A Reforma Protestante
Eu sou de tradição protestante muito embora, para permanecer protestante, eu tenha me desligado das igrejas protestantes. É preciso esclarecer que a tradição protestante nada tem a ver, absolutamente nada, com esses movimentos religiosos que se denominam 'evangélicos'.
A tradição protestante não promete milagres, cultiva a razão, estimula a ciência, é profundamente ética, e a ela estão ligados nomes como Leibniz, Kant, Hegel, Kierkegaard, Albert Schweitzer, Martin Luther King Jr., Dag Hamarkjoeld, Dietrich Bonhoeffer, Mondelaine.
Em que consiste essa tradição? A Reforma, contrariamente ao nome, não foi um movimento que visava 'reformar' a Igreja Católica do século XVI: não se coloca remendo de pano novo em tecido podre. Não é um conjunto de doutrinas teológicas diferentes como justificação pela graça e sacerdócio universal das pessoas. Não é uma nova organização da Igreja. Quem só sabe essas coisas não viu o que é essencial.
Para dizer o que foi o espírito da Reforma, vou me valer de uma peça musical, a 2a sinfonia de Gustav Mahler (1860 - 1911), chamada Sinfonia da Ressurreição. Eis como ele mesmo descreve o último movimento da sinfonia: 'Chegou o dia do julgamento final. O terror cobre a terra. A terra estremece, as sepulturas se abrem, os mortos ressuscitam, poderosos e humildes, reis e mendigos, justos e injustos.
Um grito terrível enche o universo com um pedido de perdão que enche o espaço. Ouvem-se as trombetas apocalípticas. É hora do ajuste de contas, débitos e créditos, céu e inferno, inferno tão bem pintado nas telas horrendas de Hieronimus Bosch. Então, em meio a um silêncio sinistro, ouve-se o canto de um rouxinol distante. Uma grande tranqüilidade invade tudo.
E eis, surpresa! Não há julgamento, não há débitos e créditos, não há justos e pecadores, não há poderosos e humildes, não há vinganças e recompensas, não há condenações! Um sentimento de amor perfuma o mundo.' A Reforma foi o canto de um rouxinol nesse horror de culpa e medo. Não há julgamento. Deus é todo bondade.
A tradição protestante não promete milagres, cultiva a razão, estimula a ciência, é profundamente ética, e a ela estão ligados nomes como Leibniz, Kant, Hegel, Kierkegaard, Albert Schweitzer, Martin Luther King Jr., Dag Hamarkjoeld, Dietrich Bonhoeffer, Mondelaine.
Em que consiste essa tradição? A Reforma, contrariamente ao nome, não foi um movimento que visava 'reformar' a Igreja Católica do século XVI: não se coloca remendo de pano novo em tecido podre. Não é um conjunto de doutrinas teológicas diferentes como justificação pela graça e sacerdócio universal das pessoas. Não é uma nova organização da Igreja. Quem só sabe essas coisas não viu o que é essencial.
Para dizer o que foi o espírito da Reforma, vou me valer de uma peça musical, a 2a sinfonia de Gustav Mahler (1860 - 1911), chamada Sinfonia da Ressurreição. Eis como ele mesmo descreve o último movimento da sinfonia: 'Chegou o dia do julgamento final. O terror cobre a terra. A terra estremece, as sepulturas se abrem, os mortos ressuscitam, poderosos e humildes, reis e mendigos, justos e injustos.
Um grito terrível enche o universo com um pedido de perdão que enche o espaço. Ouvem-se as trombetas apocalípticas. É hora do ajuste de contas, débitos e créditos, céu e inferno, inferno tão bem pintado nas telas horrendas de Hieronimus Bosch. Então, em meio a um silêncio sinistro, ouve-se o canto de um rouxinol distante. Uma grande tranqüilidade invade tudo.
E eis, surpresa! Não há julgamento, não há débitos e créditos, não há justos e pecadores, não há poderosos e humildes, não há vinganças e recompensas, não há condenações! Um sentimento de amor perfuma o mundo.' A Reforma foi o canto de um rouxinol nesse horror de culpa e medo. Não há julgamento. Deus é todo bondade.
Rubem Alves
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