segunda-feira, 30 de abril de 2007

Qual Será A Próxima Atração

Qual Será A Próxima Atração

Nos anos 80, minha mãe na fé, uma profunda conhecedora da Bíblia, apareceu lá em casa, na Baixada Fluminense, para mostrar o dente de ouro que havia conseguido receber de Deus, certa madrugada, quando estava orando. Até hoje não entendi como isso pode ter acontecido, pois ela não costumava mentir, era uma presbiteriana séria e nem gostava tanto dos modismos pentecostais...

Hoje estive lendo um trabalho do Pr. Ricardo Gondim sobre este e outros modismos evangélicos e fiquei realmente preocupada, pois cada ano aparece uma novidade, cada vez mais extravagante, e a gente tem de se apegar à Palavra Santa, para não sucumbir diante de tanta confusão que o Diabo tem semeado nos meios cristãos, com novidades copiadas do Catolicismo Romano e do Paganismo.

Depois da mania de soprar sobre os crentes; de relatar encontros com seres angelicais; de orar em voz alta, como se Deus fosse surdo; de exorcizar demônios (como os monges católicos faziam, na Idade Média); de acreditar em maldições hereditárias e de fazer enormes sacrifícios espirituais e financeiros para delas ficarem libertos; de gritar nos cultos, referindo-se aos demônios: "Tá amarrado em nome de Jesus!"; de contorcer-se sob o "riso de Isaque"; de rastejar pelo chão como animais; de entregar tudo que ganhou no ano anterior, a fim de conseguir todas as bênçãos materiais que deseja alcançar; depois de cantar corinhos cheios de heresias e erros gramaticais, falando de Jesus como se ele fosse um "amiguinho íntimo" e não o Grande Deus e Salvador do mundo; de dar nome aos "anjos da guarda", afirmando que todo crente tem o seu anjo particular e deve saber o nome dele (um ensino de Mokito Okada); de afirmar que "o sangue é luz congelada" (puro Gnosticismo); de entregar o que tem e o que estava reservado para pagar as contas de energia elétrica e telefone, não sei o que ainda vai aparecer nos meios "evangélicos" em matéria de novidade criada para iludir os incautos semi-analfabetos bíblicos deste país.

Qual Será a próxima atração?

A desgraça do nosso povo é ter sido doutrinado pelos jesuítas, que formam a Ordem católica mais ocultista do planeta, ser o resultado da mistura de índio, negro e português, da qual resultou uma raça bonita e inteligente, mas totalmente inclinada ao misticismo, o qual foi herdado do paganismo indígena, dos deuses africanos e da teologia espúria do catolicismo medieval.

Os pastores em geral saem dos seminários sem o mínimo embasamento teológico e cultural. Na última quarta feira (20/01/05), fui assistir a uma reunião de oração em minha igreja batista, cujo pastor é culto e muito embasado na Bíblia, e entrou de férias. Veio pregar um pastor que trabalha numa cidade do interior do Mato Grosso. Ele pregou mal e foi cansativo demais. Pior é que eu quase me levantei na metade da pregação, de tanto cansaço, pois havia acordado muito cedo. No final, porém, tive uma surpresa. Ele pediu licença para mencionar alguém que estava escutando-o e que, na certa, não estava aprovando o sermão dele, conforme os artigos que sempre lê em Mato Grosso, etc. Citou, então, respeitosamente, o meu nome... Pois não é que o dito fora meu aluno de Inglês no Seminário desta cidade? Eu nem me lembrava dele, que deve ter sido um daqueles alunos medíocres, a quem lecionei no seminário, onde dei aulas somente em 3 períodos (Inglês e Teologia Sistemática), pois logo me cansei da falta de cultura (na Palavra Santa e no vernáculo) desses candidatos ao ministério da pregação.

Os pastores malaquianos adoram citar o Velho Testamento, principalmente Malaquias, pois já começam uma "igreja" pensando em crescer e ficar milionários, como um certo bispo, que tendo fundado sua "igreja" (há menos de um quarto de século) numa velha garagem, hoje é arquimilionário em dólares e reside numa bela mansão em Nova York.

Entre numa dessas igrejas malaquianas e fique atento para ver se o pastor cita algum verso de Gálatas ou de Romanos! Nunca! Ele vai citar Deuteronômio, Malaquias e tudo que lhe aprouver, menos uma epístola de Paulo... a não ser no caso daquele pastor de uma igreja especializada em sal grosso e campanhas financeiras, que citou metade da 2 Coríntios 2:12 "uma porta se me abriu no Senhor", para garantir aos membros da congregação que "a qualquer um que desse todo o dinheiro que tinha na carteira, Deus estava garantindo um bom emprego, naquela citação bíblica..."

Dave Hunt acusa a Psicoterapia dita cristã de ter transtornado a mente dos modernos cristãos, conduzindo-os a todo tipo de fábula gnóstica, levando-os a crer piamente na cura interior através de certos exercícios espirituais, etc. Isso tem levado pastores e líderes inescrupulosos a acorrentar as mentes dos seus seguidores, ensinando-os a freqüentar "uma igreja com propósito", a viver "uma vida com propósito", tudo embasado na petição de dinheiro para que mega-igrejas sejam formadas e esses líderes se tornem milionários...

O evangelho egocêntrico tem dominado os membros das igrejas avivadas, onde Jesus se tornou um doador de bens materiais e o Espírito Santo, um "office-boy" a serviço dos crentes imaturos, que acreditam em tudo que os seus líderes falam, caminhando, desastrosamente, para o terrível sacrifício que terão de fazer no governo do Anticristo, quando tiverem de testemunhar a sua fé em Cristo. Agora, tudo é tão simples! Basta uma pessoa conscientizar-se de que é um pecador perdido, sem a menor chance de auto-salvação... em seguida, crer na divindade do Senhor Jesus (Atos 16:31), aceitar o Seu sacrifício na cruz como total e suficiente para salvar os pecadores... e pronto, essa pessoa está salva .. para sempre... sem precisar despender um centavo ou fazer qualquer sacrifício... porque o sacrifício de Cristo no Calvário foi completamente aceito pelo Pai celestial, a fim de salvar a humanidade inteira. E tolo é quem deseja acrescentar o menor esforço ao mesmo!

Mary Schultze, 01/2005.

www.drogaespiritual.pilb.t5.com.br

 

domingo, 29 de abril de 2007

Mania de perseguição

Mania de perseguição

Os evangélicos convivem com muita paranóia.

Aliás, a mentalidade evangélica é belicosa; e uma espécie de síndrome persecutória acompanha o movimento faz tempo. Outrora, acreditava-se que os comunistas haviam se organizado para destruir a fé e que era necessário treinar os pastores para lutar contra os "vermelhos". O comunismo mirrou e não foram os crentes que acabaram com ele. Depois, os homossexuais foram eleitos como inimigos. Eles, ao lado dos defensores do aborto, provocariam a queda da cristandade e fechariam igrejas.

Agora são os muçulmanos que estão na alça de mira dos evangélicos. Propaga-se que eles representam uma verdadeira ameaça à civilização e aos ensinos de Cristo. Se estes inimigos se tornaram alvos de uma guerra santa global, no Brasil os oponentes da igreja são outros.

Espanto-me com alguns evangelistas que afirmam e bradam de pés juntos que existe uma conspiração da mídia para perseguir as igrejas. E que os pastores são alvos de tramas engendradas no inferno, mas deflagradas pelos grandes jornais e, principalmente, pela Rede Globo.

Alguns gostam de falar das conspirações do Vaticano para bloquear o crescimento evangélico, como se a Igreja Católica fosse uma agência do diabo e que seus cardeais e o Papa varassem noites analisando como semear escândalos que maculem a boa reputação dos protestantes, assim, neutralizando o seu avanço.

Espalham-se teorias conspiratórias estapafúrdias com notícias de que satanistas decretaram jejum com o intuito de "derrubarem" os pastores.

Já participei de cultos em que as janelas foram untadas de óleo para evitar a entrada de demônios; já soube de pastores que, em caravana, arrancaram quadros, decorações e enfeites de alguns lares, sob o pretexto de que aqueles objetos estavam possessos de demônios.

Em um congresso de atletas cristãos tive de aconselhar um jogador de futebol que, em pânico, tinha medo de acabar com sua carreira por ter participado de um jogo com chuteiras que teriam sido amaldiçoadas.

De onde vem tanta mania de perseguição? Por que o culto evangélico precisa de uma enorme dose de medo para ser intenso?

Concordo que os quatro Evangelhos mencionam perigos na trajetória da igreja. Reconheço que os que "desejam viver corretamente, sofrerão perseguição". Mas espera lá, o que vem acontecendo no Brasil não é bem do jeito que a Bíblia relata.

A perseguição da mídia ocorre devido à repercussão de alguns escândalos promovidos pelos evangélicos. Desde 1989, quando houve uma primeira bancada evangélica com número significativo de deputados federais para desequilibrar as votações do Congresso, começaram as levas de escândalos que parecem não parar mais, chegando às "sanguessugas", que desviaram verbas do Ministério da Saúde. Se a mídia mostra menos pecados católicos, não isenta os evangélicos da obrigatoriedade de reconhecerem que precisam ser sal da terra e luz do mundo.

Existe muita vaidade em se achar perseguido. Percebo alguns evangelistas tomados de um enorme messianismo, achando-se tão importantes, que acreditam mesmo que o mundo inteiro maquina uma maneira de destruí-los; são tão auto referenciados que projetam sobre si mesmos o ódio que o diabo revelou contra o apóstolo Pedro.

Acontece que a igreja evangélica vem tropeçando em várias questões éticas; repetindo entre o clero os mesmos erros dos líderes políticos; amando o dinheiro, igualzinho ao mundo. A pergunta inconveniente, mas necessária é: para que o mundo precisaria persegui-la? Os evangélicos são inimigos de si mesmos. Réus e vítimas de suas próprias doenças, não provocam a indignação de ninguém, pelo contrário, são, muitas vezes, dignos de pena.

Para que o mundo odiasse a igreja, ela precisaria de uma moral que não só condenasse o vício do cigarro ou da maconha, mas procedimentos íntegros em outras áreas menos abordadas; de uma teologia que não prometesse apenas o céu, e sim engajamento transformador da miséria, dos preconceitos e das injustiças; de uma espiritualidade que não tentasse usar Deus, mas promovesse intimidade com o Pai.

Antes de ter medo do mundo e do diabo, que mais crentes tenham medo de si mesmos.

