai nos mandou o Filho, o Filho nos leva de novo ao Pai e o Espírito nos faz nascer de novo, e faz, de nós, filhos, nos faz crianças de novo, crianças como todo ser humano deveria ser.

A Igreja convida: vem ser criança com a gente!

A Bíblia é o livro cujo centro é a Criança! A Bíblia é o livro da Criança, para que crianças voltemos a ser... E para sempre.

A Bíblia é livro para crianças!

Ariovaldo Ramos

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Por que eu deveria derramar lágrimas?

Não sou uma pessoa que chora com naturalidade e, em geral, consideram-me forte. Fui educado na Rugby School, uma daquelas famosas escolas "públicas" em que se aprende a filosofia da casca grossa, isto é, não se deve demonstrar qualquer emoção.

Porém, li os evangelhos e descobri neles o registro de que Jesus, nosso Senhor, chorou em público duas vezes: uma por causa da falta de arrependimento da cidade de Jerusalém (Lc 19.41) e outra por causa do sepultamento de Lázaro (Jo 11.35).

Deste modo, se Jesus chorou, seus discípulos presumivelmente poderiam fazê-lo.

Mas por que eu deveria derramar lágrimas? Não estava diante da falta de arrependimento nem da morte. Estaria eu afundado na autocomiseração, sob a perspectiva de uma lenta recuperação? Estaria lamentando minha queda e fratura? Estaria vislumbrando ali o fim do meu ministério? Não, na verdade eu não tive tempo de colocar meus pensamentos em ordem.

Tive uma experiência semelhante de lamento com meu amigo John Wyatt, que é professor de ética e perinatologia no hospital-escola da Universidade de Londres, e que se tornou famoso por defender a inviolabilidade da vida humana em debates públicos sobre aborto e eutanásia.

Quando ele me visitou no hospital, compartilhamos nossas experiências de fragilidade e dependência e ambos chegamos às lágrimas. Eis a forma como ele descreveu essa situação:

"Nos primeiros dias depois da cirurgia, John Stott foi acometido por episódios de desorientação e por distintas e alarmantes alucinações visuais. Além disso, havia a inevitável humilhação de receber os cuidados da enfermagem, e a preocupação com o futuro. Enquanto estávamos no hospital, conversando e compartilhando, lembrei-me da minha própria experiência de doença e caos, alguns anos antes. Lembro-me que estávamos em lágrimas, dominados por um poderoso sentimento comum de vulnerabilidade e debilidade humana. Foi uma experiência dolorosa, mas libertadora".

A seguir a segunda e semelhante experiência, dessa vez com a contribuição de Sheila Moore, minha fisioterapeuta e amiga:

"Foi logo após o retorno para casa, depois de sua convalescença. Stott havia acabado de voltar para descansar em uma cadeira, quando, de repente, estremeceu e suspirou profundamente. Fui ver se ele se sentia mal e percebi que as lágrimas fluíam livremente. Ele estava vivenciando uma arrebatadora liberação de toda a carga emocional e dos desafios dos eventos recentes, que ele havia pacientemente suportado sendo "um paciente". Não há palavras a serem ditas durante uma experiência tão profunda - somente uma empatia e uma confortante mão firme em seu ombro. Pouco a pouco, enquanto a emoção cedia, assegurei a ele que não se tratava de uma experiência incomum em tais circunstâncias, e que as lágrimas são um alívio e uma forma de cura muito valiosa".

Essa experiência completamente "inusitada" aconteceu repentinamente; foi uma surpresa que causou certo choque e dor emocional. Racionalizar tais experiências talvez seja difícil, especialmente para homens, que tendem a vê-las como uma humilhação. Porém, se encaradas com honestidade, podem ser um alívio maravilhoso. É muito valioso encarar aqueles momentos como uma preparação dada por Deus para as mudanças que se encontrariam à frente, e como um presente especial da parte dele.

John Stott [O discípulo Radical]

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Amar os Inimigos

"Não devemos confundir o significado do amor com desabafo sentimental; o amor é algo de mais profundo do que verbosidade emocional. Talvez o idioma grego nos possa esclarecer sobre este ponto. Há no Novo Testamento grego três palavras que definem o amor. A palavra eros traduz uma espécie de amor estético ou romântico. Nos diálogos de Platão, eros significa um anseio de alma dirigido à esfera divina. A segunda palavra é philia, amor recíproco e afeição íntima, ou amizade entre amigos. Amamos aqueles de quem gostamos e amamos porque somos amados. A terceira palavra é agape, boa vontade compreensiva e criadora, redentora para todos os homens. Amor transbordante, que nada espera em troca, agape é o amor de Deus agindo no coração do homem. A esse nível, não amamos os homens porque gostamos deles, nem porque os seus caminhos nos atraem, nem mesmo porque possuem qualquer centelha divina; amamo-los porque Deus os ama. Nesta medida, amamos a pessoa que pratica a má ação, embora detestemos a ação que ela praticou. Podemos compreender agora o que Jesus pretendia quando disse: 'Amai os vossos inimigos'. Devíamos sentir-nos felizes por ele não ter dito 'Gostai dos vossos inimigos'. É quase impossível gostar de certas pessoas; 'gostar' é uma palavra sentimental e afetuosa. Como podemos sentir afeição por alguém cujo intento confessado é esmagar-nos ou colocar inúmeros e perigosos obstáculos em nosso caminho? Como podemos gostar de quem ameaça nossos filhos ou assalta as nossas casas? É completamente impossível. Jesus reconhecia, porém, que o amar era mais do que o gostar. Quando Jesus nos convida a amar os nossos inimigos, não é ao eros nem à philia que se refere, mas ao agape, compreensiva e fecunda boa vontade redentora para com todos os homens. Só quando seguimos esse caminho e correspondemos a este tipo de amor, ficamos aptos a ser filhos de nosso Pai que está nos céus."

Martin Luther King
"Força para Amar", Livraria Morais Editora, Lisboa, 1966

domingo, 26 de agosto de 2012

É proibido sofrer!

É proibido sofrer!

"É proibido sofrer!" Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos suas variações quando também se diz: "pare de sofrer!", "tenha uma vida vitoriosa!", "Você nasceu para ser cabeça e não cauda!", "decrete e profetize sua vitória!", "tome posse pela fé!" e tantas outras ordens e palavras que, na cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os problemas da vida provocam na gente.

A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não sensação de dor. Se esquecem que o próprio sofrimento pode ser uma bênção, pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito.

Embora haja fundamento bíblico para nos dizermos mais do que vencedores por meio de Jesus, esta palavra "vencedores" não segue o modelo e o padrão moderno de entendimento do que seja vencedor segundo a ganância dos homens. O perfil do vencedor moderno é aquele que até pode passar por alguma dificuldade, mas consegue tudo o que quer. Sempre vence as dificuldades virando o jogo com palavras mágicas. Nunca demonstra em público suas fraquezas. Este é o vencedor das externalidades, da futileza, do terno Armani, da bolsa Louis Vuitton, do carro de luxo, de ter dinheiro, poder e influência sobre a vida das pessoas. É o que se faz vencedor pela força bruta, é o indestrutível. Infelizmente, este tipo de vencedor é anunciado adoecida e insistentemente em muitos púlpitos. Quem não se enquadra nesse padrão é rapidamente chamado de "sem fé", amaldiçoado, fraco ou derrotado.

Já, o Vencedor, segundo o Evangelho, é aquele que também sofre, também passa por algum tipo de privação, pode até vencer de alguma forma material, mas sabe discernir entre o momento de rir e o de chorar. Aprende a viver cada um destes momentos reconhecendo que há um Deus que não somente assiste, mas participa com a gente, ao nosso lado, de cada riso ou lágrima e usa essas coisas também como ensino e crescimento para cada um de nós.

Perder ou ganhar, ser fraco ou forte, no entendimento bíblico, não depende do troféu humano, das honrarias, homenagens, recompensas e reconhecimentos que se recebe em vida.

Vencer não tem a ver necessariamente com possuir bens ou ser curado de uma doença terminal. Estas coisas também, mas elas não tratam da essência. Estão na superfície de uma vida muito mais profunda, muito além de ter ou não os seus sonhos e pedidos realizados.

Aqueles que vencem ou venceram, nas Escrituras, perderam o mundo para ganhar a Vida. Alguns foram perseguidos, torturados, mortos, tiveram seus bens espoliados, famílias separadas. A maioria não foi nenhum exemplo de sucesso de empreendedorismo, de força de vontade ou estabilidade emocional. Passaram fome, fugiram, tiveram medo, alguns desistiram ou abandonaram seus projetos e chamados missionários, antes do tempo. Tiveram crises existenciais, ficaram deprimidos, se sentiram enfraquecidos, desejaram morrer mas foram salvos e reencaminhados não por suas próprias forças, mas pela Graça infinita, teimosa e amorosa de Deus. O verdadeiro vencedor é aquele que vence não por ele mesmo, mas vencido, vence em Deus.

O vencedor, segundo as Escrituras, sabe que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, mas nem por isso deixa de se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Vive cada sentimento de forma verdadeira, sem máscaras e consciente.

Nesta vida ainda vamos perder e achar muitas coisas, muitas vezes. Alguns sonhos pessoais jamais serão alcançados, outros virão como que presentes de Deus para nossas mãos. Não se permita ser julgado pelos outros ou pela própria consciência por causa do que você ganha ou deixa de ganhar. O importante é, como diria nosso irmão Paulo, o apóstolo: "quer vivamos ou morramos, somos do Senhor." (Romanos 14.8). Em outras palavras, desta vez, ditas por Jó "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o seu nome." (Jó 1.21).

O sofrimento em si não nos torna derrotados. Podemos, sim, aprender e sermos aperfeiçoados por causa dele. O rótulo é sempre algo imposto de fora pra dentro. Nem sempre expressa uma realidade. Não se auto impute um desmerecimento ou supervalorização falsos. O verdadeiro vencedor aprende a dar nomes às suas responsabilidades, projeta sua esperança não nas coisas que se veem, mas naquelas que são eternas. Assume seus erros, mas também consegue se alegrar com cada pequenino passo em direção à Vida. Sabe perdoar e também pedir perdão. O sofrimento dói, mas nos amadurece, nos ensina a reconhecer o que de fato podemos chamar de vitória.

O Deus que venceu por todos te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Pablo Massolar

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Oração no lugar do olho por olho

Em troca da minha amizade eles me acusam, mas eu permaneço em oração. (Sl 109.4.)

