quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Idas e vindas

Idas e vindas

Minha vida se parece com aquele jogo em que várias pessoas colocam peças coloridas em cima de uma cartela de papelão, jogam dois dados e caminham por espaços seqüenciados, obedecendo o resultado dos números.

Às vezes acertamos um três e um cinco. Oito espaços para frente, pode significar que teremos que voltar dois. A disputa inclui a sorte dos outros, que também jogam dados. Há bônus, quando alcançamos a ventura de chegar numa casa onde está escrito: avance mais sete espaços. Todavia, existem lugares em que perdemos o turno. O pior azar é sermos obrigados a retroceder ao início de tudo.

Cheguei até aqui na vida, cheio de idas e vindas. Amealhei tanto vitórias como derrotas; conheci frustrações e realizações; chorei despedidas e celebrei chegadas; assisti partos e segurei na mão de moribundos; envelheci e rejuvenesci.

Minha espiritualidade começou sem que eu percebesse muito sobre Deus. Passei anos ignorante em doutrina e teologia. Nada conhecia sobre os livros sagrados das grandes religiões. No meu rito de passagem católico – a Primeira Comunhão – preocupei-me em treinar a esticar a língua para receber a Eucaristia (o perigo dela cair no chão era apavorante) e decorar alguns pontos do catecismo. Eu preferia passar meu tempo com Tio Patinhas, Mandrake, Bolinha e Luluzinha, Asterix e Pedrinho e Narizinho no Sítio do Pica-pau Amarelo.

Devidamente convertido ao cristianismo evangélico, tornei-me um apologeta; um defensor do pacotão dogmático que aprendera na Escola Dominical. Insone, estudei compêndios volumosos de sapientíssimos doutores religiosos. Passei a pensar que sabia tudo sobre Deus; conseguia explicá-lo com maestria, mostrando conhecimento das nuances de seu extraordinário ser. Zelosamente condenei toda e qualquer heresia pagã.

Aconteceu que, certo dia, joguei minhas costas no espaldar da cadeira para descansar um pouco e, ato falho, perguntei: – Quem és tu Senhor? Por anos, havia jogado e avançado com os dados. Tornara-me especialista nas teorias e conceitos da teologia, mas naquele instante, fui obrigado a voltar à casa inicial.

Precisei retomar minha jornada espiritual, sem a antiga pretensão de possuir uma palavra final sobre meu objeto de fé – que não era mais um conceito, mas uma pessoa. Havia abandonado a verdade como uma idéia e desejava o acolhimento do Verbo que se fez carne. Elegi não só a mensagem, mas acima de tudo, a pessoa de Jesus de Nazaré como meu alicerce espiritual. Fascinado com sua história, desejo imitá-lo.

Reconheci minha arrogância de imaginar saber tudo, para acolher a contribuição de outros que, honesta e sinceramente, peregrinam pelo caminho da espiritualidade. Já não pretendo fazer prosélitos, nem tentar impor convicções; desejo, tão somente, oferecer a qualquer um, minhas frágeis compreensões da Palavra.

Lembro a mim mesmo que continuo arremessando dados e que posso perder a vez na próxima rodada. Não quero me sentir competindo com meus irmãos, donos das peças azul e amarela. Procurarei celebrar o lance em que um deles avançou doze espaços e ainda conquistou o direito de repetir a jogada.

Peço a Deus para achar-me sempre maravilhado com sua Graça generosamente espalhada sobre santos e pagãos, poetas e eruditos, músicos e saltimbancos. Todos são cidadãos do mundo e todos participam no vai-vem do tabuleiro.

Não quero chegar em primeiro lugar e ganhar o jogo. Nesta linda brincadeira chamada vida, contento-me com a emoção de ser um simples participante.

Soli Deo Gloria - Ricardo Gondim

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Leitura Pública Ininterrupta da Bíblia

Leitura Pública Ininterrupta da Bíblia
 
Em Marília-SP, organizada pelo Conselho de Ministros Evangélicos, com apoio da Prefeitura Municipal, faremos a Leitura Pública Ininterrupta da Palavra de Deus, iniciando às sete horas (gênesis 1:1) do dia 06/12 (quarta-feira) com final (Apocalipse 22:21) previsto para 19:30/20:30 horas do dia 9/12, quando haverá um culto público interdenominacional, com um coral de aproximadamente mil vozes.
Essa leitura ininterrupta tem sido feita em outras ocasiões no templo da Terceira Igreja Batista de Marília http://www.terceirabatista.org.br em aproximadamente oitenta e cinco horas.
 
 
 

sábado, 11 de novembro de 2006

O nome próprio de Deus no Antigo Testamento

O nome próprio de Deus no Antigo Testamento

Nas Sagradas Escrituras, o nome de Deus é significativo, e deve ser. E inconcebível pensar em assuntos espirituais sem designação própria da Deidade Suprema. Assim, o nome mais usado da Deidade é Deus, tradução do original Elohim. Um dos nomes de Deus é "Senhor", que é uma tradução de Adonai. Há outro nome, ainda, particular, que designa o nome próprio de Deus e se expressa pelas quatro letras YHWH (Êx. 3:14 e Is. 42:8). Os judeus ortodoxos não pronunciam esse nome, em virtude da grande reverência que prestam ao santíssimo nome divino. Por essa razão, sistematicamente esse nome foi traduzido por Senhor, com a única exceção dos casos em que YHWH encontra-se nas proximidades do nome Adonai. Nesse caso, todas as vezes foi traduzido por Deus para evitar confusão. Sabe-se que durante muitos anos YHWH aparece na transliteração Yahweh; porém não existe nenhuma certeza de que esse pronúncia seja correta.