Soli Deo Gloria.

Pr. Ricardo Gondim

www.drogaespiritual.pilb.t5.com.br

sexta-feira, 27 de abril de 2007

A principal missão da igreja

A principal missão da igreja

1. O que é a Igreja?

Foi Sócrates quem disse "se queres conversar comigo, define tuas palavras". Definir bem o que se está dizendo é fundamental para se ir a qualquer lugar. Assim começo definindo o que os batistas, teológica e historicamente, têm entendido como a principal missão da Igreja. Mas antes, devo definir o que entendo por Igreja. É banal, parece até discurso do Conselheiro Acácio, mas é necessário registrar que quando falo "Igreja" falo de gente. O Novo Testamento não usa o termo para designar uma instituição, muito menos uma construção. Igreja é gente, é povo, no Novo Testamento. Fugindo de definições eclesiológicas, digo que igreja é um grupo de pessoas que conheceu a graça de Deus em Jesus Cristo, foi salva por ele, comprometeu-se com ele e busca fazer a sua vontade neste mundo. Este grupo de pessoas merece o título de Igreja e tem uma missão neste mundo. Não estão sobrando nem são ociosas.

2. Qual é a missão da Igreja?

Agora, minha segunda definição é o que entendo por missão deste grupo. O que estas pessoas têm como sua principal tarefa neste mundo? Qual a missão principal da Igreja?

Quando se põe um seminarista diante de um concílio examinador, uma pergunta que se faz é "qual é a missão da Igreja?". Invariavelmente ele responde que é a evangelização. Foi assim comigo, quando de minha ordenação há 24 anos e alguns meses atrás, numa noite chuvosa, numa igreja no Rio de Janeiro. Respondi o que me ensinaram e o que eu cria. Hoje não penso assim.

A principal missão da Igreja, para mim, não é a evangelização, mas a adoração. Se a evangelização fosse a razão de ser da Igreja, fosse sua missão primeira, no céu não haveria Igreja pois que lá não há perdidos para evangelizar. Mas no céu há e haverá Igreja porque lá há e haverá Deus. Ela existe em função dele e não dos perdidos.

Verdade é que Jesus nos deixou um ide, mas antes deste, houve um vinde. Os discípulos foram chamados a ele. Mateus 10.1 é bastante enfático: "e chamando a si...". O Programa de Educação Religiosa, livro que traz a estrutura de educação religiosa da Convenção Batista Brasileira, alista quatro funções da Igreja. Chamo sua atenção para a ordem, que apresento em forma decrescente, para efeitos de gravação mental: 4º) ministrar, 3º) educar, 2º) anunciar as boas-novas, e, 1º) cultuar a Deus. Não vou fazer distinção entre adorar e cultuar. Até porque os dois termos são dados como sinônimos nos melhores dicionários. A própria CBB dá o cultuar a Deus como atividade primeira da Igreja.

Na defesa de minha argumentação, cito outro livro de nossa editora oficial. Desta vez é O Evangelho da Redenção, de Conner, no seu tópico "A Principal Função da Igreja". Diz o teólogo norte-americano: "A principal obrigação, portanto, de uma igreja não é o evangelismo, nem missões, nem beneficência; é a adoração...O cristianismo moderno em toda a sua extensão tem sido demasiado propenso a subordinar Deus ao homem. Nossas igrejas têm sido modeladas de acordo com o padrão de uma corporação de negócios organizados para terem eficiência em seus negócios. A voz de Deus se tem perdido no tumulto da maquinaria e no barulho da organização. A igreja moderna tem vendido a sua alma por causa da eficiência. Vamos à igreja ouvir uma 'pessoa dinâmica' que, do púlpito, antes estimula os seus irmãos a levar ao fim um programa, em vez de ouvir a voz de Deus falando-nos das realidades eternas. Nossos seminários teológicos preparam homens para serem administradores de igreja, em vez de pregadores da Palavra. O ministro moderno dedica-se às reuniões de comissões e aos jantares oferecidos nas igrejas" (p. 228). Se eu, pessoalmente, não tivesse um programa pessoal de estudos e uma forte determinação de hábitos, despenderia meu tempo totalmente em reuniões de juntas, conselhos, convenções e outras, de caráter administrativo.

Outra obra da JUERP, agora Elementos de Teologia Cristã, de Ureta. Embora não aceite sua posição de que a missão terrena de Cristo criou a igreja (aceito mais a idéia de Calvino de que a igreja já existia no Éden porque no Éden já existia gente criada para adorar a Deus) concordo com sua palavra: "Nas reuniões das comunidades, quando as igrejas se reuniam para edificação dos fiéis, eram criadas as condições que faziam de cada cristão uma testemunha, de cada cristão um evangelista, um missionário, no sentido pleno do termo" (p. 190). O culto era a base de tudo. Ele criava condições para a evangelização e missões. A adoração precede o testemunho, portanto, nestas citações de publicações da editora oficial dos batistas brasileiros.

3. O que é adoração

Já defini o que entendo por Igreja. Também o que entendo por sua missão. Agora, mais uma definição: o que entendo por adoração.

Palavras preliminares, antes. A essência da Igreja reside na sua comunhão com Deus. Esta comunhão se expressa na vida pessoal dos membros, e de forma comunitária, no período que chamamos de culto. Daí porque o culto tem um valor muito mais profundo que o programa de atuação de Igreja. Não há necessidade de dicotomizar, um ou outro. Mas quero dizer que o momento fundamental da Igreja, como Igreja, é o culto. Foi quando a Igreja de Antioquia estava em culto que Deus mostrou um programa missionário para ela, como lemos em Atos 13. Via de regra, fazemos nossos programas e os trazemos a Deus para que os abençoe. Primeiro, o planejamento, a burocracia. Depois, o culto. Por isso, nem sempre acertamos. No Novo Testamento temos o exemplo de uma Igreja em culto, em adoração, momento em que o Senhor lhe manifesta um programa. Uma Igreja viva, em adoração, conhecerá os caminhos por onde andar. Um culto pleno de significado, rico de sentido, orientado para fins elevados, dá vigor e rumo à Igreja. O culto não é secundário, mas prioritário.

Tenho andado por muitas igrejas nestes brasis e fora dele. Tenho visto vários tipos de cultos. Vejo o culto manipulador, em que os dirigentes querem fazer o papel do Espírito Santo: criar emoções nas pessoas. Vejo o culto desorganizado, em que se canta muito, mas hinos e corinhos sem conexão, usa-se o tempo o mais que se pode em anúncios, louvor e personalismo, despreza-se a Palavra. Fala-se, canta-se, batem-se palmas, mas sai-se sem se ter ouvido a voz de Deus. Há emoções, há estridência, mas não há reflexão. E o culto cristão não necessita de atmosfera de irracionalidade. 1Coríntios 14 é bem claro ao enfocar a necessidade de ordem e de racionalidade no culto. Tenho visto também cultos que mais parecem forró ou reedição de Woodstock.

Mas o que é adoração? Na sua excelente obra Adoração na Igreja Primitiva, Ralph Martin nos declara que um dos termos hebraicos mais comuns para "adoração" significa "curvar-se".

Segundo ele, "enfatiza o modo apropriado de um israelita pensar na sua aproximação à santa presença de Deus" (p. 15). Outro termo bastante empregado, continua Martin, vem da mesma raiz da palavra escravo. No conceito grego, escravo era algo vil, baixo. No conceito hebreu, era a mais alta designação que um israelita podia fazer de si: era uma pessoa destinada a servir a Deus. Adorar era declarar-se servo de Deus. Era comprometer-se com o serviço a Deus.

Fiquemos com estes dois termos que nos abrem algum espaço. A adoração é um ato de curvar-se diante de Deus, reconhecendo sua grandeza, sua majestade, que ele é, nas palavras de Rudolf Otto, o Totalmente Outro. É também uma demonstração da disposição do adorador, curvado, de servir a Deus. A adoração bíblica, diferentemente da adoração oriental na linha da tradição hindu, não é para o adorador se diluir no Adorado, num transe místico, em que a objetividade deixa de existir. Não é um misticismo. É a permanência da consciência do adorador, a manutenção de seu caráter volitivo. É a adoração que permite ao adorador fazer declarações como a de Isaías: eis-me aqui, envia-me a mim. Ou dizer como Saulo de Tarso, no caminho de Damasco: que queres que eu faça? É continuar a existir na presença do Auto-Existente. E existir com mais significado, com mais rumo na vida.

Séculos de adoração hindu fizeram da Índia o que ela é. Séculos de conceito de adoração e de Deus como entre os hebreus e os cristãos deram ao mundo uma brilhante civilização. Há um Deus Criador, Pessoal, com quem o homem pode entrar em comunhão, e ter a sua vida mudada para melhor. É isso, em síntese, que a adoração tem como pano de fundo. As pessoas podem mudar, com a adoração.

A adoração não é êxtase nem devaneio, nem perda de identidade. Eventualmente alguém pode ter êxtases, mas isto não é a regra nem a forma estável da adoração.

Mas resumamos este tópico. A adoração é, sem fazer aqui uma definição padrão, um reconhecimento da grandeza de Deus, um ato de curvar-se diante Dele, que produz consciência de serviço. Não é alienante, mas altamente capacitadora porque leva o adorador a descobrir verdades espirituais profundas que podem ser aplicadas à sua vida e que podem transformá-la.

Por que estou repetindo isto? Porque creio que precisamos distinguir bem entre adoração e entretenimento. Há muito entretenimento espiritual mostrado hoje em dia como culto e adoração.

É uma grande diversão espiritual, em que a finalidade principal é manter as pessoas satisfeitas, alegres e ocupadas com uma coisa saudável.

Então se canta, canta, canta, fazem-se gestos, coreografia, ocupa-se as pessoas, depois todas saem para um lanche de confraternização e os casais saem para o namoro habitual (que é algo muito bom, diga-se).

Mas vêem-se poucas vidas transformadas, seriamente marcadas pela presença de Deus. Em algumas vezes é possível ver-se que o período chamado de louvor, por alguns, tornou-se um fim em si mesmo. Mais importante que o objeto do louvor. Já falei em tantos cultos em tantos lugares, com o mesmo cenário: uma hora de louvor, de autêntico entretenimento. Depois, o estudo bíblico. Uma quantidade mui pequena de participantes (e até mesmo dos dirigentes de louvor, uma estranha função, para mim) está com sua Bíblia.