A vontade de atirar pedras em quem nos atiram pedras é enorme. A vontade de pagar o mal com outro mal é enorme. A vontade de adotar a política do "olho por olho, dente por dente" é enorme. Mas nem sempre essa é a melhor estratégia.

O salmista usou um recurso oposto ao da vingança: "Em troca da minha amizade eles me acusam, mas eu permaneço em oração" (Sl 109.4).

É claro que a injustiça tem de ser punida. Mas a vingança não pertence ao homem, e sim a Deus. Naturalmente o salmista conhecia e respeitava por aquela palavra de Deus que aparece no cântico de Moisés: "A mim pertence a vingança e a retribuição. No devido tempo os pés deles [dos inimigos] escorregarão; o dia da sua desgraça está chegando e o seu próprio destino se apressa sobre eles" (Dt 32.35).

A pessoa prejudicada não deve fazer justiça com as próprias mãos. A medida que ela deve tomar é expor a injustiça recebida a Deus e deixar o problema nas mãos dele. Além de desabafar, o que diminui a intensidade da indignação, o injustiçado entende que tomou as providências cabíveis. Nesse tipo de oração, a súplica pode ser assim: "Ó Senhor, Deus das vinganças, resplandece!" (Sl 94.1). Ou, então, "Ó Senhor, Deus vingador, intervém!" (ou "manifesta-te" ou "mostra a tua ira" ou "aparece"). Essa providência evita ira de menos e ira demais e afasta o círculo vicioso da pena de talião.

Ao permanecer em oração, mesmo quando maltratado, o salmista estava se antecipando ao conselho de Paulo: "Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira" (Rm 12.19).

Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos (Editora Ultimato, 2006)

domingo, 29 de julho de 2012

Perdi a Fé!

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16)

Às vezes se ouve essa expressão na boca de pessoas que receberam uma educação religiosa e que, ao chegar na juventude, abandonam todos esses princípios.

Muitos até responsabilizam certos religiosos que lhes mostraram uma deplorável imagem do cristianismo. Em algumas ocasiões, dizem isso com um pouco de nostalgia, como se percebessem que deixaram de lado algo importante.

Que fé se pode perder?

Se se trata de uma adesão intelectual ou sentimental, efetivamente se pode renunciar a ela, da mesma forma como se anula um pedido em um restaurante.

Porém o verdadeiro cristão é uma pessoa em quem Deus fez nascer uma profunda convicção. Mais ainda, que passou por um novo nascimento, o qual trouxe a vida eterna.

Deus declara que a vida que Ele concede é a vida eterna. Por definição, essa vida não poderia ser eterna se fosse possível perdê-la ou interrompê-la.

O Senhor Jesus veio ao mundo para nos dar essa vida. Ele mesmo declarou a respeito dos que a receberam: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão" (João 10:27-28).

"Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho" (1 João 5:11).

Obtemos a vida eterna, a qual ninguém pode nos tirar, por meio do arrependimento e da fé no Senhor Jesus. E essa fé não se pode perder, a menos que ela nunca tenha sido recebida!

Devocional Boa Semente

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dúvida e temores!

Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação. (Salmos 35.3)

Esta agradável oração será a minha súplica de hoje; porém, primeiramente ela deve instruir-me. Davi teve as suas dúvidas. Por que ele haveria de orar: "Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação", se não estava experimentando dúvidas e temores? Preciso sentir-me encorajado, porque eu não sou o único crente que se queixa de falta de fé. Se Davi teve dúvidas, não preciso chegar à conclusão de que não sou crente, visto que também tenho dúvidas. Davi não ficou contente enquanto teve dúvidas e temores. Em vez disso, ele se dirigiu imediatamente ao trono de misericórdia para suplicar a segurança que ele valorizava mais do que o ouro. Eu também preciso buscar um senso permanente de minha aceitação no Amado. Não tenho qualquer alegria quando o amor de Cristo não está transbordando em minha alma.

Davi sabia onde poderia obter segurança completa. Ele se dirigiu ao seu Deus através da oração, clamando: "Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação". Tenho de permanecer sozinho com Deus, se desejo ter um senso evidente do amor de Jesus. Se minhas orações cessarem, meus olhos da fé se tornarão obscuros. Davi não ficaria satisfeito enquanto a sua segurança não tivesse uma origem divina. "Dize à minha alma". Nada menos do que um testemunho divino na alma satisfará o verdadeiro crente.

Além disso, Davi não poderia descansar, a menos que sua segurança tivesse uma personalidade vívida ao seu redor. "Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação". Senhor, ainda que tenhas dito isto para todos os crentes, estas palavras não significam nada, a menos que as digas para mim. Senhor, eu tenho pecado. Nem mesmo ouso pedir-Te, mas dize à minha alma: "Eu sou a tua salvação". Faze-me possuir um indiscutível, infalível e pessoal senso de que eu sou teu e de que tu és meu.

C.H. Spurgeon (1834 - 1892)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Criança faz cada oração!

Num calendário recolhi esta história, de autor desconhecido:

"Levei meus filhos a um restaurante. Meu filho de seis anos perguntou se podia dar graças. Ao orar, ele disse: 'Deus é bom e é maravilhoso. Obrigado pela comida. Ficarei ainda mais agradecido se mamãe nos der sorvete como sobremesa. Amém'. Junto às risadas, uma mulher comentou: 'É isso que está errado com esse país. As crianças não sabem nem rezar. Pedir sorvete a Deus! Nunca vi isso!'. Meu filho rebentou em lágrimas e perguntou: 'Deus está zangado comigo?'. Enquanto o abraçava e lhe assegurava que havia feito uma oração maravilhosa e que Deus não estava zangado com ele, um cavalheiro idoso se aproximou, deu uma piscada para meu filho e disse: 'Deus achou que foi uma grande oração'. 'É mesmo?', meu filho perguntou. 'Dou a minha palavra', o homem respondeu. E sussurrou (indicando a mulher que fez o comentário): 'Que pena! Ela nunca pediu sorvete a Deus. Um pouco de sorvete faz bem para a alma'. Naturalmente pedi sorvete para nós. Meu filho, então, fez algo de que me lembrarei para sempre. Pegou o seu sorvete, caminhou na direção da mulher e o colocou em frente a ela. Com um sorriso, lhe disse: 'É para você. Sorvete às vezes é bom para a alma; e a minha alma já está bastante boa'."

Você tem pedido sorvete a Deus? Ou melhor, suas orações são como as de uma criança? Pois aí está o grande segredo: orar como uma criança. Crianças pedem sorvete a Deus, porque simplesmente acham que tudo vem mesmo de Deus. Ensinamos-lhes assim, e nós mesmos não cremos nisto!

A oração de uma criança é feita na base da dependência completa. Ela sabe que não tem capacidade para obter nada por si mesma. Tudo o que tem, usa e consome é dado por outros. A oração de uma criança é feita na base da confiança irrestrita. Ela crê tranqüilamente que receberá tudo o que pede. E, se não receber, aceita com facilidade a explicação da resposta negativa e supera rapidamente a frustração por não receber. A oração de uma criança não é feita com egoísmo. Ela pede porque sente necessidade ou vontade, mas está sempre pronta a compartilhar o que recebe com os outros.

Jesus disse que para entrar no Reino dos Céus precisamos nos tornar como crianças. Para orar também.

Pr. Sylvio Macri
Pastor da IB Central de Oswaldo Cruz-RJ

sábado, 30 de junho de 2012

Narrativas indígenas similares às da Bíblia

A convivência com povos amazônicos, indígenas da região do Nhamundá-Mapuera e do Alto Rio Guamá, por mais de quatro anos, permitiu ao linguista e narratólogo Álvaro Fernando Rodrigues da Cunha identificar semelhanças "inesperadas" entre as narrativas dos índios e histórias bíblicas do Antigo Testamento. A partir dessa constatação, Cunha realizou cruzamentos entre as narrativas se utilizando de uma ferramenta que ele denominou "Teoria em cruzamento para oralidade e escrituralidade". "Estamos diante de uma nova Teoria para estudos na área de ciências humanas e sociais", garante o pesquisador. "Depois de aprender a língua daqueles povos, percebi similaridades, inclusive temporais, com 17 narrativas bíblicas. Tratando-se de povos isolados e que não possuem escrita com a Bíblia é algo, no mínimo, intrigante", considera o linguista, que defendeu sua tese de doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sobre o tema em questão.

Ele ressalta que no período em que conviveu com os índios, entre 2002 e 2005, eles viviam praticamente isolados da civilização. "Não tenho receio em dizer que as semelhanças podem ser atribuídas a um 'elo perdido'", acredita. Segundo Cunha, as narrativas desses povos que habitam a Amazônia têm muita coincidência com as narrativas bíblicas. "Os relatos estão apenas 'maquiados' por outras versões existentes noutras culturas", relata.

Num período do ano de 2004, Cunha conviveu com os tenetehára que habitam o Alto do Rio Guamá, no ramo Ocidental da Amazônia. Lá também foram encontradas semelhanças com as mesmas narrativas do Antigo Testamento. "Já entre os mawayana, onde convivi por cerca de seis meses, pude constatar 14 narrativas semelhantes", narra o linguista.

As observações e análises de Cunha junto aos índios tiveram início quando ele decidiu descrever em seu estudo de mestrado, também na FFLCH, a fonologia da língua hakitía. Trata-se de uma língua de origem românica falada pela comunidade judaico-marroquina no norte do Brasil. "A origem do idioma é da Península Ibérica e foi mantida na Amazônia, quando judeus chegaram do Marrocos atraídos pelo 'ciclo da borracha', nos séculos 18 e 19", relata o narratólogo.

Mais tarde, já em seu doutorado, Cunha realizou o estudo Narrativa na (língua judaico-marroquina) hakitía, orientado pelo professor Waldemar Ferreira Netto e apresentado no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH. O pesquisador buscava então suas próprias origens. Mas, ao se deparar com as coincidências nas narrativas optou por analisá-las, principalmente porque tem profundo conhecimento do Antigo Testamento.

Os resultados desses estudos constam no livro Teoria de Cruzamento em Oralidade e Escrituralidade, recentemente publicado. "Quando afirmo se tratar de uma nova teoria é porque as análises convencionais são, basicamente, unilaterais. Em meu estudo utilizei cruzamentos redefinindo o Etos [traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros], o que nos fez entender melhor as realidades das narrativas", descreve o linguista.