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sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Um Breve Histórico do Textus Receptus

Um Breve Histórico do Textus Receptus

O Textos Receptus refere-se ao texto em grego usado por João Ferreira de Almeida para traduzir a Bíblia na língua Portuguesa e, ainda, pelos reformadores e pelos tradutores da famosa "English Authorized Version", de 1611. Sua relação com outras edições do texto grego, impressa nos séculos 16 e 17, está exposta nos parágrafos seguintes:

A primeira edição publicada do texto grego, foi a de Desidério Erasmo, impressa em Basle, em 1516, seguida da sua edição de 1519 que foi usada por Martinho Lutero em sua tradução para o alemão. Erasmo também publicou edições em 1522, 1527 e 1535. As duas últimas incluíram algumas mudanças da Poliglota Complutensiana. O Novo Testamento dessa Bíblia, Poliglota de Compluto, ou Alcalá, na Espanha, foi, na verdade, impresso em 1514. Porém, não esteve em circulação até 1522. Cristóvão Plantin reimprimiu, com pequenas alterações, o texto em grego Complutensiano, em Antuérpia, em 1571, 1572, 1573, 1574, 1583 e 1584. O mesmo texto foi também impresso em Genebra, em 1609, 1610, 1612, 1619, 1620, 1622, 1627 e 1628.

Simão Colineo (Sino Colinaeus), um impressor em Paris publicou, em 1534, uma edição baseada nas edições de Erasmo e do Novo Testamento Grego Complutensiano. Esse trabalho de Colineo nunca foi reimpresso, mas foi superado pelas edições mais famosas do seu enteado Robert Stephens, publicadas em Paris em 1546, 1549, 1550 e 1551. A edição de 1550, conhecida como a edição real "royal edition" ou editio regia, seguiu o texto das edições de Erasmo de 1527 e 1535, com leituras marginais da poliglota Complutensiana. A edição de Genebra, feita em 1551, foi uma reimpressão do texto de 1550, na qual apareceram, pela primeira vez, as divisões atuais de versículos numerados.

Teodoro Beza publicou, em Genebra, quatro edições in-folio, do texto grego de Stephens, com algumas mudanças e uma tradução própria em latim, em 1565, 1582, 1588 e 1598. Durante esse período, Beza também publicou várias edições in-octavo, em 1565, 1567, 1580, 1590 e 1604. As edições de Beza, particularmente e de 1598, e também as duas últimas edições de Stephens, foram as principais fontes usadas para a versão João Ferreira de Almeida, de 1681.

Os irmãos Elzevir, Bonaventure e Abraham, publicaram edições do texto grego, em Leyden, em 1624, 1633 e 1641, seguindo a edição de Beza de 1565, com algumas mudanças nas suas revisões posteriores. O prefácio da edição Elzevir, de 1633, deu nome a essa forma do texto, base da versão João Ferreira de Almeida, da Dutch Statenvertaling (holandesa), de 1637, e a de todas as versões protestantes da Reforma: "Textum ergo habes, nunc ab omnibus receptum...". O Texto Elzevir tomou-se conhecido em toda a Europa como Textus Receptus ou Texto Recebido. Ao longo do tempo esses títulos vieram a ser identificados, na Inglaterra, como o texto de Stephens, de 1550.

As edições de Stephens, Beza e Elzevir apresentam, todas, substancialmente, o mesmo texto. As variações não são de grande significância e raramente afetam o sentido. A edição atual do Textos Recepus, base da versão de João Ferreira de Almeida, segue o texto da edição de Beza de 1598 como autoridade primordial e corresponde ao Novo Testamento no Grego Original, editado por F.H.A. Scrivener, M.A., D.C.L., LL.D., e publicado pela Imprensa da Universidade de Cambridge em 1894 e 1902.

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quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Sola Fide

Sola Fide
 
Um dos grandes pilares da Reforma Protestante do século XVI foi uma volta à doutrina apostólica da salvação pela fé em Cristo Jesus. Os reformadores sublinharam a supremacia da fé sobre as obras para a salvação. O Breve Catecismo de Westminster afirma que fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora pela qual o recebemos e confiamos somente nele para a salvação, como ele nos é oferecido no Evangelho. Destacamos alguns pontos para nossa reflexão:

1. A fé salvadora é mais do que mero assentimento intelectual da verdade – Embora a verdadeira fé repousa no conhecimento e não na ignorância, a fé salvadora é mais do que conhecimento intelectual da verdade. Não basta apenas ter informação da verdade, é preciso ser transformado por ela. Os demônios sabem que Deus existe e até tremem diante da sua majestade, mas estão perdidos (Tg 2.19). Jesus diz que alguns o chamam de Senhor, operam milagres, expulsam demônios e até profetizam, mas ao mesmo tempo vivem na iniqüidade e não possuem a fé salvadora (Mt 7.22,23).