Há pouco tempo, em Manaus, num culto desses, as seis pessoas do grupo de louvor estavam sem suas Bíblias. Ficou-me a nítida impressão de gente que queria um momento de recreação, mas não de comunhão com Deus. Por que, como pretendiam comunicar-se com Ele, sem estarem dispostas a ouvir a Palavra Dele?

Por isso, a insistência: o louvor produz contrição e serviço e não apenas euforia. Entendo que o cristão canta sua alegria, sua salvação, sua segurança eterna, tem um culto jubiloso. Mas só pode cantar assim quem exclamou antes ai de mim, que estou perdido! Há muita festa e pouca contrição. Culto não é forró. É comunhão com Deus. E se esta produz alegria, produz, primeiro, convicção de pecado e clamor por perdão. Confissão e pedido de perdão fazem parte do culto cristão. Creio que sem eles, o culto fica grandemente mutilado.

4 . O propósito da adoração

Não é difícil afirmar, à luz do que já foi dito, qual o propósito da adoração. Não é manter as pessoas ocupadas, não é uma peça a mais no momento do culto, "amaciando as pessoas" para a hora da mensagem. Não é um entretenimento espiritual nem uma catarse espiritual. É um estar na presença de Deus, é um desejo não apenas de falar, de entrar em comunhão (o que implica no desejo de querer ouvir), uma consciência de quem se é, de quem é Deus, de discernimentos espirituais, de afirmação de propósitos, de mudança de vida.

Observando a estrutura de certos Salmos, como o 4 e o 73, por exemplo, para não abrirmos muito o leque, observamos que a adoração produz mudanças radicais na vida do adorador.

No Salmo 4, por exemplo, o início é um clamor e o fim é uma declaração de segurança. Foi o salmo composto por Davi quando Absalão levantou uma tropa para matá-lo. Um homem perseguido pelo próprio filho, que queria matá-lo, começa seu cântico com clamor e termina com confiança.

Na mesma linha, o Salmo 73 inicia com o reconhecimento da bondade de Deus, traz a exposição da crise espiritual e teológica de Asafe, e termina com uma declaração de confiança. A adoração tem como propósito reconhecer quem é Deus, tributar-lhe o louvor que lhe é devido, mas exatamente porque é um ato de estar na presença de um Deus Poderoso e Amoroso, muda a vida da pessoa. Quando Moisés desceu do Sinai, depois de quarenta dias na presença de Deus, seu rosto resplandecia (Êx 34.29). Estar na presença de Deus traz brilho à vida do adorador. Há marcas na vida de quem esteve na presença de Deus. É muito estranho que tenhamos tanta adoração, tanto louvor, tanto culto, e tão poucos rostos brilhando. Não literalmente, óbvio, porque quem tem pele oleosa não deve ser confundido com um novo Moisés. Mas há vidas opacas, sem brilho, sem marcas, e isso, com pessoas que dizem adorar a Deus.

A adoração visa a Deus e deve ter apenas esta linha de direção. Mas é por ela que Deus nos alcança, também. É por ela que Deus nos fala, nos manifesta sua glória, ou como no caso de Moisés, em Êxodo 33.18 a 34.6, manifesta seu nome, isto é, seu caráter. Há um propósito na adoração, que é tributar a Deus o que lhe é devido. Há um efeito, que eu não chamo de secundário nem de colateral porque não é daninho. Fica a critério de quem seja bom em dar nomes, arranjar um para este efeito: é a dimensão retributiva do culto e da adoração, o que Deus nos fala, nos mostra, o que sucede em nossa vida.

5. A condução da adoração

No meu rascunho, o ponto 5 seria "O valor da adoração", mas seria repetitivo. Meu ponto 6 passa a ser o cinco, então: "A condução da adoração".

Considerando o que foi dito, como se torna relevante a forma de se conduzir a adoração! Poucas coisas me agastam mais que leviandade. Na minha área, por exemplo, a falta de seriedade na pregação me irrita. Quando penso que, aos domingos, mais de mil pessoas estão colocando vinte e cinco minutos de suas vidas nas minhas mãos, na hora da pregação, fico aterrado. Tenho 47 anos. Prego desde os 16 anos. Com 19 anos eu já dirigia uma Igreja. Mas até hoje, quando chega a hora de pregar, que incômodo! É o momento mais delicado do culto para mim. Angustia-me a responsabilidade. Tenho medo de falhar, de decepcionar Deus, de não dizer o que as pessoas precisam, de não ser útil. Meu maior receio é de dizer qualquer coisa, só para compor uma ordem de culto, que traz um item chamado Mensagem. Mas vejo que há muita improvisação no culto. E muita falta de propósito.

O primeiro aspecto a se abordar na área da condução da adoração é a consciência de missão que o condutor (o ministro de música ou o ministro da Palavra) deve ter. Ele não está cumprindo uma tarefa irrelevante. Está conduzindo as pessoas à presença de Deus.

Mutatis mutandis, seu papel é o do sacerdote do Antigo Testamento. Ele precisa estar limpo, espiritualmente. Precisa ter confessado, adorado, pedido perdão, posto-se nas mãos de Deus. Tem que cuidar de si mesmo para levar o povo a Deus. É uma missão sublime. Não é uma pessoa que cumpre uma tarefa de uma hora, uma hora e quinze, mais ou menos. É a pessoa que conduz um rebanho à presença do Majestoso Pastor. É missão seríssima.

O segundo aspecto é que deve haver nexo na adoração. Não se pode desprezar o fato de que a adoração tem o que chamei de aspecto retributivo, ou seja, o momento em que Deus nos fala. Chamei a atenção para a estrutura dos salmos. Eles têm nexo. Há cultos sem nexo e sem estrutura. Canta-se um hino sobre natal, lê-se uma passagem sobre a páscoa, canta-se um corinho na sua célebre linguagem intimista, sem fato objetivo da fé cristã mencionado, ora-se por enfermos e por poder espiritual, canta-se um corinho mais sobre louvor e um hino sobre missões. Ora, não se pode esquecer que há, na adoração expressa, o culto, um significado pedagógico. Há uma lição que se transmite. Ou seja, o que estamos dizendo ao povo. É necessário um fio condutor, que deixe bem claro por onde estamos andando, e que, ao encerrar o culto, deixe bem claro ao povo por onde ele andou.

O terceiro aspecto é que deve haver impacto. Nós não produzimos impacto. É obra do Espírito Santo de Deus impressionar as mentes e os corações. Mas ele não faz isso no espaço vazio, no éter. Opera nos canais que abrimos. Há cultos irrelevantes.

Prova disso é que vemos igrejas que marcam passo. Meses sem ver uma conversão e anos com os mesmos problemas. Vemos pessoas que nunca mudam. Fofoqueiras, brigonas, ranzinzas, maldosas foram e são. E estão, essas igrejas e pessoas, sempre em adoração.

Deve haver uma revisão, uma análise. Grande parte da procura pelas igrejas do baixo-pentecostalismo em nossos dias, é que elas alegam que acontecem coisas em seus cultos. O povo quer o sobrenatural e muito de nosso ensino, nas igrejas tradicionais, tem tornado o evangelho em algo meramente cognitivo. O impacto espiritual, a consciência de Deus, e o sobrenatural têm sido omitido em nossos cultos. Você vê pessoas irem à frente, chorando seus pecados? Vê pessoas agradecendo porque as orações foram atendidas? Vê pessoas transformadas? Vê o poder de Deus agindo na vida das pessoas? Que impacto nossos cultos causam na vida dos cultuadores? Nossas igrejas estão melhores hoje do que no ano passado? Os cultos marcaram as igrejas ou foram apenas palavras ao vento?

O quarto aspecto é que deve haver espiritualidade. Parece óbvio? Não é tanto assim. Há cultos hilários, pândegos, há festas, há de tudo. Com todo respeito que tais pessoas merecem, não consigo ver como um roque pauleira pode trazer espiritualidade e quebrantamento. Não consigo associar contrição com uma bateria ensurdecedora, nem confissão de pecado com dança. Espiritualidade pode ser subjetivada, mas aqui quero falar do elemento do culto que produz contrição, reflexão, mudança de atitudes. Não apenas a agitação. Numa frase de Bill Ichter, "algo que mexa com o coração e não com os pés". Mas até admito que os pés se mexam, mas não aceito que os corações não se movam.

O quinto e último, é que deve haver a glorificação de Deus. Por último, mas não o menos importante. Assusta-me o culto à personalidade no cenário evangélico. "O grande servo de Deus", uma frase comum em nosso meio, já é um contra-senso, em si mesmo. Quando a atração é alguém, um elemento humano, o culto já começou a ser desvirtuado. Deus não reparte a sua glória com o homem. Uma citação de Bruce Shelley, em A Igreja, o Povo de Deus, ajuda neste raciocínio: "A verdadeira adoração, porém, deve ser sempre para a glória de Deus. Nos cultos modernos, muita atenção é dirigida para o que acontece com o adorador. As igrejas recorrem a som, luzes, simbolismo, liturgia e encenação, a fim de provocar sentimentos emocionais no adorador. Os que participam tendem a avaliar o culto em termos de como ele os edificou ou fê-los sentir-se bem ou os inspirou." (p. 81). Ou seja, o homem passa a medida do culto, seu valor maior.

Na citação de Shelley ele menciona o fato de que coisas podem tornar-se mais importante que Deus. O que digo é que há momentos em que pessoas podem tornar-se mais importante que Deus. Quando se vê um cartaz de campanha de evangelização com os dizeres Sua vida vai mudar. Fulano de Tal no estádio Tal é que se vê que antropolatria moderna afetou nossas estruturas de culto. O convite é para ouvir o pregador e é ele quem vai mudar a vida do ouvinte. Isso tem um leve odor de blasfêmia.

Encerrado um culto, uma pergunta muito pertinente é esta: "As pessoas aprenderam mais de Deus hoje? Compreenderam mais de sua glória, de sua majestade, de seu amor? Cresceram no conhecimento de Deus?". Se a resposta for sim, podemos dizer que a Igreja, em culto, alcançou o cumprimento de sua missão: a adoração que glorifica o Adorado e marca o adorador.

Conclusão

Andamos um pouco em nossa caminhada. Esta é a primeira parte da minha, permitam-me chamá-la assim, trilogia. Foi A Verdadeira Missão da Igreja. Nas demais partes, pretendo falar sobre A Adoração e a Proclamação e, depois, sobre A Adoração, a Edificação e a Doutrina. Se tivesse que sintetizar minha primeira fala numa frase, ela seria Primeiro Deus.