Outro fato relevante foi a questão da temporalidade das narrativas. "Em geral, as narrativas indígenas eram localizadas nas mesmas épocas das narrativas bíblicas", conta Cunha. Ao questionar os índios sobre onde aprenderam as histórias, todos diziam ter aprendido com seus antepassados.

"Os Tenetehára contam que havia um povo perseguido e outro perseguidor. O povo perseguido só poderia passar para o outro lado do rio (igarapé) se soubesse pronunciar, com exatidão, a palavra 'pirá' (peixe), na língua dos perseguidores (mawayana)", exemplifica o linguista. "À medida que os índios perseguidos enfileiravam-se para atravessar o rio (igarapé), os tenetehára lhes perguntavam como se falava a palavra 'peixe'. Os perseguidos pronunciavam 'birá', em vez de 'pirá'. Só neste dia os tenetehára mataram toda a tribo dos perseguidos", descreve. Segundo Cunha, trata-se da mesma história bíblica de Juízes 12:5 e 6 - "Então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia: Sibolete; porque não o podia pronunciar bem; então pegavam dele, e o degolavam nos vaus do Jordão; e caíram de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil."

O linguista afirma que a teoria aplicada em seu estudo pode ser ferramenta útil para as ciências humanas e sociais descreverem e entenderem mais profundamente a noção de cultura, hábitos fundamentais, comportamento, valores, ideias e crenças característicos de uma determinada coletividade, época ou região. "A teoria pode ser aproveitada em outras áreas do conhecimento como direito, psicologia, jornalismo, história, geografia, antropologia, dentre outras. O próximo passo é saber quais as astúcias que as narrativas orais escondem de nós", conclui.

Nota: Por que evitam ir às últimas consequências e perguntar de onde teriam vindo essas narrativas semelhantes? Se fosse um ossinho fossilizado, com certeza inventariam dezenas de hipóteses. E o que dizer dos relatos do dilúvio universal encontrados em mais de 200 culturas espalhadas pelo mundo, e que coincidem em detalhes mínimos? A tradição adâmica também é evidência de um relato original que se espalhou e foi preservado nas culturas - muitas das quais há muito tempo isoladas. Dizer que todas essas narrativas convergentes se tratam de mitos dos povos é forçar demais a barra. Pelo visto, os evolucionistas que negam a historicidade dos relatos bíblicos terão que revisar seus preconceitos.

[Criacionismo]

terça-feira, 26 de junho de 2012

Confesse

Se a lepra cobriu toda a sua carne, declarará limpo o que tem a mancha - Levítico 13.13

Esta norma parece estranha, mas continha sabedoria, visto que a expulsão da enfermidade comprovava que a constituição do homem estava saudável. Neste dia, seria bom para nós vermos o ensinamento característico de uma regra tão incomum. Também somos leprosos e podemos ler as leis referentes ao leproso como aplicáveis a nós mesmos. Quando um homem vê a si mesmo como um pecador totalmente perdido e arruinado, completamente coberto com a profanação do pecado; quando renuncia toda justiça própria e se declara culpado diante do Senhor, então, ele é purificado por meio do sangue de Cristo e da graça de Deus.

A iniqüidade escondida, não reconhecida, não confessada é a verdadeira lepra; mas quando o pecado é visto e reconhecido, ele recebe o seu golpe mortal, e o Senhor contempla com olhos de misericórdia a alma afligida pelo pecado. Nada é mais letal do que a justiça própria, nem mais esperançoso do que a contrição. Temos de confessar que não somos nada, exceto pecadores, pois nenhuma confissão aquém desta corresponde a toda a verdade. Se o Espírito de Deus está agindo em nós, convencendo-nos de pecado, não haverá dificuldade em fazermos esse reconhecimento. Ele fluirá espontaneamente de nossos lábios.

O pecado lamentado e confessado, embora grave e infame, nunca impedirá que um homem venha ao Senhor Jesus. Todo aquele que vem a Jesus, Ele não o lançará fora, de maneira alguma (ver João 6.37). Embora desonesto como o ladrão, imoral como a pecadora que ungiu os pés de Jesus, furioso como Saulo de Tarso, cruel como Manasses, ou rebelde como o filho pródigo, o grande coração de amor olhará para o homem que sente não possuir em si mesmo qualquer justiça e o declarará limpo, quando ele confiar em Jesus crucificado. Ó pecador sobrecarregado de pecados e desamparado, venha a Jesus. Venha necessitado, venha culpado, venha repugnante e despido. Não é possível que você venha sujo demais; venha assim como você está.

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

domingo, 17 de junho de 2012

A Escritura Sagrada tem sido tudo para você?

Quantas vezes, desde sua conversão, a Escritura Sagrada tem sido tudo para você! Imagino que você teve seus ataques de desânimo: você não foi restaurado pelo precioso alimento da promessa do Deus Fiel? Um texto da Escritura acolhido no coração rapidamente desperta o débil coração. Os homens falam de líquidos que reavivam os espíritos, e de tônicos que fortificam o físico; mas, vezes sem-fim, a Palavra de Deus tem sido mais do que isso para nós. A Palavra do Senhor nos preserva em meio a cruciantes e fortes tentações e ferozes e amargas provações. Em meio a desalentos, que diminuem nossa esperança, e desapontamentos, que ferem nosso coração, sentimo-nos fortes para fazer e suportar, porque as garantias de socorro que encontramos na Bíblia nos nutrem com energia secreta, invencível.

Irmãos, temos tido experiência da elevação que a Palavra de Deus pode dar - elevação em direção a Deus e ao céu. Se você estuda livros que se opõe àquele inspirado, será que não está consciente de que isso leva ao declínio? Conheci algumas pessoas para as quais tal leitura tem sido como um vapor pestilento, cercando-os com o frio da morte. Além disso, acrescente-se que deixar de ler a Bíblia, mesmo para fazer um estudo minucioso de bons livros, em pouco tempo acarreta um abatimento consciente da alma. Você ainda não descobriu que mesmos livros agradáveis podem ser como uma planície sobre a qual olha para baixo, em vez de aspirar ao cume? Há muito tempo você ultrapassou o nível deles e ao lê-los não chegará mais alto: é inútil gastar um tempo precioso debruçado sobre eles. Será que foi sempre assim com você e o Livro de Deus? Alguma vez, você se levantou acima do mais simples ensinamento dele, e sentiu que ele tinha a tendência de levá-lo ao declínio? Nunca! À medida que sua mente se torna saturada com a Santa Escritura, você fica consciente de ser imediatamente elevado e conduzido para cima, como se estivesse sobre asas de águias.

Poucas vezes você desce de uma leitura solitária da Bíblia sem sentir que se aproximou de Deus. Digo solitária, pois o perigo de ler com outras pessoas é que os comentários sem interesse possam ser como moscas no pote de ungüento. O estudo da Palavra com oração não é apenas um meio de instrução, mas também um ato de devoção no qual o poder transformador da graça é muitas vezes exercido, nos mudando à imagem daquele em quem a Palavra é espelhada. Por fim, será que há algo que seja como a Palavra de Deus quando livros abertos encontram corações abertos? Quando leio sobre as vidas de homens tais como Baxter, Brainerd, McCheyne e muitos outros, eu me sinto como alguém que se banhou em algum riacho fresco depois de ter feito uma viagem através de um campo árido que o deixou empoeirado e deprimido; e isso é resultado do fato de que tais homens incorporaram a Bíblia em suas vidas e a ilustraram em sua experiência.

O lavar-se pela Palavra foi o que eles tiveram, e é o que nós precisamos. Precisamos obter isso no lugar em que eles o encontraram. Ver os efeitos da verdade de Deus nas vidas de homens santos confirma a fé e estimula a aspiração santa. Não há outras influências que nos ajudem a chegar a tão sublime ideal de consagração. Se você ler os livros babilônicos de hoje, alcançará o espírito deles, e é um espírito estranho que o desviará do Senhor seu Deus. Você também pode sofrer grande dano com sacerdotes que têm a pretensão de falar o dialeto de Jerusalém, mas metade de sua mensagem é de Asdode: eles confundirão sua mente e profanarão sua fé. Pode acontecer que um livro que em seu todo seja excelente, com poucas máculas, possa lhe fazer mais mal do que um completamente mau. Cuide-se, obras dessa natureza são lançadas como nuvens de gafanhotos.

Quase não se pode achar nesses dias um livro que seja inteiramente isento do levedo moderno, e a menor partícula dele fermenta até produzir o erro mais insano. Ao ler livros da nova ordem, embora possa não aparecer nenhuma mentira palpável, você fica consciente de estar recebendo uma distorção e um declínio no tom de seu espírito, portanto, esteja alerta. Mas com a Bíblia você sempre pode estar descansado; ali todo sopro de cada direção traz vida e saúde. Se você se conserva próximo do livro inspirado, não sofrerá mal algum; ao contrário, estará no manancial de todo bem moral e espiritual. Isso é alimento adequado para homens de Deus: é o pão que nutre a vida mais elevada.

C.H. Spurgeon (1834 - 1892)

sábado, 9 de junho de 2012

O Amor Leal

HESED

No Antigo Testamento, hesed é uma palavra teológica central. É um atributo-chave na autodescrição do Senhor em Êxodo 34.6-7; e, conforme Miquéias 6.8, é uma obrigação colocada sobre todo o povo de Deus. No entanto, por não haver um termo exato para expressar a ideia em outros idiomas, alguns tradutores bíblicos tiveram dificuldade para traduzi-la com precisão. Em várias versões, ela aparece como "benignidade", "fidelidade", "misericórdia", "bondade", "lealdade" e "amor firme". Em seguida, exploraremos como amor e lealdade se combinam nesta palavra única.

Normalmente, hesed descreve algo que acontece dentro de um relacionamento existente, quer seja entre seres humanos, quer seja entre Deus e o homem. Nos relacionamentos humanos, hesed significa amar nosso próximo, não apenas em termos de sentimentos emocionais calorosos, mas também em atos de amor e serviço que devemos à outra pessoa apenas porque ela faz parte da comunidade da aliança. O povo de Deus tem de praticar a justiça, amar a hesed e andar humildemente com o seu Deus (Mq 6.8).