2. A fé salvadora não depende das boas obras para nos justificar diante de Deus – O sinergismo que ensina a salvação como somatória de fé mais obras está em total desacordo com as Escrituras. A fé é a raiz e as obras de fé são o fruto. Não somos salvos pela combinação de fé e obras, mas sim, por uma fé que produz obras. Somos salvos exclusivamente pela fé, mas por uma fé que não permanece só (Tg 2.20-22,26). Com respeito à salvação, a fé é a causa instrumental e as obras sua evidência (Tg 2.14- 18). A fé é o meio e a condição da salvação, ao passo que as obras são seu fruto e sua evidência.

3. A fé salvadora é um dom exclusivode Deus e não um merecimento humano – Toda a obra da salvação é concebida, realizada e consumada por Deus. É Deus quem abre o coração para crermos em Cristo. É ele quem dá o arrependimento para a vida. É ele quem chama eficazmente e dá a fé salvadora. É Deus quem justifica e glorifica aqueles que crêem. A fé salvadora não é apenas um conhecimento nem um sentimento inato, mas uma confiança exclusiva e absoluta na Pessoa e obra de Cristo em nosso favor.

4. A fé salvadora é o instrumento mediante o qual recebemos a vida eterna – A fé não é a base da nossa salvação, mas o seu instrumento de apropriação. A fé é o elo de ligação entre o crente e Cristo (Gl 3.26; Jo 3.16; At 16.31). A fé é a causa instrumental da justificação (Rm 5.1). Somos salvos pela obra expiatória de Cristo, mas apropriamo-nos dos resultados dessa obra pela fé. A fé é como a mão estendida de um mendigo recebendo o presente de um rei. Como a fé recebe Cristo, ela nos leva à posse de todas os seus benefícios.

5. A fé salvadora tem uma importância fundamental em nosso relacionamento com Deus – A fé vem pela pregação do evangelho (Rm10.17) e por meio dela nos tornamos filhos de Deus (Jo 1.12). Logo, aquele que se aproxima de Deus deve crer que ele existe (Hb 11.6), pois o justo vive pela fé (Rm 1.17), é justificado mediante a fé (Rm 5.1) e pela fé ele toma posse da vida eterna (Jo 3.36). Pela fé estreitamos nosso relacionamento com Deus e tornamo-nos como Abraão, o pai da fé, amigos de Deus.
Rev. Hernandes Dias Lopes

A Reforma Protestante

A Reforma Protestante
 
Eu sou de tradição protestante muito embora, para permanecer protestante, eu tenha me desligado das igrejas protestantes. É preciso esclarecer que a tradição protestante nada tem a ver, absolutamente nada, com esses movimentos religiosos que se denominam 'evangélicos'.

A tradição protestante não promete milagres, cultiva a razão, estimula a ciência, é profundamente ética, e a ela estão ligados nomes como Leibniz, Kant, Hegel, Kierkegaard, Albert Schweitzer, Martin Luther King Jr., Dag Hamarkjoeld, Dietrich Bonhoeffer, Mondelaine.

Em que consiste essa tradição? A Reforma, contrariamente ao nome, não foi um movimento que visava 'reformar' a Igreja Católica do século XVI: não se coloca remendo de pano novo em tecido podre. Não é um conjunto de doutrinas teológicas diferentes como justificação pela graça e sacerdócio universal das pessoas. Não é uma nova organização da Igreja. Quem só sabe essas coisas não viu o que é essencial.

Para dizer o que foi o espírito da Reforma, vou me valer de uma peça musical, a 2a sinfonia de Gustav Mahler (1860 - 1911), chamada Sinfonia da Ressurreição. Eis como ele mesmo descreve o último movimento da sinfonia: 'Chegou o dia do julgamento final. O terror cobre a terra. A terra estremece, as sepulturas se abrem, os mortos ressuscitam, poderosos e humildes, reis e mendigos, justos e injustos.

Um grito terrível enche o universo com um pedido de perdão que enche o espaço. Ouvem-se as trombetas apocalípticas. É hora do ajuste de contas, débitos e créditos, céu e inferno, inferno tão bem pintado nas telas horrendas de Hieronimus Bosch. Então, em meio a um silêncio sinistro, ouve-se o canto de um rouxinol distante. Uma grande tranqüilidade invade tudo.

E eis, surpresa! Não há julgamento, não há débitos e créditos, não há justos e pecadores, não há poderosos e humildes, não há vinganças e recompensas, não há condenações! Um sentimento de amor perfuma o mundo.' A Reforma foi o canto de um rouxinol nesse horror de culpa e medo. Não há julgamento. Deus é todo bondade.
 
Rubem Alves
A Bíblia só foi traduzida para 2.426 das 7 mil existentes línguas faladas no mundo.
Precisamos nos apaixonar novamente pelas Sagradas Escrituras!

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