Foi isso que pretendi dizer. É isso que acho que, como ministros da Igreja do Senhor, ministros do culto a Deus, devemos ter como lema em nosso ministério.

Isaltino Gomes Coelho Filho

(palestra apresentada à Associação Batista dos Músicos do Brasil)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Comida rápida tem efeitos colaterais

Comida rápida tem efeitos colaterais

"até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. ..Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem." (I Tm 4:13,15,16)

A tecnologia tem proporcionado invenções capazes de moldar a mentalidade de seu usuário, como é o caso do forno microonda. Dentre todos os petiscos feito no microonda, o miojo é um prato emblemático, isto porque a simplicidade de seu preparo caracteriza aquilo que é prático, rápido e instantâneo. Seu preparo exige apenas que se coloque o macarrão com 300 ml de água numa vasilha própria para microondas, deixe por 5 minutos. Então coloque o tempero e está pronto para servir.

É com esta mentalidade que a moderna mentalidade cristã tem lido a Bíblia e formado suas convicções teológicas. Para estes crentes modernos tudo acontece de forma rápida e pronta, do mesmo modo como se servem de comidas congeladas, sanduíches e outros tipos de comidas rápidas. O que estes cristãos não percebem é que "comida rápida" é uma legítima invenção americana que traz consigo terríveis efeitos colaterais.

O primeiro restaurante de comida rápida, chamado em inglês fast food, surgiu em 1921, no Estado do Kansas (1). Na década de 40 apareceram os drive in, popularizando este tipo de serviço, onde os clientes pediam suas refeições do próprio carro, vindo com copos, pratos e sacos descartáveis (1). Este conceito tem estado bem presente entre os cristãos modernos com os chamados ventos de doutrinas montadas por homens fraudulentos, cuja intenção é dar vazão a maquinação de seus erros. (Ef 4:14)

No Brasil a comida rápida chegou em 1952, por meio de uma lanchonete localizada no Rio de Janeiro, denominada Bob`s. Aqui uma outra grande rede ganhou vigor, a partir de 1989, a rede Habib`s, a maior cadeia de fast food de comida árabe do mundo. Tanto no Brasil, quanto nos EUA, quanto no resto do mundo, os irmãos McDonald`s são lembrados por popularizar os hambúrgueres entre os operários. Assim como o fast food se tornou conhecido, no mundo, ganhando adeptos aguerridos, proliferou nas igrejas um farto cardápio de doutrinas para atender a todos os gostos, menos a vontade de Deus, como a teologia da prosperidade, que substitui "o evangelho da graça" pelo "evangelho" da ganância" (2), transformando Deus num mero serviçal dos caprichos humanos. A pesquisadora de religião Mary Schultze constatou que o outro lado da moeda desta pregação de prosperidade e saúde perfeita tem seu lado negro:

"E. W. Kennyon faleceu vitima de um tumor maligno. John Wimber e seu filho Chris morreram de câncer. A . A. Allen morreu de alcoolismo. John Lake morreu de um colapso. Gordon Lindsey morreu do coração. O cunhado de Kenneth Haigin morreu de câncer. O mesmo aconteceu à sua irmã. Sua esposa foi operada e o próprio Haigin usou óculos até morrer. Kathryn Khulmann morreu do coração. Daisy Osborne morreu de câncer, jurando que havia sido curada. Jamie Buckingham morreu de câncer. Fred Price conseguiu uma quimioterapia para a sua esposa. John Osteen procurou ajuda médica para curar o câncer da esposa. A esposa de Charles Capps fez tratamento médico de câncer e também Joyce Meyer. Mack Timberlake está se tratando de um câncer na garganta. R. W. Shambach fez quatro pontes safenas. O Profeta Keith Greyton morreu de AIDS". (2)

Como as comidas rápidas precisam ser padronizadas para dar rendimento e produzir lucros, por causa de seu baixo custo, as técnicas de enlatar, congelar e desidratar os hambúrgueres, batatas fritas e pães, foi preciso adicionar aromas artificiais feitos por produtos químicos para produzir o gosto do fast food (1). A moderna mentalidade cristã também teve de produzir seus apóstolos e profetas para corroborar as doutrinas criadas pelos homens que não eram fundamentadas na doutrina "dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina" (Ef 2:20), apóstolos estes que precisam preencher o critério de serem homens que conviveram com os 11 apóstolos, desde o batismo de João até a elevação do Senhor após a ressurreição (At 1:21), única exceção de Paulo, que viu o Senhor da glória como a um abortivo (I Co 15:8). A química produzida por estes pretensos apóstolos e profetas deram sabor aos ventos de doutrinas apenas porque satisfaziam aos desejos de ouvintes sequiosos de coisas agradáveis (II Tm 4:3).

Só nos EUA, no ano 2000, o fast food foi além da cifra de 100 bilhões de dólares, superior ao que foi gasto com ensino superior, carro novo ou computadores (1). O resultado é mais da metade dos adultos e 25% das crianças acima do peso, sendo a obesidade a segunda maior causa de morte no país (1). Do mesmo modo os ventos de doutrinas proliferaram na igreja como ervas daninhas, trazendo práticas judaizantes do tipo que utiliza símbolos, datas e festividades judaicas como ordenanças para a igreja e exigência de confissão de pecados aos líderes; realização de atos proféticos para impor exigências ao mundo espiritual visando alcançar conquistas terrenas (2). Acrescenta-se ainda o movimento G12, sistema para crescimento da igreja por meio de células baseado nas 12 pedras do peitoral dos sacerdotes e nos dozes apóstolos escolhidos por Cristo (seria mais seguro usar o número 11, pois um foi o traidor), criando a mística do número 12 (3). Não é possível esquecer as unção do paletó que derruba o indivíduo, a unção da gargalhada e a unção do dente de ouro, na certa para mastigar a comida rápida ainda mais rápido.

Por conta de todos os efeitos colaterais que a comida rápida trás, foi inaugurado um outro movimento, o da comida lenta, isto em 1989, na Itália. Sempre que um extremo atinge o ápice de seu desvairo, um outro movimento em efeito contrário dá inicio. Mas no que diz a palavra de Deus, nada se inventa, antes se obedece. Paulo, chamando a atenção de Timóteo, declarou que ele não devia fazer da comida rápida sua fonte de alimentação, antes deveria aplicar-se à leitura, ocupando-se nela com a totalidade de seu ser, tendo cuidado de si mesmo e do conteúdo de seu ensino, perseverando nisso para que o seu aproveitamento fosse visível a todos (I Tm 4:13,15,16).

Nós temos que compreender que cada cristão tem o direito ao livre exame e interpretação das escrituras para que ninguém seja enganado pelos ventos de doutrinas que tem assoprado com tanta intensidade o arraial dos santos. Não é aceitando qualquer produto rotulado que o cristão vai crescer no conhecimento da palavra do Senhor, antes deve seguir a instrução do sábio Salomão, que diz:

"Adquire a sabedoria, adquire o entendimento; não te esqueças nem te desvies das palavras da minha boca. Não a abandones, e ela te guardará; ama-a, e ela te preservará. A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento. Estima-a, e ela te exaltará; se a abraçares, ela te honrará. Ela dará à tua cabeça uma grinalda de graça; e uma coroa de glória te entregará. Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, para que se multipliquem os anos da tua vida. Eu te ensinei o caminho da sabedoria; guiei-te pelas veredas da retidão. Quando andares, não se embaraçarão os teus passos; e se correres, não tropeçarás. Apega-te à instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida. Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo." (Pv 4:5-15)

Seguramente não é com 5 minutos que se adquire esta sabedoria, o verdadeiro cristão não é tipo microondas.

Cezar Andrade Marques de Azevedo


(1) http://mundoestranho.abril.com.br/edicoes/29/almanacao/conteudo_mundo_43508.shtml

(2) http://www.cacp.org.br/ventos_de_doutrinas1.htm

(3) http://www.agirbrasil.org/Apol_Geral/G12.html

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Tempo que foge!

Tempo que foge!

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos à limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

Soli Deo Gloria - Ricardo Gondim

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sábado, 21 de abril de 2007

Quem é apaixonado, marcha... Quem ama, caminha...

Quem é apaixonado, marcha... Quem ama, caminha...

Há tempos pretendia escrever sobre a tal "Marcha Para Jesus". Na verdade, desde o ano passado, mas acabei perdendo o "tempo", a marcha se foi... e esse ano voltou, como todo ano volta. E cá estou eu, finalmente escrevendo sobre o "grande evento gospel" do Brasil (sei que a marcha acontece em outros países, mas quero falar de nós, brasileiros).

Fiquei pensando nas grandes mudanças ocorridas nesse intervalo de um ano entre uma marcha e outra. Sim, a "Marcha Para Jesus" é um "ato profético". Pelo menos foi o que ouvi de um auto-denominado "apóstolo", marido da "bispa" que é um dos promoters da grande manifestação gospel de nossa igreja genuinamente brasileira. Deve ter mudado alguma coisa, ou então essa profecia é meio estranha. Pelo tempo que a marcha acontece (13 anos) alguma coisa deve ter mudado, e para melhor. Ou não mudou?

O ato profético ao qual a marcha se agarra é o de que "todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado..." (Josué 1.3). Pelo menos isto foi o que ouvi do tal "apóstolo" num debate em uma rádio gospel.

A Marcha Para Jesus é o ponto de encontro dessa geração apaixonada. Vi na Tv a empolgação da grande massa que dançava freneticamente ao som eletrizante dos trios que me fizeram lembrar os trios da Bahia em época de carnaval. Muita dança, muita festa, pouco conteúdo! O grande problema é que gente apaixonada marcha, grita, canta e dança... mas só ENQUANTO está apaixonada. Mas fica a pergunta: e quando a paixão acabar? Sim, paixão é coisa que acaba um dia. Por mais que digam o contrário.

Sinceramente não tenho nada CONTRA a Marcha Para Jesus. Só a considero infantil. Coisa de criança. E em São Paulo toma ares de disputa com a Parada do Orgulho Gay. Quem tem a maior multidão? Quem consegue levar mais gente pra dançar atrás do trio? E aí, segundo a lógica dos organizadores se a MPJ tiver mais gente, é sinal que o nosso exército é maior que o do inimigo. Ô turma pra gostar de números... não é à toa que nossas estatísticas evangélicas costumam ser mentirosas. Mentimos vergonhosamente nos números de membros de nossas igrejas.