Um exemplo disso que redefine profundamente o limite da comunidade de obrigação é a parábola que nosso Senhor contou sobre o bom samaritano (Lc 10.30-37). Um bom vizinho tinha a obrigação de ajudar um membro da comunidade que estava em problemas. Contudo, esta obrigação de mostrar hesed foi rejeitada pelo sacerdote e pelo levita que passaram de largo do homem ferido. Na ocasião, o verdadeiro próximo foi o samaritano que "usou de misericórdia" para com o estranho (v. 37). Não coincidentemente, a palavra grega que significa "misericórdia" é a mesma que foi usada para traduzir hesed no Antigo Testamento grego.

Hesed também pode descrever lealdade de uma pessoa às obrigações para com Deus. Isso inclui ações fiéis para com os outros membros da comunidade da aliança; pois, como podemos dizer que amamos o nosso Senhor da aliança, se ignoramos os seus mandamentos de amar nossos irmãos (1 Jo 4.20)? A pessoa que é hasid (de hesed) é leal ao seu Deus e roga ao Senhor que lhe mostre fidelidade similar em retorno (Sl 4.4; 32.6). Por isso, o nome hasidim tem sido atribuído aos judeus mais austeros no judaísmo contemporâneo.

No entanto, o uso mais precioso da palavra hesed no Antigo Testamento é uma descrição do que Deus faz. Havendo entrado em um relacionamento de aliança com seu povo, Deus se comprometeu a agir para com eles de certas maneiras. E Deus é totalmente fiel ao seu compromisso pessoal.

Salmos 136 explora o que a hesed do Senhor significa em seus termos mais amplos, pois cada verso termina com as palavras: "Sua hesed dura para sempre". Por causa da hesed do Senhor, ele criou o universo e o governa diariamente por meio de sua providência (Sl 136.5-9, 25). Por causa da sua hesed para com Israel, ele os redimiu do Egito e os trouxe, através do mar Vermelho e do deserto, à Terra da Promessa. Por essa mesma razão, ele lançou os egípcios no mar e destruiu os reis cananeus diante dos israelitas (vv. 11-21). Tanto a libertação por parte do Senhor como a destruição dos inimigos de Israel são aspectos da fidelidade do Senhor à sua promessa de fazer de Abraão uma grande nação, de abençoar os que o abençoassem e de amaldiçoar os que o amaldiçoassem (Gn 12.1-3).

Mesmo quando o povo de Deus peca contra ele e sofre as consequências de seu pecado, eles podem ainda apelar à heseddo Senhor, como o fez o escritor de Lamentações em meio à destruição de Jerusalém, em 586 a.C. Cercado pela evidência da fidelidade do Senhor em julgar a impiedade, a rebelião e o pecado, o profeta se lança sobre o imutável caráter de Deus, afirmando: "A hesed do Senhor nunca cessa; suas misericórdias nunca chegam ao fim; elas se renovam cada manhã; grande é a tua fidelidade" (Lm 3.22-23).

Em Salmos 23.6, o salmista declarou que o Senhor a bondade e a hesed do Senhor o seguiriam todos os dias da sua vida. A palavra seguir descreve normalmente a ação de exércitos de pilhagem e maldição da aliança, mas o salmista estava convencido de que, em vez da maldição da aliança que ele merecia, o amor e a bondade fiel do Senhor o seguiriam incansavelmente.

A plenitude da hesed do Senhor é vista na cruz. Ali, o verdadeiro hasid, o próprio Jesus Cristo - o único homem que foi verdadeiramente leal ao Senhor e ao seu próximo em todos os aspectos da vida -, foi tratado como um transgressor da aliança e amaldiçoado pelo pecado, para que nós, que somos infiéis, fôssemos vestidos de sua fidelidade e redimidos. Desta maneira, o propósito da aliança original de Deus - ter um povo para o seu louvor - se cumpriu fielmente.

A hesed do Senhor nunca nos abandonará. Em meio às aflições e tragédias da vida, podemos clamar ao nosso Deus amoroso, na confiança de que nada, em toda a criação, pode jamais nos separar do amor leal que nos escolheu antes de existir tempo, que está nos santificando no presente e nos levará fielmente ao nosso lar eterno (Rm 8.28-30).

Dr. Iain Duguid

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O que eu devia ter dito, mas não disse!

Certa vez em uma reunião de oração, a qual um amigo dirigia, ouvi uma mulher "agradecer" que havia pedido a Deus uma máquina de lavar e então conseguiu o dinheiro para comprá-la e comprou uma de 8 Kg, porém quando deixaram a máquina na casa dela, verificou que havia uma de 18 Kg. Para ela aquilo tinha sido uma benção de Deus, que a deu "além do que havia pedido", pois "como ninguém da empresa entrou em contato, então ela não podia fazer nada".

Nesta mesma reunião tive a oportunidade de falar e devia ter dito isto: Se por acaso você tivesse uma unha encravada e quando o médico fosse extraí-la, amputasse seu pé, você entenderia isso como sendo a mão de Deus? Acho que não, então porque considerar erros que nos beneficiam como se fossem?

Ao lermos o livro de Jó encontramos a seguinte declaração, após ter tomado conhecimento que havia perdido todos os bens e filhos: "Receberia apenas os bens de Deus e não os males?". Incrível,afinal este homem estava disposto a receber bem ou mal que viessem da parte de Deus, o que me leva a considerar que ele rejeitaria qualquer bem ou mal que não viesse de Deus! Logo, para Jó não importava tanto o bem ou no mal, mas aquele que segundo Nietzsche está "acima do bem e do mal": DEUS (em nenhum momento Nietzsche faz referência a Deus em seu livro, apenas tomei emprestado o título do livro para referir-me a Deus).

A senhora não considerou o fato de que esse erro que a faz receber uma máquina com o dobro da capacidade que havia comprado poderá ocasionar o desconto do valor do erro no salário do empregado que o cometeu ou até mesmo seu desemprego, afinal a empresa ou a loja não irá aceitar perda nenhuma.

Então como posso considerar uma benção de Deus aquilo que possivelmente prejudicará alguém e se este alguém tiver dependentes, até estes serão prejudicados, visto que poderá afetar o aluguel, a feira, as fraudas, os compromissos à pagar etc.

Penso que a senhora deva ir pessoalmente a loja ou entrar em contato por telefone e explicar o que ocorreu, que comprou uma máquina de 8, mas recebeu outra de preço superior ao que pagou e queria fazer a devolução. Acredito que esta atitude seja uma benção de Deus para alguém que a senhora talvez não conheça, mas que por sua ação será abençoado, pois "abençoar compete a Deus, mas ser uma benção diz respeito a nós".

José Bruno Pereira Dos Santos

domingo, 27 de maio de 2012

O presente do Evangelho

Jason sentou à minha frente com a cabeça baixa e os ombros largados, características de um homem confuso e desapontado. Não é que a vida de Jason fosse uma triste narrativa de sofrimento pessoal. Claro, ele já havia enfrentado situações difíceis, mas foram apenas situações típicas que são enfrentadas quando se vive em um mundo perturbado pelo pecado. Não é como que Jason fosse alienado e sem amigos. Ele estava cercado por um grupo de amigos menos que perfeitos, mas ainda assim muito fiéis. Não é como se Jason fosse pobre ou sem teto. Não, ele tinha um emprego comum e uma casa razoável.

O problema de Jason é que ele estava perdido em meio à sua própria fé. Estava cada vez mais difícil para ele conectar a beleza do que acreditava com as realidades duras e muitas vezes difíceis de sua vida diária. O problema de Jason é que ele carregava consigo um evangelho que tinha um grande furo bem no meio.

Jason saberia te explicar o que significava dizer que ele havia sido "salvo pela graça", e ele sabia que passaria toda a eternidade com seu Salvador. O problema era o presente, o aqui e o agora. Dia após dia, situação após situação e relacionamento após relacionamento, Jason não levava consigo o sentido prático e vibrante do presente da graça de Jesus Cristo. Sim, Jason acreditava na vida após a morte, mas ele precisava desesperadamente entender a vida antes da morte; aquele tipo radical de vida que você vive quando entende o que Cristo te deu, a vida para qual ele te chamou para viver aqui e agora.

Deixe-me sugerir quatro aspectos críticos do presente do evangelho (existem mais) para os quais Jason parecia estar cego.

1. A Graça vai destruir o que você pensa de si mesmo, enquanto te dá uma segurança quanto à identidade que você nunca teve. A graça vai expor o seu pecado, mas não te deixará sem identidade. A graça libertou Jason, mas ele não sabia disso, ou não vivia como se soubesse. Não só ele havia sido perdoado e capacitado, mas agora ele também tinha uma nova identidade. Jason estava livre de buscar em si mesmo a sua identidade. Ele não precisava mais manter um histórico de erros e acertos, ou do tamanho dos problemas que enfrentava.

Seu potencial era tão grande quanto a graça de Cristo. Ele estava livre de buscar em seu exterior a sua identidade. Ele não precisava mais buscar uma identidade nos relacionamentos, posses ou aquisições. Jason estava livre de procurar horizontalmente o que já havia recebido verticalmente.

Sua identidade não estava mais embasada no que ele poderia merecer ou alcançar, mas no que ele havia recebido de Cristo. O problema era ele não saber disso, então vivia em uma constante busca por significado e propósito, procurando por identidade em coisas onde jamais poderia encontrar.

2. A graça vai expor os pecados mais profundos do seu coração, mas cada falha sua com o sangue de Jesus. Jason não precisava mais inventar desculpas, negar, racionalizar ou minimizar seu pecado. Ele não precisava mais exercitar seu advogado interior quando alguém apontava algum erro seu. Por causa da cruz de Jesus, Jason podia admitir sua fraqueza e seu fracasso perante um Deus santo e não ter medo disso. E se um Deus santo havia lhe aceitado como ele era, por que Jason iria temer a opinião dos outros?

Jesus tomou sobre si a rejeição destinada a Jason para que ele não precisasse ver Deus pelas costas. A graça libertou Jason da necessidade de provar para Deus, para si mesmo e para os outros a sua justiça. A esperança e a segurança de Jason não estavam mais em sua própria justiça, mas na justiça dada a ele por meio de Cristo. O problema é que ele não sabia disso, então oscilava entre o medo e o orgulho, vivendo de desculpas auto-justificantes e de defender-se perante os outros.

3. A graça te faz perceber o quanto você é fraco, enquanto te abençoa com um poder além da sua imaginação. A graça de fato requer que você admita o quão fraco você é, mas ela não te deixa aí. A cruz não apenas lida com a culpa do pecado, mas com a própria capacidade de pecar ou não. Nesse mundo destruído cheio de dificuldades e constantes tentações, Jason se sentia fraco e despreparado, e assim vivia mais com medo e se escondendo do que esperançoso e com coragem.

Jason não apenas recebeu perdão, ele foi cheio de poder; poder além da sua imaginação (Efésios 3.20,21). O problema é que Jason não sabia disso, então ele sucumbia às coisas que ele tinha poder para vencer e evitava coisas que ele tinha o poder para conquistar.

4. A graça vai tirar o controle de suas mãos, enquanto te abençoa com o cuidado dAquele cujos planos não mudam e são totalmente perfeitos. Jason tinha algum tipo de crença distante na soberania de Deus, mas de uma forma totalmente afastada de sua vida diária. Ele vivia como se não tivesse a mínima idéia de que Jesus estava sobre controle de todas as coisas para o seu bem (Efésios 1.20-23). Assim, Jason estava constantemente tendo que lidar com a frustração de tentar controlar pessoas e outras coisas sobre as quais tinha pouco ou nenhum poder para fazê-lo.

Ele gastava muito tempo calculando os "e se?" e se remoendo pelos "talvez se". Ele parecia não saber que sua segurança e descanso não seria encontrados em sua habilidade de prever o futuro e controlar o presente, mas no amor fiel e na grande sabedoria de seu Salvador soberano, Jesus, logo, sua vida era muito mais de ansiedade do que de descanso.

Como você pode ver, Jason não precisava de mais graça. Não, ele apenas precisava entender e viver sob a luz da graça que ele já havia recebido.  Jason estava com amnésia da graça, e assim vivia como se fosse pobre, quando a graça já o havia feito excepcionalmente rico. Ele vivia como se fosse fraco, quando a graça o havia feito forte. Ele vivia como se a vida não tivesse um plano, quando ele já havia sido incluído nos planos inalteráveis do Deus da graça redentora.

Jason carregava um evangelho com um imenso buraco bem no meio e, por causa disso, não vivia a liberdade, a beleza e a segurança que já havia recebido aqui e agora. E você?

Paul Tripp (traduzido por Filipe Schulz)

sábado, 19 de maio de 2012

Educando suas crianças no poder do Evangelho

"Eu sinto que estou criando pequenos hipócritas". Muitos pais temem que seus filhos, uma vez que lhes ensinaram formas adequadas de  comportamento, crescerão como crianças bem comportadas, mas sem o senso da necessidade da graça.

O problema da hipocrisia é maior em lares  que enfatizam o comportamento ao invés do coração. Se o foco da disciplina e da correção é a mudança de comportamento, você perderá o coração. Essa abordagem faz com que o problema esteja no que eu faço, não no que eu sou.

De acordo com a Bíblia, o problema que temos é mais profundo que isso. O problema não está no que eu e você ou seus filhos fazem de errado. O problema não é que nós / eles mentem ou invejam, ou desobedecem. O problema é que você, seus filhos e eu somos mentirosos, invejosos; somos desobedientes.

Pergunte a si mesmo: Um homem é um ladrão porque ele rouba, ou ele rouba porque ele é um ladrão? Ele é um mentiroso porque ele mente, ou ele mente porque é um mentiroso? A resposta da Bíblia é que ele rouba porque ele é um ladrão, mente por ser um mentiroso, desobedece por ser desobediente. Este é o testemunho da Bíblia. "Desde o nascimento os ímpios se desviam, desde o ventre são rebeldes e falam mentiras." (Salmo 58.3).

Alguém, às vezes, poderá perguntar: "Que tal abordar o comportamento que está errado dizendo-lhes para fazer melhor. Isso não faria parte de ser um bom pai?" A resposta, claro, é que tratar o coração não significa que você não tratará o comportamento, isso apenas lhe diz como abordar com o comportamento. Uma vez que o comportamento é o motivado pelo coração, eu tenho de  falar do comportamento de forma que foque a mudança do coração e não simplesmente a mudança de comportamento.

Esta verdade pode ajudá-lo a manter o centro  do evangelho na correção e disciplina. Você deve ajudar seus filhos a ver os problemas ocultos do coração que estão por trás das coisas erradas que eles fazem. Você terá conversas como esta:

- Filhinho, você sabe que eu estou preocupado que você mentiu para mim. Dizer a verdade é algo que é muito importante nas relações humanas. Se você não pode confiar em mim e eu não posso confiar em você, nós não temos nenhuma cola para manter nossa relacionamento. Você entende o que estou dizendo?

- "Sim" -  ele diz, balançando a cabeça.

- Mas você sabe o que me preocupa ainda mais?

- Não.

- Minha maior preocupação com você é que você é justamente igual a mim. Nós mentimos porque achamos que contar uma mentira será melhor do que dizer a verdade. E, às vezes,  nós amamos mais a nós mesmos do que amamos a Deus. É por isso que contamos mentiras.

É por isso que Jesus veio. Se a nossa necessidade era de alguém nos dizer o que fazer, Deus apenas teria enviado um profeta. O problema que temos é tão grande que só saber o que devemos fazer não é suficiente. Precisamos de um Salvador do nosso pecado e precisamos de alguém que tenha poder para nos livrar.

Se você tiver uma criança precoce, a conversa poderia ser assim:

-  Você nunca contou uma mentira, papai?

- Bem, filhinho, há muitas maneiras de mentir. Podemos, às vezes, contar uma mentira fazendo alguém pensar algo sobre nós que não é verdade. Por isso, sim, às vezes, o papai conta uma mentira. Então, sabe o que eu preciso fazer?

- O quê?

- Eu preciso confessar o meu pecado a Deus. Deus diz que Ele vai nos perdoar. (1 João 1.9). E eu também tenho de pedir perdão a quem eu menti. E eu preciso pensar em quem eu estava amando mais do que Deus quando eu menti, e assim posso confessar esse pecado também. Sabe de uma coisa, filhinho? Eu preciso de Deus todos os dias, tanto quanto você. Eu preciso do Seu perdão. Eu preciso dEle para me mudar por dentro, e assim eu O amarei mais que tudo. Eu preciso de Seu poder para amá-Lo e aos outros mais do que eu me amo.

Cada oportunidade de corrigir o seu filho é uma oportunidade para confrontá-lo com a sua profunda necessidade de perdão e graça. Enquanto o comportamento for a sua prioridade você nunca terá espaço para compartilhar o que realmente importa: a esperança e o poder do evangelho. Se os seus filhos forem como cãezinhos adestrados eles se tornarão pequenos fariseus, limpos por fora e sujos por dentro.

Tedd Tripp (traduzido e gentilmente cedido por Charles Grimm)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Onde o Céu começa

Li, no adesivo de um carro, uma frase muito interessante: "O céu começa em casa". Logo pensei: se para alguns "O Céu começa em casa", para outros é lá que o inferno tem início. Penso que um lar com Jesus é Céu, mas uma casa sem Ele é inferno.

A Bíblia diz que "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam..." (Salmos 127.1). Muitos querem edificar seus lares nas areias movediças da autossuficiência, de tradições familiares ou religiosas, do velho ou novo moralismo etc. Se esquecem de que todo esforço neste sentido é vão, e que somente é possível ter uma família equilibrada, sadia e firme diante das intempéries se ela estiver firmada na base sólida da Palavra de Deus.

A Bíblia é o manual para a formação de famílias saudáveis. Ela tem orientações para o esposo, a esposa, pais, filhos etc. Ela transmite valores eternos e quem fizer caso deles será bem sucedido. Podemos parafrasear assim o Salmo primeiro, versos 1, 2 e 3: "Bem-aventurada é a família que não vive segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará".

Sabemos que Satanás tem se esforçado para desfazer a Obra de Deus, e sua maior estratégia é destruir a família. Ele tenta afastar seus membros da presença de Deus, usando todos os meios possíveis, inclusive a mídia, para propagar valores invertidos. Traição, desobediência, rebeldia, desrespeito, inveja, ódio, violência, pornografia, ridicularização dos valores bíblicos, heterofobia, são apenas alguns ingredientes dos enredos de filmes, novelas e programas de auditórios da TV que entram nos lares e minam as colunas que dão firmeza às famílias. Às vezes de forma imperceptível, devagar, o pecado vai entrando e, quando se percebe, o estrago está feito.

Muitas lutas podem ser travadas nos lares, podendo ser motivadas por desvio dos cônjuges, brigas, consumo de álcool e drogas, consumismo, má administração do tempo, escassez de saúde, desemprego, falta de dinheiro etc. A família sem Jesus estará vulnerável a todas estas coisas, bem como propícia ao esfacelamento.

Se você quer que "O Céu comece em sua casa", precisa viver e ensinar os valores bíblicos em seu lar. Seus ensinos e seu exemplo terá papel poderoso e determinante na influência positiva da sua vida sobre os demais membros de sua família.

Pr. Cleber Montes Moreira

www.leiabiblia.webnode.com.br

domingo, 6 de maio de 2012

O Sangue da Aspersão

"Mas chegastes ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel." (Hb 12:22-24)

LEITOR: chegaste ao sangue da aspersão? A pergunta, não é, se tu chegaste ao conhecimento de doutrinas ou à observância de cerimónias, ou a certa forma de experiência, mas sim, se tu chegaste ao sangue de Jesus. O sangue de Jesus é a vida de toda a piedade vital. Se tu, na verdade, chegaste a Jesus, é porque o Espírito Santo amavelmente te conduziu ali. Chegaste ao sangue da aspersão sem méritos da tua parte. Culpado, perdido, desvalido, aproximaste-te para receber aquele sangue, e somente aquele sangue, como tua eterna esperança. Chegaste-te à cruz de Cristo, com um coração dorido e tremente; e, oh! Quão precioso foi ouvir a voz do sangue de Jesus. O gotejamento do Seu sangue é como a música do Céu para os filhos penitentes da terra. Nós estamos cheios de pecados, mas o Salvador manda-nos elevar os nossos olhos para Ele, e enquanto contemplemos as suas feridas sangrentas, cada gota de sangue que cai, clama: "Consumado é; terminei com o pecado; consegui justiça eterna." Oh linguagem maviosa do precioso sangue de Jesus! Se tu te chegaste ao sangue uma vez, tu chegar-te-ás constantemente a ele. A tua vida será: "Olhando para Jesus." A tua norma de conduta resumir-se-á nisto: "Para quem estou indo." Não para quem eu tenho ido, mas para quem eu sempre estou indo. Se tu tiveres ido alguma vez ao sangue da aspersão, sentirás necessidade de ir a ele todos os dias. Aquele que não deseja lavar-se nele todos os dias, é porque nunca foi lavado. O crente considera sempre um gozo e um privilegio o haver constantemente uma fonte aberta. As experiências passadas são para o Cristão alimento duvidoso; só uma presente vinda a Cristo nos pode dar gozo e consolação. Que nesta manhã asperjamos de novo os umbrais das nossas portas com sangue, e depois banqueteemo-nos com o Cordeiro, seguros de que o anjo destruidor nos passará ao lado.