Voltando ao "ato profético". O que a marcha profetizava? O que ela simbolizava? O domínio do território onde os pés "santos" pisaram? Não creio, pois menos de uma semana depois os homossexuais conseguiram colocar mais gente em sua "Parada do Orgulho(?) Gay". Significava o senhorio de Cristo sobre o Brasil? Sinceramente não creio nesse senhorio "abracadabra", onde bastam as palavras mágicas (aqui no caso o chavão "O Brasil é do Senhor Jesus") e num passe de mágica o Brasil inteiro se converteria... bobagem... infantilidade... coisas de gente sem profundidade.

Richard Foster começa seu livro "Celebração da Disciplina" com uma frase que me marca até hoje: "A superficialidade é a maldição do nosso tempo". Concordo plenamente com ele. E eu iria mais longe. Pior do que a superficialidade é a celebração dessa superficialidade. O povo comemora o fato de não ter profundidade. Essa pra mim é a maior mensagem da Marcha Para Jesus: a celebração da superficialidade evangélica brasileira. É a "rave" dos apaixonados extravagantes, ou como diria Karl Marx, o "ópio do povo".

Mas em contrapartida ao viver raso dos apaixonados está o amor. Amor é coisa pra gente grande com alma de criança (a pureza que Cristo vê nas crianças, não a superficialidade dos infantis). Paulo parece entender isso quando em sua majestosa poesia sobre o amor, em 1 Coríntios 13: "Quando eu era menino, falava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino." O contexto é o amor. O amor nos torna gente grande, sem perder a doçura de criança.

Quem é apaixonado, marcha, grita, pula, dança... mas quem ama caminha, com vigor e serenidade, com força e sabendo ser fraco, com entusiasmo e ponderação. O amor se constrói no caminho... e não tem fim.

Quem ama não precisa marchar um dia, porque em todos os dias toma a sua cruz e segue aquele que o amou primeiro. Quem ama não precisa gritar que Jesus é Senhor do Brasil porque todos os dias fala do amor de Deus de forma tranqüila, para que, ao converterem-se as pessoas, o Brasil venha realmente a ser uma nação santa. Quem ama não precisa pular tanto porque sabe que pular muito "cansa as pernas" e difere muito de um caminhar sadio, onde as "juntas" são muito melhor aproveitadas.

Enfim, quem ama sabe que não há "ato profético" nenhum se não houverem profetas verdadeiros que estejam dispostos a, em suas atitudes, denunciarem o distanciamento do povo de Deus e anunciarem de verdade as boas-novas. Então serão, não "atos proféticos" sem eficácia alguma, mas "atos dos profetas", que por sua vida e verdade no que dizem e vivem desafiarão o povo ao maior privilégio que poderiam ter: caminhar com Jesus. E essa "Caminhada COM Jesus" só terminará na glória, quando ele, justo juiz, vier buscar os que com ele caminharam.

Quando eu era menino, marchava como menino, pulava como menino, gritava como menino, fazia coreografias como menino, mas agora que me tornei homem, descobri o quão gostoso é caminhar, em amor, com aquele que me chamou para caminhar com Ele.

José Barbosa Junior

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Salvemos a próxima geração

Salvemos a próxima geração

Preocupo-me com os futuros pastores. Quase diariamente recebo pedidos de socorro de seminaristas já confusos antes de começarem suas atividades ministeriais. Não conseguem se encaixar nos modelos mais populares de serviço cristão, não sabem quais sendas trilharão.

O contexto oferece poucas opções ao jovem pastor. Caso pertença a uma grande denominação, pode ambicionar as estruturas de poder. Sabendo manter-se politicamente correto, conquistará estabilidade financeira. Se for de uma denominação pequena, se lançará numa feira livre religiosa. O mercado religioso é inclemente; nele impera a máxima "quem não tem competência não se estabelece". Sem o amparo de uma grande denominação, terá de fazer sua igreja acontecer valendo-se de carisma e empreendedorismo. Lamentavelmente, muitos sucumbem, partindo para a manipulação inescrupulosa do sagrado; outros se concentram em estratégias de marketing, e há os que importam modelos de igrejas estrangeiras bem-sucedidas.

Cabe aos seminários o desafio de nortear futuros pastores; reitores e professores precisam questionar seus modelos; e mais: discutir os propósitos do ensino e saber se respondem aos desafios da seara.

Atrevo-me a oferecer algumas recomendações aos docentes que formam novos ministros.

Aconselho que alguns livros passem a ser obrigatórios. Quem lê romance capta, mesmo em narrativas fictícias, a imensidão humana. Para se inteirar da cultura brasileira, todo aluno deveria ler O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Fogo Morto, de José Lins do Rego; para conhecer as raízes da pátria, recomendo O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Todos colariam grau apreciando Machado de Assis e seu "Eclesiastes": Memórias Póstumas de Brás Cubas.

As grades curriculares deveriam incluir poesia. Cada seminarista aprenderia a esboçar alguns poemas, para não se contentar em apregoar a verdade, mas enaltecê-la com graça. Um poeta não se satisfaz em ser coerente; quer dar ritmo e formosura à sua fala. O pastor não deve buscar incutir em suas ovelhas apenas valores morais, intelectuais e espirituais. Ele deve suscitar admiração e espanto diante da majestade Divina. Sugiro que os professores omitam o nome dos grandes poetas. Sem preconceitos, seus estudantes aprenderiam a gostar de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Adélia Prado e outros.

Aconselho o retorno da meditação bíblica, de aulas em que se leriam as Escrituras em silêncio. Aulas com o objetivo de inocular nos alunos o amor pela Palavra sem terem de tirar verdades práticas para um próximo sermão. Eles descobririam a riqueza de aquietar a alma e ouvir a inaudível bruma com a voz do Espírito Santo. Os professores incentivariam que suas classes se familiarizassem com os pais do deserto. Aconteceria uma revolução, pois teríamos preces menos utilitárias e jejuns sem tentar coagir a Deus.

Sugiro que os seminaristas façam estágio em três instituições: Hospital Infantil do Câncer, Associação de Paralisia Cerebral do Brasil e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A única exigência seria que não se envolvessem com burocracias, mas estivessem em contato com as crianças. Depois, os professores pediriam uma monografia sobre cura divina. Há pouco, ouvi um pastor prometer que todos seriam curados de suas doenças. Abismei-me com sua inconseqüência. Ele provavelmente nunca conviveu com pais que lutam com deficiências genéticas.

Outra idéia, é que se exija dos alunos não viverem em países do Primeiro Mundo sem antes morarem, por pelo menos dois anos, em regiões de extrema pobreza. Sugiro que se mudem para comunidades ribeirinhas do Amazonas, Sertão Nordestino ou favelas de alguma metrópole. Se alguém se sentisse vocacionado para missões transculturais, antes se obrigaria a morar em um país africano, trabalhando em alguma clínica pública para aidéticos ou num campo de refugiados de guerra. Acredito que essa medida estancaria o enorme fluxo dos que desejam emigrar para países mais abastados alegando um chamado divino.

O cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo já não se interessa pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas. Existe um fastio quanto a dogmatismos — ideológicos ou religiosos. O anseio é por coerência entre discurso e vida.

Importa que líderes cristãos encarnem sua humanidade. Em um mundo sem ternura, precisam-se de homens solidários. Numa época em que a vida perdeu seu valor, necessitam-se de pastores que amem a justiça. Jesus nunca almejou fundar uma igreja liderada por técnicos desprovidos de alma. Ele jamais vislumbrou seu corpo resumido a auditórios lotados, e jamais aceitaria discípulos parecidos com aqueles que conspiraram sua morte.

Os seminários não podem resignar-se a gerar profissionais da religião, mas servos que vivam a fé de maneira íntegra, solidária e justa. Se quisermos salvar a próxima geração de pastores, uma nova reforma precisa acontecer imediatamente. E que comece pelos seminários.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

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Ctrl C + Ctrl V = Quando Crer é Copiar!!!

Ctrl C + Ctrl V = Quando Crer é Copiar!!!

Hoje meu dia de trabalho foi cansativo. Daqueles que a gente fica torcendo que chegue logo o final do expediente, por não agüentar mais fazer a mesma coisa. Entre as muitas tarefas que tinha para fazer, uma me ocupou quase o dia todo... copiar dados de uma planilha para outra, uma por uma, no velho esquema ctrl C + ctrl V (copiar e colar).

Como não consigo fazer diferente, enquanto trabalhava... pensava; e enquanto pensava... via claramente na minha rotina o quadro de grande parte da igreja cristã no Brasil: copiar e colar... sem refletir.

Comecei a pensar nas coisas que tenho ouvido e visto... unções novas... adoração extravagante... profetadas... messianismo político... e não tive como não comparar com nossa realidade: cópias e mais cópias sendo preparadas e jogadas no nosso imenso circo eclesiástico, sem espaço para o mínimo de reflexão.

Nosso povo é treinado para não pensar. Pensar tornou-se uma espécie de "pecado mortal". Se usar a mente é pecado sem perdão, questionar, então, é a própria encarnação do mal. Vejo uma mensagem silente (às vezes nem tanto) camuflada em alguns super-pastores-apóstolos-bispos-semideuses: "Sou inquestionável... a única coisa que resta a você, pobre mortal pecador, é ser uma cópia de mim... este super-homem-divino". E o amém não é dado com palavras, mas com vidas... vidas-secas... vidas-cópias.

Crer hoje é sinônimo de repetir os chavões que se aprendem e proliferam em nosso meio. Crer é o mesmo que repetir as frases de efeito que "manipulam" céus e terra. Crer é usar as palavras de ordem que movem o braço de "deus" ao sabor de quem manda, na terrível inversão de valores a que somos submetidos.

A liberdade que Cristo nos dá é roubada descaradamente pelos líderes que procuram copiar suas pobres imagens em seus ensandecidos discípulos. O que mais me dói é que muita gente sincera se deixa enganar por esses manipuladores... gente sem alma, que se alimenta das almas de suas "ovelhas", que para nada mais servem senão alimentarem suas estatísticas "comprovadoras" do mover de Deus.

Como vejo crescer o número daqueles que lotam igrejas aos domingos, choram apaixonadamente ao ouvirem seus mantras... mas estão vazios de conteúdo. A pior característica do evangelho "ctrl C + ctrl V" é que o que é copiado não tem conteúdo... é forma... é "jeito"... é chavão... e ai daquele que tiver o "documento protegido" contra gravação...