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

domingo, 29 de abril de 2012

O Estranho

Alguns anos depois que nasci, meu pai conheceu um estranho, recém-chegado à nossa pequena cidade.

Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com este encantador personagem e, em seguida, o convidou a viver com nossa família. O estranho aceitou e desde então tem estado conosco.
Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.

Meus pais eram instrutores complementares: minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer. Mas o estranho era nosso narrador. Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.

Ele sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber, de política, história ou ciência. Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro! Levou minha família ao primeiro jogo de futebol. Fazia-me rir, e me fazia chorar.

O estranho nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava. Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nós ficava escutando o que tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para ter paz e tranquilidade. (agora me pergunto se ela teria rezado alguma vez, para que o estranho fosse embora).

Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas o estranho nunca se sentia obrigado a honrá-las. As blasfêmias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossa casa… nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um que nos visitasse. Entretanto, nosso visitante de longo prazo usava sem problemas sua linguagem inapropriada, que às vezes queimava meus ouvidos, fazia meu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar.

Meu pai nunca nos deu permissão para ingerir álcool. Mas o estranho nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente.

Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e que os charutos e os cachimbos fossem distinguidos.

Falava livremente (talvez demasiadamente) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes evidentes, outras sugestivos, mas geralmente vergonhosos. Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência pelo estranho. Repetidas vezes o criticaram, mas ele nunca fez caso aos valores de meus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar.

Passaram-se mais de cinquenta anos desde que o estranho veio para nossa família. Desde então ele mudou muito, já não é tão fascinante como era ao principio. Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais, ainda o encontraria sentado em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia...

Seu nome?

Nós o chamamos Televisão...

Nota: Agora "ele" tem uma esposa que se chama computador, um filho que se chama celular e uma irmã chamada Facebook!

Não permita que "o estranho" eduque seus filhos e substitua você na formação moral deles, nem que suas crianças cresçam achando mais importante a família mostrada na TV do que a sua própria família.

domingo, 22 de abril de 2012

Evitando grande número de enganos

É proveitosa a leitura da Bíblia que inclui a compreensão do significado espiritual, a penetração no sentido bíblico e a descoberta da Pessoa divina, que é o significado espiritual, pois aqui nosso Senhor diz: "Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não holocaustos, não teríeis condenado a inocentes". Se chegarmos a entender a Palavra de Deus, seremos impedidos de cometer grande número de enganos, e, entre outras boas coisas, não condenaremos os inocentes.

A leitura diligente da Palavra de Deus freqüentemente gera vida espiritual. A nova vida é recebida através da Palavra de Deus; é o instrumento usado por Deus na regeneração. Ame a sua Bíblia, portanto. Não se afaste dela. Se você está buscando ao Senhor, seu primeiro dever é crer no Senhor Jesus Cristo; mas quando está abatido e nas trevas, ame a sua Bíblia, e examine-a... Tenha a Bíblia ao lado de sua cama, e, ao despertar pela manhã, se for cedo demais para andar pela casa e acordar a família, aproveite uma meia-hora de leitura, ainda no quarto. Ore: "Senhor, guia-me até àquele texto que será uma bênção. Ajuda-me a compreender como eu, um pobre pecador, posso ser reconciliado contigo". Lembro-me de quando eu, ao buscar o Senhor, recorria à minha Bíblia, e aos seguintes livros: Convite Para Viver, de Baxter (Editora Fiel), Um Guia Seguro para o Céu, de Alleine (PES), e Ascensão e Progresso, de Doddridge, porque dizia a mim mesmo: "Temo estar perdido, mas vou saber por quê. Temo que nunca acharei a Cristo, mas não será porque não O procurei". Aquele medo me atormentava, mas falei: "Vou achá-Lo, se Ele pode ser encontrado. Lerei. Pensarei". Nunca houve uma alma que, ao buscar sinceramente a Jesus, na Bíblia, não chegasse à verdade preciosa de que Cristo estava bem perto e acessível; que Ele realmente estava presente, só que ela, pobre criatura cega, estava tão confusa que simplesmente não conseguia vê-Lo naquele momento. Apegue-se às Escrituras. Elas não são Cristo, mas são a estrada que leva até Ele. Siga fielmente a orientação delas.

Depois de receber a regeneração e a nova vida, continue lendo, pois será um consolo para você. Você perceberá melhor aquilo que o Senhor tem feito em seu favor. Você ficará sabendo que está redimido, adotado, salvo, santificado. Metade dos erros do mundo inteiro surgem porque as pessoas não lêem as suas Bíblias. Pode alguém pensar que nosso Senhor deixaria perecer um de seus filhos amados, depois de ter lido um texto tal como este: "Eu lhes dou [às minhas ovelhas] a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão"? Quando leio estas palavras, tenho certeza da perseverança final dos santos. Leia, portanto, a Palavra, e ela será motivo de grande consolo para você.

Servirá para nutri-lo, também. É seu alimento, além de ser sua vida. Examine-a, e será fortalecido no Senhor e na força do seu poder.

Ela servirá também de orientação. Tenho certeza que aqueles que vivem mais corretamente são aqueles que se mantêm mais perto do Livro. Freqüentemente, quando você não sabe o que fazer, verá um texto, como se saltasse de dentro do Livro, dizendo: "Siga-me". Às vezes, tenho visto uma promessa lampejar diante dos meus olhos, assim como uma propaganda fluorescente brilha no alto de um edifício. Ao abrir a Bíblia, uma frase ou um princípio se realça de imediato. Já vi um texto bíblico arder assim, como chama, até penetrar na minha alma; fiquei ciente de que se tratava da palavra que Deus dirigiu a mim, e prossegui pelo caminho, regozijando-me.

Você receberá mil ajudas daquele Livro maravilhoso, se ao menos o ler; isso porque, ao entender melhor as palavras, você dará mais valor a ele, e, no decorrer dos anos, o Livro crescerá juntamente com você, e ficará sendo o manual de devoções do idoso, assim como antes era um livro de histórias para criança. Sim, sempre será um Livro novo - uma Bíblia tão nova, como se tivesse sido impressa ontem e como se ninguém tivesse visto uma só palavra dela até agora; e será tanto mais preciosa por causa de todas as lembranças que se reunirão ao redor dela. Ao virarmos com prazer as suas páginas, relembraremos eventos em nossa vida que nunca serão esquecidos por toda a eternidade, mas subsistirão para sempre, entrelaçados com promessas graciosas. Que o Senhor nos ensine a ler o seu Livro de vida, que Ele abriu diante de nós aqui, de modo que possamos ler claramente nossa participação naquele outro Livro de amor que ainda não vimos, mas que será aberto naquele último grande dia.

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

domingo, 15 de abril de 2012

A Palavra de Deus e mais Nada!

Estamos resolvidos a pregar apenas a Palavra de Deus. Em grande parte, a alienação das massas ao ouvir o evangelho se explica pelo triste fato de que nem sempre é o evangelho que ouvem quando se dirigem aos lugares de culto, e tudo o mais fracassa em fornecer o que suas almas precisam. Será que você nunca ouviu falar de um rei que fez uma série de grandes banquetes e convidou muitas pessoas, semana após semana? Ele tinha um bom número de servos encarregados de servir sua mesa; e, nos dias marcados, estes saíram e falaram com as pessoas. Mas, de alguma forma, depois de um tempo a maior parte das pessoas não vinha às festas. O número de convidados que comparecia era decrescente; a grande massa de cidadãos dava as costas aos banquetes. O rei indagou e descobriu que o alimento providenciado não parecia satisfazer os homens que vinham olhar os banquetes e, por isso, não vinham mais. Ele resolveu examinar pessoalmente as mesas e os alimentos servidos. Viu muita coisa fina e muitas peças expostas que não eram de seus armazéns. Olhou a comida e disse: "Mas o que é isso? Como esses pratos chegaram aqui? Não são do meu suprimento. Meus bois cevados foram mortos, mas não vejo carne de animais engordados, e sim carne dura de gado magro e faminto. Os ossos estão aqui, onde está a gordura e o tutano? O pão também é de má qualidade, onde está o meu que é feito do melhor trigo? O vinho está misturado com água, e a água não é de um poço limpo".

Um dos presentes respondeu: "Ó rei, achamos que o povo estaria farto de tutano e gordura, assim lhes demos osso e cartilagem para pôr seus dentes à prova. Achamos também que estariam cansados do melhor pão branco, por isso assamos uns poucos em nossas casas, nos quais deixamos o farelo e a casca dos cereais. É opinião dos doutos que nosso alimento é mais adequado a esses tempos do que aquele que vossa majestade prescreveu há tanto tempo. Em relação aos vinhos com borra, o gosto dos homens não é esse na época atual; além disso, um líquido tão transparente como a água pura é uma bebida leve demais para homens que estão acostumados a beber do rio do Egito, cujo gosto é do barro que vem das montanhas da Lua".

Assim, o rei entendeu porque as pessoas não vinham aos banquetes. Será que esse é o motivo pelo qual a casa de Deus tem se tornado tão desagradável para uma grande parcela da população? Creio que sim. Será que os servos do Senhor têm picado seus restos de miscelâneas e pequenas máculas para com isso fazer uma carne cozida para os milhões de fiéis, e, por isso, estes se afastam? Ouça o resto da minha parábola. O rei indignado exclamou: "Esvaziem as mesas! Joguem todo esse lixo para os cães. Tragam os barões da carne, mostrem minha comida real. Tirem essas bugigangas do salão e aquele pão adulterado da mesa e lancem fora a água do rio barrento". Eles fizeram como o rei mandou, e se minha parábola estiver certa, logo houve um rumor pelas ruas de que verdadeiras delícias reais eram oferecidas ali, o povo encheu o palácio e o nome do rei tornou-se de grande excelência por toda terra. Vamos experimentar esse plano. Quem sabe logo estaremos nos regozijando em ver o banquete do Mestre cheio de hóspedes.

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa, o que significa isto?

Páscoa vem do hebraico pesach, "passar sobre". Foi quando Israel, após 400 anos de escravidão no Egito, foi libertado miraculosamente por Deus, e constituído como seu povo. A páscoa era o pacto entre Deus e Israel. Deus cuidaria do povo e Israel lhe seria obediente. Sua instituição está em Êxodo 12.1-13:

(1) E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo:
(2) Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.
(3) Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
(4) Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.
(5) O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
(6) E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.
(7) E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.
(8) E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.
(9) Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.
(10) E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.
(11) Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR.
(12) E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR.
(13) E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.

Neste texto destacamos três aspectos: o cordeiro, o participante e o sangue do cordeiro. Analisamos os três separadamente, ajuntando depois suas partes, e cotejando com a pessoa de Jesus, podemos entender um pouco mais sobre o significado cristão da páscoa. A páscoa judaica era também uma profecia factual, que se cumpriu em Cristo.

1. O CORDEIRO

Sem defeito e macho de um ano (v. 5). Com um ano o cordeiro está adulto. Deveria ser perfeito. Um símbolo de Cristo, que começou seu ministério aos 30 anos (quando o hebreu alcançava a plenitude física) e foi sem pecado. Deveria ser comido com pães ázimos (sem fermento, símbolo da corrupção - o fermento não era químico, era comida azeda ajuntada à comida boa para fermentá-la), e com ervas amargas (símbolo da amargura da escravidão), conforme o v. 8. Deveria ser inteiramente comido. O que sobrasse, seria queimado (v. 10). Um símbolo do sacrifício de Cristo, totalmente consumido em favor da humanidade. Por isso que Paulo chamou a Jesus de "nossa páscoa", como lemos em 1 Coríntios 5.7. O cordeiro simbolizava a obra de Jesus. Sua morte simbolizava a morte de Cristo por nós. Por causa do sangue do cordeiro na páscoa, Deus passou por cima dos hebreus. Por causa do sangue de Cristo, Deus passa por cima de nós e não nos condena.

2. O PARTICIPANTE

A páscoa deveria ser celebrada em família (v. 3). Israel deveria se ver como uma comunidade e não como uma massa de escravos. Um símbolo da igreja, que é uma família, a família de Deus. As pessoas deveriam comer preparadas para a viagem e apressadamente. Outro simbolismo: eram peregrinos. O Egito não era o lugar deles. Da mesma maneira, um cristão compreende que é peregrino nesse mundo. Nenhum de nós viverá para semente. Todos iremos daqui. Eles tinham um destino, uma pátria. A Igreja compreende que é peregrina e que tem uma pátria melhor, como lemos em Filipenses 3.20 e Hebreus 11.14-16. A páscoa judaica lembrava aos judeus que foram estrangeiros no Egito e que Deus lhes dera uma terra. O cristão sabe que é peregrino neste mundo e que Deus lhe deu uma pátria celestial. Jesus deixou isto bem claro, como lemos em João 14.1-6. Somos peregrinos, em busca de uma pátria melhor.

3. O SANGUE

O sangue era a cobertura que salvava. A meia-noite, houve juízo sobre o Egito, mas onde houvesse o sangue na porta, haveria salvação e não haveria juízo (vv. 12-13). Simbolizava o sangue que Cristo derramaria na cruz para nos livrar do poder das trevas e da condenação eterna, como lemos nas seguintes passagens: João 8.34-36 e lJoão 1.7-9. O sangue do cordeiro que foi derramado e aspergido nas portas das casas dos judeus significa que eles estavam cobertos, Deus passaria por cima da casa, e não a julgaria. Da mesma maneira, quem está coberto pelo sangue de Cristo, quem crê no seu sacrifício na cruz por nós, está coberto e não será jamais julgado: João 3.16-17. O sangue do Cordeiro de Deus nos cobre do juízo divino.

CONCLUSÃO

A páscoa do cristão não é ovo de chocolate nem o símbolo é um coelho. Isto é festa. A verdadeira páscoa é aquela em que podemos dizer que aceitamos que Jesus morreu pelos nossos pecados. Ele é a verdadeira páscoa. Ele morreu numa semana de páscoa encerrando assim o trato de Deus com Israel, e fazendo surgir outro povo, a Igreja, povo multirracial, multiétnico e atemporal, sem geografia. A ceia substitui a páscoa, pois é a nova aliança: Mateus 26.17-28. Esta nova aliança cancela a antiga: Hebreus 8.9-13. O cristão, na páscoa, lembra disto: Cristo morreu pelos nossos pecados. Esta sempre foi a verdadeira mensagem da Igreja: 1Coríntios 15.1-4. Cristo morreu por nossos pecados, como o cordeiro que morreu para que os israelitas tivessem liberdade. Mas Cristo ressuscitou, esta é a diferença. Por isso vale a pena crer nele.

Não precisamos ser rabugentos, implicando com tudo, e negarmos o aspecto cultural e festivo dos dias da páscoa. Receba e dê ovos de chocolate, se você gostar. Mas a verdadeira páscoa é poder dizer que Cristo morreu por nós, para nos dar a salvação.

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

domingo, 1 de abril de 2012

Por que ainda estamos aqui?

Para o Senhor vivemos. Romanos 14.8

Se Deus o quisesse, cada um de nós teria sido levado ao céu no momento da conversão. Não era absolutamente necessário, em nossa preparação para a imortalidade, que nos demorássemos neste mundo. E possível uma pessoa ser levada ao céu e ser encontrada pronta a tomar parte da herança dos santos na luz, mesmo que ela tenha acabado de crer em Jesus. E verdade que nossa santificação é um processo longo e contínuo, e não seremos aperfeiçoados até que abandonemos nosso corpo e adentremos o véu; mas, apesar de ter o Senhor desejado fazer assim, Ele poderia ter mudado o nosso estado, da imperfeição para a perfeição, e nos transportado imediatamente ao céu.

Então, por que estamos aqui? Nosso Deus manteria qualquer de seus filhos fora do Paraíso por um momento além do necessário? Por que o exército do Deus vivo ainda está no campo de batalha, quando apenas uma ordem poderia lhe dar a vitória? Por que seus filhos ainda estão vagueando aqui e ali, por um labirinto, quando uma única palavra de seus lábios os traria ao centro de suas esperanças no céu? A resposta é: eles estão aqui a fim de viverem para o Senhor e trazerem outros ao conhecimento do amor dEle.

Estamos neste mundo como semeadores da boa semente; como aradores, para sulcar a terra não-cultivada; como arautos, para proclamar a salvação. Estamos aqui como o "sal da terra" (Mateus 5.13), a fim de sermos uma bênção para o mundo. Estamos aqui para glorificar a Cristo em nossa vida diária, e trabalhar para Ele e cooperar com Ele (ver 2 Coríntios 6.1). Tenhamos certeza de que nossas vidas cumprem esses objetivos. Vivamos com seriedade, utilidade e santidade, para o louvor da glória da graça dEle (ver Efésios 1.6). Entrementes, esperamos estar com Ele e cantamos diariamente:

"Meu coração está com Ele em seu trono,
E mal pode a demora agüentar;
A cada momento esperando ouvir a voz,
Levanta-te, vem sem tardar"

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

sábado, 24 de março de 2012

Cristo não voltará tão cedo!

"Que horror! Como pode um pastor dizer isto?", perguntará alguém.

Uma coisa é desejar algo. Outro é saber que este algo acontecerá. Por isso, antes de criticar, leia com atenção.

Muitos intérpretes anunciam a volta iminente de Cristo com base em seu sermão profético sobre o fim da atual ordem: guerras, terremotos, fome, pestes, imoralidade, etc. Sem exceção, todos estes sinais estiveram presentes ao longo da história! Sobre eles, Jesus disse: "Ainda não é fim!" (Mt 24.6). Eles são "o princípio das dores" (Mt 24.7). O que marcará o tempo do fim não são sinais deste tipo, mas outro: "E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações, então virá o fim" (Mt 24.14).

Agora ponde pondere estes dados:

1) Cerca de 62% da renda mundial pertence aos cristãos, em cujas mãos está também a mais moderna tecnologia.

2) Desses cristãos, 2/3 são nominais e apenas 1/3 são evangélicos. Isto significa que 24% da renda mundial estão nas mãos dos evangélicos.

3) Dos dízimos e ofertas que as igrejas recebem, elas utilizam assim estes recursos:

3.1) Gastam 95 a 99% com suas estruturas, organizações, construção, festas, veículos, etc.

3.2) Gastam 0,9 a 4,9 em evangelização em locais onde já há igrejas.

3.3) Gastam 0,1 a 0,9 com povos onde não há igrejas.

4) O total de povos não alcançados é de 11.000 (onze mil). Pretendemos alcançá-los com 0,1 a 0,9 de nossas entradas, e gastamos mais de 90% conosco mesmo.

5) Os muçulmanos investem na islamização do mundo. Empregam 10% de sua renda para as mesquitas, 2,5% para projetos de islamização mundial, e para o mesmo fim destinam 5% da produção agrícola e têm uma taxa de 10% sobre produtos importados (quase tudo que eles têm é importado).

Para cada pessoa que se converte ao cristianismo em geral, não apenas à fé evangélica, sete se convertem à fé muçulmana. O norte da África é quase que todo muçulmano. Há imensas mesquitas na Europa, Estados Unidos e Brasil. Os evangélicos estão preocupados com igrejas "onde se sintam bem", e com sua vida pessoal à parte do evangelho. "O segredo do meu sucesso é Jesus", alguns deles colocam em seus carros. Mas nada fazem por missões mundiais. Jesus é para fazê-los ter coisas, e não para ser pregado ao mundo. Outros nada acrescentam e apenas criticam a igreja, o evangelho e seus irmãos.

À luz disto, e sabendo que há tantos evangélicos absolutamente omissos no envolvimento com o reino de Deus, você acha mesmo que Cristo voltará em breve, faltando 11.000 povos para alcançar e a igreja olhando mais para si mesma que para a evangelização do mundo?

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

sábado, 17 de março de 2012

A escolha é nossa: graça ou desgraça?

Arrependimento é graça. Autojustificação é desgraça.

Confiar na misericórdia de Deus é graça. Querer ser justo com os próprios esforços é desgraça.

Amor é graça. Legalismo é desgraça.

Boas obras por ser salvo é graça. Boas obras para ser salvo é desgraça.

Receber o perdão divino é graça. Carregar o fardo da culpa é desgraça.

Estender a mão a quem cai é graça. Julgar aquele que caiu é desgraça.

Dividir e compartilhar é graça. Reter apenas para si é desgraça.