Chega de ver gente sendo enganada! Basta de ver gente boa e honesta de Deus sendo levada por fraudadores do evangelho puro e simples! Não dá mais pra agüentar calado tanta covardia feita em nome de Deus, roubando as mentes das pessoas e submetendo-as aos desmandos dos paipóstolos-superbispos-popastores e quaisquer outras nomenclaturas que possam aparecer.

Evangelho é vida... é conteúdo... é vida em abundância... e é arquivo protegido contra essas cópias piratas da igreja de Cristo.

Crer é também pensar! É questionar! É rever vida, conceitos! Crer não é ficar entregue ao copiar enfadonho de arquivos sem valor.

Em último caso, dê um ctrl + alt + del... e reinicie sua máquina.

Ainda há esperança!!! (http://www.crerepensar.com.br)

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sábado, 14 de abril de 2007

Pacto com o diabo ou "baboseira gospel"?

Pacto com o diabo ou "baboseira gospel"?

É muito comum escutar nos cultos e nas escolas bíblicas de muitas denominações que essa ou aquela marca é do "demo", que fulano e sicrana venderam a alma para o "cão" para alcançarem o sucesso com seus CDs e programas de TV ou empresas que fizeram um pacto com o demônio para tornar o seu produto rentável e bem aceito pelo público e em troca difundir o anti-cristo e o seu reino. Algumas afirmações chegam a ser absurdas e muitas até hilárias, chegando ao ponto de alguns lideres mais exaltados exigirem que seus fiéis queimem suas roupas de determinada marca ou deixem de consumir um determinado produto. Parece até piada (de mau gosto)!

Não estou afirmando aqui que isso não exista ou que eu não creia que haja pessoas e empresas que façam tais pactos, apenas ando muito preocupado com a enxurrada de "baboseiras gospel" que tem invadido nossas igrejas, nossos cultos e nossos lares, sem que os seus propagadores (pastores, lideres, professoras de escola dominical, etc.) tenham o devido cuidado de estudar e pesquisar o assunto antes de sair disseminando bobeiras e dando falsos testemunhos a "torto e a direito", sendo alvos de chacotas por não conseguirem provar o que estão dizendo e desacreditados ao depararem com algum fiel ou aluno mais esclarecido que questionam tais afirmações. Esses irmãozinhos mais esclarecidos são sempre tachados de incrédulos e acusados de estarem cegos e influenciados pelo "poder do inferno" contido nas roupas da tal marca que estão usando ou nos produtos que tem guardado na geladeira, os quais foram "oferecidos e dedicados ao capeta" e que se recusam a queimar ou jogar fora sem uma abordagem mais profunda e sólida, baseadas em fatos e dados, não apenas em "estórias" contadas por beltranos ou publicadas em sites duvidosos (sempre sem a indicação da fonte ou do autor) ou nas imaginações férteis de algumas pessoas que espiritualizam e demonilizam/diabolizam (se não existem essas palavras, então perdão, pois acabei de inventar!) tudo.

Gostaria de apresentar alguns exemplos de tais "baboseiras gospel" que já se tornaram "cult" no meio evangélico brasileiro:

 

1) Maionese Hellmann's

Possível pacto:

O nome Hellmann's significaria "homens do inferno", onde Hell = inferno e mann's = homens.

Refutação:

a) Homem em inglês é man (singular) e homens é men (plural) e não mann's. Outro detalhe está no apóstrofo (') antes da letra "s" ('s) que na língua inglesa indica propriedade ou posse, sendo assim Hellmann's significa "do Helmman".

b) O nome Hellmann's é devido ao sobrenome do imigrante alemão Richard Hellmann que, em 1903, chegou aos Estados Unidos e dois anos depois, inaugurou sua delicatessen em Nova York. O grande diferencial era o molho que Hellmann colocava nas saladas prontas que vendia. Este saboroso molho era a própria maionese fabricada por sua esposa.

Fica claro que a tradução "homens do inferno" é inaceitável, tanto pela semântica da língua inglesa, como por ser um sobrenome de origem alemã (toda a família Hellmann são "homens do inferno"?). Pronto, já não precisa mais jogar fora o seu pote de maionese, a não ser que esteja precisando de um regiminho.

 

2) Fido Dido

Possível pacto:

Fido Dido significa, num dialeto francês antigo, algo equivalente a "filho do diabo". Alguns sites alegam que o guri que estampa as camisetas da moçada seria uma imagem do movimento nova era e significaria o desleixo e a irresponsabilidade da juventude dos últimos tempos.

Refutação:

Fido Dido (pronuncia-se Faido Daido) é um personagem gráfico alto, magricela e com fios de cabelo espetados, trajando tênis, bermuda e camiseta que traduz o jeito excêntrico e descompromissado dos adolescentes. Foi criado em 1985, num guardanapo de bar em Nova York e é uma licença americana que representaria um jovem consumidor.

O primeiro nome viria do latim fidelis (fiel), e Dido foi uma rainha de Cartago, cidade rival de Roma antiga que tinha espírito jovem e alegre.

Fido Dido já foi usado para apoiar campanhas de grandes marcas de consumo, como fez a então Pepsi-Cola Brasil, em 1992, ao relançar no país o refrigerante sabor limão Seven Up, seguindo estratégia global. A empresa esperava conquistar 15% do mercado total de refrigerantes no Brasil em um ano com o apoio do personagem mas não funcionou (será que o tal pacto com o "filho do diabo" falhou?).

Afirmam que Fido Dido é uma expressão de um dialeto francês antigo, equivalente a "filho do diabo" só que ninguém conhecido (e respeitável) assina ou abona essa informação. Além disso, ninguém respeitável conhece o tal dialeto (?!) francês, até porque a língua francesa superou há séculos seus dialetos. Portanto, não precisa queimar e nem deixar de comprar suas roupas onde tem o tal mancebo estampado (a não ser que seja pirata, ok?!), pois trata-se de mais um boato entre tantos nos arraias evangélicos.

 

3) Hello Kitty

Possível pacto:

a) A palavra Hello, em inglês quer dizer olá. A palavra Kitty, é de origem chinesa e quer dizer demônio. Logo, Hello Kitty quer dizer: "olá demônio".

b) A desenhista da Hello Kitty estava grávida e o médico afirmou que o bebê teria várias deformações. A criança nasceu com tudo perfeito, mas com o passar dos dias foi percebido que seria uma criança muda, por isso em homenagem a sua filha, ela fez a Hello Kitty, sem a boca, mas perfeita, e linda.

c) Outra versão da "estória" acima é que a Hello Kitty não tem boca, devido ao caso da garotinha ter nascido com um câncer na boca.

d) A Hello Kitty é um símbolo da nova era. A nova era é uma seita que vai contra todos os princípios de Deus. Ela busca criar símbolos "bonitinhos" para agradar a todos.

e) Hello Kitty vem da palavra "elohit" que em africano quer dizer demônio.

Refutação:

A Hello Kitty (Harokiti) foi criada originalmente pelo designer Ikuko Shimizu em 1974 (e não pela tal mulher grávida que deu à luz uma garotinha sem boca - logicamente muda - corroída por um câncer) para a empresa japonesa Sanrio. O personagem é a figura de uma gata branca com traços humanos que usa um laço ou flor na orelha esquerda e não possui boca. Nos desenhos animados Hello Kitty tem uma boca. Repararem que ela também não tem sobrancelhas (será outra pegadinha do tinhoso?!).

A bonequinha em forma de uma gatinha recebeu o nome em inglês porque a cultura britânica era popular entre as garotas japonesas na época da sua criação. O nome Kitty veio de um dos gatos que Alice criava no livro Through the Looking-Glass de Lewis Carroll e não do idioma chinês ou do tal africanês (acho que inventei outra palavra... estou ficando bom nisso!). Aliás, sobre o suposto nome africano, que significaria "diabo", gostaria que me explicassem, apenas, em qual língua/dialeto foi encontrada tal expressão, pois na África existem centenas de línguas e dialetos. Não existe a língua "africana"!

Hello Kitty significa simplesmente "Olá, gatinha", então meninas, não precisam mais ficar com medo da mudinha vir te pegar de noite.

 

4) Coca Cola

Possível pacto:

Pegando o logotipo da Coca-Cola e virando ao contrário lemos a mensagem "alo diabo".

Refutação:

Essa é clássica! Precisa muita imaginação e uma tremenda vontade de "enxergar" o que se quer ver (ou o que querem que veja) aqui. Eu já virei o rótulo de tudo quanto é jeito e não consigo ver nada (será que fui cegado pelo inimigo?!) Confesso que até a palavra "alo" eu consigo identificar (devo estar apenas meio cego) mas o nome do "diacho" tá difícil de achar. Imaginação nunca foi o meu forte!

No lugar onde teria que aparecer o tal nome do diabo, a letra "d" não existe, nem a "i" e nem a "b". Eu, pelo menos, não consigo ver e nem identificar aquelas letras (devem ser do tal dialeto africanês ou francês!). Além do mais, Coca-Cola é uma marca americana vendida no mundo todo, então qual seria a vantagem para o "caramunhão" de se escrever uma mensagem subliminar em português?! Só se os donos da Coca-Cola estiverem de olho no mercado brasileiro por causa da concorrência da Dolly (vou virar o rótulo da Dolly também para ver se acho alguma coisa!)

 

Conclusão:

Poderia estender esse artigo o quanto eu quisesse, pois exemplos de baboseiras gospel não faltam: a cruz invertida dentro de uma moto de marca famosa, uma fábrica de produtos de higiene pessoal que financia o movimento nova era, uma linha de perfumes bastante conhecida que fez um pacto para vender mais, e quem foi criança na década de 80 (assim como eu) irá se lembrar bem do boneco Fofão que "tinha um punhal dentro do corpo e que de noite tomava fôlego e matava as criancinhas desamparadas e entregues em seu soninho angelical, desferindo cruéis e mortais punhaladas". Essa "estória" do Fofão começou como uma piada do filme Chuck e caiu na boca dos abençoados irmãos e irmãs que tem o "dom de línguas compridas" e se espalhou pelas igrejas de todo o país.

Amados pastores, lideres e professoras, tomem muito cuidado com o que vão pregar, ensinar e dizer nos seus púlpitos e classes. Estudem, analisem, ponderem. Não acreditem em tudo o que ouvem ou lêem, especialmente na Internet. Precisamos ter muito cuidado com esses tipos de informações que correm no movimento gospel, sempre injuriando e difamando sem provas algumas marcas ou empresas, atribuindo seus serviços e produtos à supostos pactos com o diabo. Isso é muito comum entre os evangélicos.

A Bíblia diz que nossa oração purifica as coisas que usamos (Cl 2.20-23; 1Tm 4.4-5) e nos aconselha a examinar tudo, retendo o que é bom. (I Ts. 5:21).

Leia a Bíblia

Doni Augusto (04/2007)

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Por que todas as coisas são assim?

Por que todas as coisas são assim?

A visão prevalecente na mídia, nas escolas públicas e no meio da sociedade de hoje é que a Bíblia não é verdadeira, que nenhuma pessoa letrada acredita em Deus e que a ciência é a chave dos mistérios da vida. A mentira da Evolução torna-se tão profundamente implantada que libertar-se da mesma está cada vez mais difícil. O mundo rejeita o que "Deus diz" e aceita o que "a ciência diz", como sendo a verdade definitiva. Poucos são os que verificam que a ciência não pode responder as perguntas importantes: por que o universo e a vida existem e porque toda criança sabe a diferença entre o certo e o errado e acredita que Deus existe, até que seja "melhor" ensinada?

Poucos conhecem o que os grandes cientistas admitem. Max Planck, o pai da Teoria Quantum, declarou: "A ciência não pode resolver o principal mistério da natureza"(1). Não sabemos o que o tempo, a matéria ou a energia são de fato e muito menos sabemos o que a alma e o espírito são.

Por que? Estes não podem ser atribuídos ao universo, mas ao Criador. Ninguém pode "discutir" com um terremoto ou um furacão. Não existe simpatia na "natureza". O laureado Nobel Erwin Schrödinger, um dos arquitetos da mecânica Quantum, escreveu: "O quadro científico do mundo ao meu redor é ... terrivelmente silencioso sobre tudo isso... realmente nos importa... Ele nada entende de beleza e de feiúra, de bem e de mal, de Deus e de eternidade... De onde eu vim e para onde eu vou? A ciência não tem resposta alguma para isso"(2). A ciência nada entende de verdade - apenas de fatos físicos. Lee Smolin, membro fundador do Perimeter Institute for Theoretical Physics, em Waterloo, Canadá, disse: "Por que uma criança pergunta: 'o que é o mundo?' Nós literalmente nada temos a dizer..." (3). A pergunta "por que?" irrita os ateus, pois aquele que a faz decide o propósito para tudo que é feito. Sem um Criador a vida e o universo não têm sentido. Sem Deus não existe razão alguma para o bulbo de uma rosa ou para a neblina que o torna viçoso ao sol da manhã - ou para qualquer outra coisa que amemos ou apreciemos, inclusive a própria existência humana. Por que todas as coisas são assim? Porque Deus é como Ele é. Mas, quem é esse Deus? Ele é Zeus, o deus dos gregos, Brahma, o deus dos hindus, Alá, o deus dos muçulmanos? Isso importa? Não podemos apenas reconhecer um "poder maior"? Contudo, "maior do que o que?" Do que o poder? Nenhum poder impessoal poderia criar seres pessoais. Também força nenhuma poderia conceber nem descrever em palavras o que é o DNA e as diretrizes para construir e operar todos os seres vivos. O ateísmo conduz a inúmeros absurdos promovidos por pessoas consideradas inteligentes. Sir Francis Crick, laureado com o Nobel como descobridor da linguagem do DNA, inicia assim o seu livro "The Astonishing Hypothesis" (A Espantosa Hipótese): "Vocês, suas alegrias e tristezas, seus membros e ambições, seu senso de identidade pessoal e livre vontade são, de fato, nada mais que o comportamento de uma vasta assembléia de células nervosas e suas associadas moléculas"(4).

Se esse é o meio pelo qual o universo nos fez, por que Crick o chama de espantoso? Ele sabe que isso contraria o senso comum. Contudo, para manter o seu ateísmo, ele deve persistir nessa loucura. Mesmo assim, a maioria das pessoas refutará com firmeza a descrição de Crick. Toda pessoa inteligente sabe que ela pesa cuidadosamente suas escolhas, experimenta alegrias, tristezas, esperanças, ambições, temores, remorsos, arrependimentos, os quais são muito reais. Assim mesmo, a ciência afirma ser um mantra sagrado, diante do qual todo joelho deve dobrar-se - exceto os que não se dobram diante de Baal (1 Reis 19:18). O biólogo Richard Lewontin se gloria desafiadoramente: "Ficamos do lado da ciência, apesar do persistente absurdo de algumas de suas construções... Pois não podemos permitir um Pé Divino à nossa porta"(5). O arqui-ateu e propagandista inimigo de Deus, Richard Dawkins afirma que somos simplesmente veículos através dos quais os "genes egoístas" se perpetuam. Contudo, ele diz que os genes não têm previsão alguma. Não planejam o futuro. São apenas genes. Ele também declara: "Muitos de nós deveriam querer acreditar de outro modo ... o amor universal e o bem-estar das espécies... são conceitos que simplesmente não fazem sentido evolucionista" (6). Que admissão! Se a Evolução nos torna incapazes do verdadeiro amor, da moral ou ética, por que admiramos tais qualidades? Crick e Darkins parecem embaraçados diante do fato de que muitas das qualidades humanas que cada pessoa possui não possam ter sido produzidas pela Evolução. Não pensamos nem agimos como deveríamos, se tivéssemos evoluído de criaturas inferiores.

A linguagem componente no gene humano é "idêntica em cada particularidade à (interior) da minhoca. [Somente] a seqüência de blocos construtores é ... diferente..."(7). O gênio organizacional por trás do DNA está tomando fôlego. Usando as mesmas quatro letras seguintes para as plantas, os animais e o homem, a distinção é mantida não apenas entre todas as espécies de seres vivos, como entre os indivíduos de cada espécie. Esse engenhoso arranjo coloca fronteiras que tornam impossível ao DNA de uma espécie de vida mudar-se no DNA de outra espécie.

Inquestionavelmente, a linguagem do DNA, que é a base de toda vida, não pôde nem jamais poderia evoluir. A semelhança entre o DNA do homem e o de todos os animais não evidencia mais que o homem evoluiu dos animais do que a semelhança do DNA do homem com o da planta pode evidenciar que ele evoluiu das plantas. Não foi a Evolução que nos fez. Foi Deus quem nos fez. Mas os ateus, usando a Evolução como uma fuga, persistem no temor de ter de prestar contas a Deus. A teoria de Darwin foi sua maneira de vingar-se de um "deus", o qual havia permitido que sua filha Anne morresse. O ateísmo darwinista evita que a ciência aprenda o porquê das coisas serem como são. Sem Deus não existem repostas ao porquê de todas as coisas. Mesmo assim, aqui estamos no espantoso universo e o senso comum exige uma razão para a sua existência e para a nossa.

Por que todas as coisas são como são? Somente porque Deus, que tudo criou é como Ele é. E porque Deus é do modo como Ele é? Porque, ao contrário dos caprichosos deuses das religiões não cristãs, Ele se revelou a Moisés dizendo: "EU SOU O QUE SOU" (Êxodo 3:14). Consistentemente, o Deus da Bíblia declara: "Porque eu, o SENHOR, não mudo" (Malaquias 3:6). Deus está acima de tudo. Ele é intocável pelo tempo e pela mudança tão evidente em nosso mundo. Dawkins diz: "Os genes são apenas genes". Não, os genes não são auto-existentes nem eternos. Eles precisam ter um Fabricante. Somente Deus não tem um Criador, pois Ele é o Criador de tudo; Ele é auto-existente, não criado, imutável, perfeito, eterno, onisciente, onipresente e onipotente. Para ser Deus, isso é o que Ele deve ser.

Por que todas as coisas são como são? Porque Deus, que tudo fez, é como Ele é. Sobre o universo recentemente criado, lemos em Gênesis 1:31: "e eis que era muito bom". Mas por que tudo era muito bom? Porque o Deus que tudo fez era BOM! Jesus disse: "Não há bom senão um só, que é Deus" (Mateus 19:17). Mesmo em seu atual estado de corrupção, o universo ainda é tão bonito que nos emociona e nos comove profundamente, porque o Deus que o criou é BONITO! Davi escreveu: "Uma coisa pedi ao SENHOR, e a buscarei: que possa morar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR, e inquirir no seu templo" (Salmos 27:4). Precisamos apreciar mais a beleza de Deus!

Por que será que existia algo de "bom" até mesmo em um Hitler ou num Stalin? Os soldados nazistas dos campos de extermínio, os quais ordenavam os assassinatos dos judeus, todos os dias podiam voltar para suas casas à noite, beijar suas esposas e brincar com os seus filhos, deleitando-se em escutar uma ópera de Wagner. Isso porque um Deus que é bom, fez o homem à Sua imagem (Gênesis 1:26-27). Embora o pecado tenha separado toda a humanidade desse Deus Santo, nela ainda permanece a imagem de Deus na qual fomos criados. Infelizmente, tudo em que o homem toca e até mesmo ama, torna-se corrompido. [N.T. – Uma dessas coisas é a Igreja do Senhor].

O homem que convence uma mulher a viver com ele sem casamento, diz: "Eu te amo". Contudo, o que ele está querendo dizer (mesmo sem o saber) é: "Amo a mim mesmo e desejo você". Somente, quando for tarde demais, irão descobrir que isso era apenas o que ambos entendiam como sendo "amor".

Por que a praga, a decomposição e a morte nos ameaçam em toda parte? Isso também é porque Deus é como Ele é. Sem Deus, cujo caráter revela e o condena, não haveria pecado; e sem a lei escrita de Deus na consciência do homem não haveria o conhecimento do pecado: "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas" (Isaías 45:7).

Como poderia um Deus bom criar o mal? Do mesmo modo como Deus é luz, Ele criou as trevas. Uma pessoa que nasceu e morreu dentro de uma caverna, em total escuridão, jamais saberia que estava vivendo no escuro, até que alguém lhe mostrasse a luz. A luz revela imediatamente a escuridão pelo que ela é; a perfeição sagrada de Deus revela o mal, pelo que Ele é. A freqüente memória do paraíso perdeu sua fugaz permanência no coração do homem. Por que deveria ser assim? Porque o Deus que é bom também é santo e justo - e o homem feito à Sua imagem se rebela.