Comunhão é graça. Partidarismo é desgraça.

Alegrar-se com os que se alegram é graça. Inveja ou ciúme é desgraça.

Chorar com os que choram é graça. Ser insensível à dor alheia é desgraça.

Ficar ao lado de quem sofre, ainda que nada seja dito, é graça. Ficar ao lado de quem sofre para julgar, cobrar e condenar é desgraça.

Dar a outra face, deixar a capa junto com a túnica, andar a segunda milha é graça. Desejar vingança, pagar com a mesma moeda, retribuir o mal com o mal é desgraça.

Compreender e perdoar é graça. Ressentir-se e deixar a mágoa criar raízes é desgraça.

Fazer o bem ao que está faminto, sedento, doente, nu e preso, como quem faz a Jesus, é graça. Fazer o bem aos outros simplesmente para vangloriar-se é desgraça.

Aceitar a vocação de todo o povo de Deus, sem castas, hierarquias ou elites religiosas, é graça. Aceitar somente a vocação do clero, do sacerdócio ou do episcopado é desgraça.

Conhecer as Escrituras, mesmo sem muitas informações sobre as Escrituras, é graça. Acumular todas as informações sobre as Escrituras e nada saber das próprias Escrituras é desgraça.

Levar a Bíblia na mente, mesmo sem carregá-la debaixo do braço, é graça. Carregar a Bíblia debaixo do braço sem tê-la na mente é desgraça.

Entender o espírito da letra é graça. Ler apenas o que diz a letra é desgraça.

Servir ao Reino de Deus por amor a Deus é graça. Servir a Deus por qualquer outra razão é desgraça.

Amar a igreja do Senhor por amar ao Senhor da igreja é graça. Amar a igreja do Senhor sem amar o Senhor da igreja é idolatria, é formalidade religiosa, é desgraça.

Adorar com fé e obediência é graça. Adorar apenas para cumprir a liturgia fria e o ritualismo vazio é desgraça.

Orar e esperar a resposta de Deus, sabendo que do Pai Celestial sempre recebemos as melhores respostas, é graça. Orar e impor uma resposta a Deus é desgraça.

Dizimar ou ofertar a Deus com o coração agradecido é graça. Dizimar ou ofertar para barganhar com Deus é desgraça.

Usar os dons espirituais para abençoar os outros é graça. Usar os dons espirituais para autopromoção e autoexibição é desgraça.

Multiplicar os talentos para a edificação dos membros do Corpo de Cristo é graça. Enterrar os talentos para preservar vantagens e ganhos pessoais é desgraça.

Ser ministro de um projeto para a expansão do Reino de Deus é graça. Ser ministro de um projeto para a expansão do próprio reino é desgraça.

Pastorear o rebanho de Deus é graça. Manipular o rebanho de Deus é desgraça.

Pregar a Palavra de Deus é graça. Pregar as próprias palavras como se fossem Palavra de Deus é desgraça.

Chamar Deus de Pai e viver como filho do Pai é graça. Chamar Deus de Pai e viver como filho do Diabo é desgraça.

Chamar Jesus de Senhor e fazer a sua vontade é graça. Chamar Jesus de Senhor e desprezar a sua vontade é desgraça.

Reconhecer o erro e voltar atrás é graça. Querer estar sempre certo e nunca ceder é desgraça.

Quebrantar o coração é graça. Endurecer o coração é desgraça.

Voltar para casa, de coração contrito e quebrantado como o do filho pródigo, é graça. Permanecer na casa, com o coração orgulhoso e soberbo como o do filho mais velho, é desgraça.

Sinceridade com amor é graça. Sinceridade despeitada, espinhosa e cruel é desgraça.

Repreensão com amor é graça. Repreensão enraivecida e destemperada, que não passa de reação do orgulho ferido e da vaidade ofendida, é desgraça.

Indignação com firmeza e mansidão é graça. Indignação com violência e fúria é desgraça.

Renunciar a si mesmo, perder a própria vida e deixar o grão morrer na terra para que dê algum fruto é graça. Encher-se de si mesmo, salvar a própria vida e conservar o grão vivo na terra sem que haja qualquer fruto é desgraça.

Ser uma nova criatura em Cristo é graça. Continuar sendo a mesma criatura sem Cristo é desgraça.

Viver em Cristo, por Ele e para Ele, é graça, é sempre graça, é pura graça. Viver sem Cristo, longe e fora dEle, não é viver, é desgraça pura, não tem graça, não tem nenhuma graça.

O que, afinal, queremos ser?

Agraciados ou desgraçados?

Pr. Carlos Novaes
Pastor da Igreja Batista de Barão da Taquara - RJ

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segunda-feira, 12 de março de 2012

A Culpa é uma noite escura

Quantas culpas e pecados tenho eu? - Jó 13.23

Você já considerou quão grande é o pecado do povo de Deus? Pense na seriedade de suas próprias transgressões. Que grande coleção de ofensas existe nos mais santificado dos filhos de Deus! Multiplique o pecado de um redimido pela multidão de todos eles - uma "multidão que ninguém" pode enumerar (Apocalipse 7.9), e você obterá uma idéia sobre a grande quantidade de culpa do povo em favor do qual Jesus derramou seu sangue.

Adquirimos uma boa idéia a respeito da magnitude do pecado, por meio da apreciação da grandeza do remédio providenciado - o sangue de Jesus Cristo, o único e amado Filho, o Filho de Deus!

Os anjos depositam suas coroas diante dEle. Todas as sinfonias do céu rodeiam seu glorioso trono. Ele é "sobre todos, Deus bendito para todo o sempre" (Romanos 9.5). Apesar disso, o Senhor Jesus tomou para Si a forma de servo, foi açoitado, esmurrado, ferido e, por fim, crucificado. Nada, exceto o sangue do Filho de Deus encarnado, pôde fazer expiação pelas nossas ofensas. Nenhuma mente humana pode estimar o valor infinito do sacrifício divino. Embora o pecado do povo de Deus seja grande, a expiação que remove os pecados deles é infinitamente maior.

Portanto, mesmo quando o pecado vem sobre nós como uma inundação e a lembrança de coisas passadas é amarga, o crente pode permanecer firme diante do resplandecente trono do grande e santo Deus, clamando: "Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou" (Romanos 8.34). Enquanto a recordação dos pecados do crente o enche de vergonha e tristeza, ele utiliza essa recordação para manifestar o resplendor da graça de Deus. A culpa é uma noite bem escura em que a belíssima estrela do amor divino resplandece com sereno esplendor.

C.H. Spurgeon

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domingo, 4 de março de 2012

Falar a verdade em tempos de mentira

Ao participar de uma palestra ouvi a seguinte frase: o mentiroso tem que ter boa memória, ele precisa lembrar o que contou para não cair em contradição.

A mentira convive tranquilamente nas casas de muitas famílias, alguns até amenizam o poder destruidor dela dizendo que é apenas uma mentirinha.

Você já deve ter ouvido expressões como estas: "se for fulano diga que não estou", "não vou poder ir porque estou com dor de cabeça"; são mentiras que mostram quem é a verdadeira pessoa.

O mentiroso não merece crédito, não podemos confiar em pessoas que não sustentam a verdade. Não existe mentirinha, ou é verdade ou mentira.

Epicteto disse "a verdade vence sempre sozinha, mas a mentira precisa de um cúmplice.".

Você já ouviu falar do adágio popular que afirma "quem fala a verdade não merece castigo"; não é apenas uma frase de efeito.

A Bíblia afirma que o pai da mentira é o diabo (o adversário), ele mente desde o princípio.

Quando temos compromisso com Deus, somos ensinados a falar sempre a verdade. A Bíblia ensina que nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade.

A verdade sempre prevalece. As pessoas gostam de conviver com pessoas francas, verdadeiras, que passam credibilidade.

Jesus apresentou-se como a verdade, ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).

Assuma o compromisso de sempre falar a verdade, mesmo que você corra riscos, não abra mão da verdade.

Não minta, não engane, não falsifique, não viva uma vida irreal. Seja sempre verdadeiro, honesto, uma pessoa que odeia a mentira.

Os verdadeiros filhos de Deus andam na verdade, fala a verdade e defende a verdade.

Pense nisso.

Pr. Cleverson Pereira do Valle
Pastor da PIB em Artur Nogueira-SP

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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O mundo vai acabar em 2012?

Especulam-se muito sobre o fim do mundo, diversas organizações religiosas ou não já fizeram previsões de datas do fim. Este assunto desperta a curiosidade das pessoas, alguns afirmam que quem acaba é o ser humano e não o planeta.

Segundo a cosmologia Maia, o planeta Terra possui cinco grandes ciclos ou eras, cada um com cerca de 5.125 anos. Para eles, quatro já passaram. "Os quatro ciclos anteriores terminaram em destruição. A profecia Maia do juízo final refere-se ao último do 5º ciclo, ou seja, 21 de dezembro de 2012" (Steven Alten).

Quer queiramos ou não, o mundo vai acabar sim, claro que não será no dia 21 de dezembro deste ano como os Maias afirmam. Aliás, não sabemos quando será.

Como estudioso da Bíblia eu parto da seguinte premissa, jamais posso afirmar com certeza o que a Bíblia não diz com clareza.

Não há nem um versículo sequer datando o fim do mundo, não tem o dia, não tem o mês e nem o ano revelado nas Escrituras.

O que as Escrituras afirmam é que um dia tudo chegará ao fim. Observe o que Mateus registra no capítulo 24 verso 36: "Porém, a respeito daquele dia e hora ninguém sabe., nem os anjos no céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai".

Só o Pai, ou seja, Deus é o único que sabe o dia em que tudo chegará ao fim.

No verso 42 lemos assim: "Portanto vigiai, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor."

Em Mateus 25 verso 13 diz: "Portanto vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir."

O evangelista Mateus repete duas vezes que não sabemos a que hora vai acontecer à consumação do século, o alerta é vigiai.

O apóstolo Pedro escreve uma grande verdade na segunda epístola capítulo 3 verso 10: "Mas o dia do Senhor virá como ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há se queimarão."

O mundo vai acabar, você está preparado para encontrar com Cristo? O céu é uma realidade e o inferno também, quando o mundo acabar você viverá em um lugar ou no outro.

(extraído)

A Bíblia só foi traduzida para 2.426 das 7 mil existentes línguas faladas no mundo.
Precisamos nos apaixonar novamente pelas Sagradas Escrituras!

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