O que dizer do tormento eterno no Lago de Fogo? Isso também é porque Deus é amor e é justo. Ele criou o homem para viver eternamente na alegria do Seu amor, não como um "extra", mas como sua exata vida. Os que rejeitam o Seu amor destinam-se ao tormento eterno de uma sede abrasadora por Aquele que os criou para Ele mesmo. O céu será a eterna satisfação "da água da vida ... que procedia do trono de Deus e do Cordeiro" (Apocalipse 22:1). O inferno estará eternamente morrendo de sede abrasadora, de sede de Deus, com o horrendo conhecimento do pecado da rebelião de alguém, verificando que ali se encontra apenas por ter rejeitado a Cristo.

"Deus é amor" (João 4:8,16). O amor é a essência do Seu Ser. Ele nos ama e deseja perdoar-nos; mas Ele também é justo e santo. No caso de Deus perdoar os pecadores sem a total penalidade do pecado ser paga, isso iria contradizer a Sua justiça e torná-Lo nosso comparsa no mal. Cristo pagou totalmente a penalidade pelos nossos pecados - Mas o perdão deve ser voluntária e alegremente recebido. Deus jamais forçará pessoa alguma a entrar no céu.

Os ateus zombam: "Como poderia um Deus bom criar este mundo mau? Se Deus não pode deter o sofrimento e a morte, Ele é fraco demais para ser Deus e se Ele pode e não o faz, então ele é um monstro indigno de nossa confiança." Realmente, este não é o mundo criado por Deus, mas o mundo que fizemos por causa de nossa rebelião contra Ele. Não O censurem pelo que fizemos ao Seu mundo, que antes era perfeito! Por que Deus permitiu que o homem se rebelasse? O fato também verdadeiro é porque "Deus é amor". Não podemos receber nem gozar o Seu amor, nem amá-lo em retribuição (nem nos amarmos uns aos outros) sem o poder da escolha. O amor brota do coração. A capacidade de dizer "sim" nada significaria sem a capacidade de dizer "não". Tragicamente, Adão e Eva escolheram dizer "não" a Deus e seguir Satanás. Todo o universo sofre por causa disso: "Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo". (Romanos 8:21-23).

Os que rejeitam a verdade também rejeitam Deus. Sir David Altenborough, produtor de programas de TV, promovendo a Evolução durante décadas, argumentou: "O Deus em quem vocês crêem... um Deus todo misericordioso criou... um verme parasita... que não pode viver de outro modo, senão dentro do globo ocular de uma criança inocente na África Ocidental"(8).

Não, essa não é a maneira pela qual o universo existia no princípio. E durante o Reinado Milenar de Cristo, o mundo será restaurado à sua condição original, sem que haja animais se devorando uns aos outros, sem micróbios e parasitas atacando outros seres vivos: "E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11:6-9).

Somente em Cristo e em Seu pagamento - sobre a Cruz - da penalidade dos nossos pecados, encontramos a reconciliação com Deus e nossa principal significação e propósito. "Ele estava no princípio com Deus" (João 1:2). Ó mistério! O bebê nascido em Belém foi e há de ser sempre o "Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). Jesus disse: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Como podemos entender e melhor conhecer esse Deus infinito? Ele nos criou para Si mesmo e naturalmente temos sede d'Ele: "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?" (Salmos 42:2). Mesmo assim, os que estão em rebelião tentam, futilmente, saciar essa sede com possessões mundanas, prazeres e orgulho. Foi para revelar Deus ao homem como o Único que poderia preencher esse anseio interior, que Jesus, o Filho unigênito de Deus (João 1:14;3:16), nasceu neste mundo.

O sofrimento que Cristo suportou nas mãos dos homens revelou o mal que existe no coração de todos nós. Foi o castigo pelos nossos pecados que Jesus sofreu na Cruz, sob a ira de Deus contra o pecado, que tornou possível que fossem perdoados todos os que nEle crêem. Foi porque Ele pagou totalmente essa penalidade em nosso lugar que Ele pode dizer: "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba" (João 7:37). Ele nasceu de uma virgem, como verdadeiro homem e verdadeiro Deus: "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Colossenses 2:9), "O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas" (Hebreus 1:3).

Paulo declarou: "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória" (1 Timóteo 3:16). Embora, só possamos entender isso parcialmente, agora, "Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (1 Coríntios 13:12), temos a gloriosa promessa de que quanto mais olharmos por fé, meditarmos e compreendermos o nosso Senhor Jesus Cristo, mais claramente O veremos e nos tornaremos semelhantes a Ele: "Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Coríntios 3:18).

A revelação de Cristo, pela qual nossas almas têm sede, nos emociona gradualmente, quanto mais entendemos quem Ele é em toda a Sua totalidade e o que Ele realizou para nos reconciliar com Deus, Ele mesmo. Algo de Sua gloriosa Pessoa é lindamente expresso nesse hino de Graham Kendrick:

Humildade e majestade,/ humanidade e divindade,/ em perfeita harmonia - o homem que é Deus,/ Senhor da Eternidade, habita em humanidade,/ ajoelha-se em humildade e lava nossos pés. O puro fulgor do Pai, perfeito em inocência, / Contudo, aprende até à morte na Cruz, obediência; /sofrendo para nos dar vida, /conquistando pelo sacrifício – / enquanto O crucificam, ora: "Pai, perdoa-lhes. Sabedoria inescrutável, Deus, o invisível, / Amor indestrutível, em fragilidade aparece; /Senhor do infinito, / pairando tão ternamente. / Deixa a nossa humanidade / para as alturas do seu trono. Ó, que mistério, humildade e majestade! / Ajoelhai-vos e adorai - Ó,/ pois este é o vosso Deus, / o vosso Deus!

Dave Hunt (TBC Abril, 2007 - Traduzida por Mary Schultze, 11/04/2007)

 

Notas de Rodapé:

1. Max Planck, "The Mystery of Our Being," in Quantum Questions, ed. Ken Wilbur (Boston: New Science Library, 1984), 153.

2. Erwin Schrödinger, quoted in Quantum, 81.

3. Dennis Overbye, "Physics awaits new options as Standard Model idles," Symmetry, vol 03, issue 06, August 06.

4. Francis Crick, The Astonishing Hypothesis: The Scientific Search for the Soul (New York: Touchstone/Simon & Schuster, 1994), 3.

5. Richard Lewontin, "Billions and Billions of Demons, The New York Review, January 9, 1997, 31.

6. Richard Dawkins, The Selfish Gene (Oxford University Press, 30th anniversary edition, 2006), 2.

7. Dawkins, Selfish, 22.

8. M. Buchanan, "Wild, Wild Life," Sydney Morning Herald, The Guide, March 24, 2003, 6.

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A (in) utilidade de ser cristão

A (in) utilidade de ser cristão

Acordei. Depois do ritual da manhã (lavar o rosto, escovar os dentes, tomar café, ler a Bíblia, fazer oração) sai de casa rumo ao trabalho.

Pelo caminho deparei, com o que classificamos a escoria da sociedade. Indigentes, moradores de rua, jogados na calçada, embriagando-se, sem nenhuma perspectiva de vida. Tive dó. Mas logo meu senso moral me fez chegar a seguinte conclusão: a culpa era deles. Bando de vadios, alcoólatras. E assim, prossegui em paz, agradecido a Deus por não ser como eles.

Hora do almoço. Arroz, feijão, carne, salada, refrigerante ou suco. Sobremesa. Senhor Jesus obrigado por essa refeição, foi a oração que acompanhou esse momento sagrado. Logo após encontrei-o: um homem com seus filhos e mulher desempregada, morando de aluguel e salário maravilhoso de R$350,00. Suas refeições muitas vezes sem a saborosa mistura, as crianças sem o leite para o café da manhã. As crianças ajudando o pai catando papelão e latinha na rua, sem tempo de ir à Escola, praticar esportes, ler livros, ver desenho animado - se não trabalhar não come. Ao ouvir o relato fiquei espantado e indignado com o governo e a sociedade! Culpei-o por fazer tantos filhos, por ser inconseqüente, irresponsável e alienado. E fiquei satisfeito por saber que a vida não esta fácil pra ninguém. Antes de despedi-lo, lhe dei-lhe um folhetim de evangelismo com o endereço da igreja. Nesse, estava escrito que ele era um mísero pecador e estava condenado ao inferno. Ficou feliz. Até que enfim encontrou razão para tanto sofrimento. Para o inferno que estava vivendo. A culpa era de Deus.

Ele se foi. E eu agradeci a Jesus por não ter vergonha de anunciar o evangelho. Afinal de contas, que ousadia a minha. Mais um folheto entregue!

Chegando em casa, tomei um belo banho. Entre varias peças de roupa, escolhi a mais nova. Diante a vários pares de sapato, achei um que combinasse com a roupa. Propus-me a jantar, e que jantar abençoado... Em seguida fui à igreja. Orei. Cantei louvores. Li as Sagradas Escrituras. Gritei aleluia, gloria a Deus. Que coração quebrantado. Escutei pacientemente um maravilhoso e longo sermão sobre as bênçãos de Deus por ser seu filho. Após o culto, o comentário habitual - fofoca gospel era sobre ela. 17 anos. Quando criança ate freqüentou a igreja. Agora esta grávida. O pai do bebê. Está preso. Traficante e bandido, tem 18 anos e ainda não tomou rumo. Eles mantêm relações sexuais na cadeia. Culpada é a mãe. Prostituta. Que exemplo deu a filha! E foi ela quem mandou namorar marginal!

Fui pra casa, assistir televisão. Corrupção, desigualdades sociais, mortes, estupros, tráfico, policia invadindo o morro, o morro invadindo a cidade, PCC, mensalão, máfia de sanguessugas. Era o relato do jornal de mais um dia nesse mundo que jaz no maligno. O capeta. A culpa é toda dele.

Antes de deitar, li a Bíblia e fiz a oração da noite: "obrigado Jesus por me abençoar tanto, pela salvação. Ah! Quero te fazer um pedido. Preciso ganhar mais no meu emprego para obter mais conforto. Preciso prosperar, afinal sou dizimista fiel..." enquanto orava adormeci na minha confortável e segura casa, no meu colchão de R$900,00.

Ricardo Perpétuo da Silva (Aluno do 3º ano da Escola Teológica da América Latina, seminarista da Igreja Presbiteriana do Brasil)

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A Bíblia só foi traduzida para 2.426 das 7 mil existentes línguas faladas no mundo.
Precisamos nos apaixonar novamente pelas Sagradas Escrituras!

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