quinta-feira, 20 de março de 2008

Fragmentos datados de 50 dC provam legitimidade dos evangelhos

Achados desmoronam argumentos de teólogos liberais que tentam desacreditar os relatos da vida de Jesus nas Sagradas Escrituras.

Novas descobertas de manuscritos do Novo derrubaram definitivamente as críticas dos teólogos liberais à fidedignidade dos quatro Evangelhos. Esses novos documentos chegaram em boa hora, uma vez que o movimento de desconstrução da Jesus da Bíblia, apresentando-o como uma imagem forjada do verdadeiro Jesus, havia ressurgido com força total nos últimos anos.

Obras como a do acadêmico Bart Ehrman, um dos maiores especialistas do Novo Testamento e originais neotestamentários do mundo, têm tentado afirmar que o Jesus histórico seria bem diferente do Jesus da Bíblia, pois, segundo ele, os Evangelhos teriam sofrido, com o passar dos séculos, muitas alterações deliberadas por parte dos copistas. A tese de Ehrman (que não tem nada de nova, mas ressurgiu incorporada com novos argumentos) acabou ganhando peso também devido ao facto de ele antes ter sido um ardoroso evangélico. Hoje é um teólogo liberal convicto. Só para se ter uma idéia, o seu livro "O que Jesus disse? O que Jesus não disse?" , lançado em 2006 tanto nos EUA como no Brasil, tornou-se rapidamente best seller. Foi o livro mais vendido no início do ano passado nos EUA, com mais de 1 milhão de exemplares.

Nos séculos XVIII e XIX, foram muitas as críticas à fidedignidade do texto sagrado. Em resposta, muitos estudiosos da Bíblia escreveram obras de peso para rebater os ataques e o movimento esfriou. A descoberta dos rolos do Mar Morto em 1947 praticamente sepultou as discussões sobre a fidedignidade do Antigo Testamento. Mas, nos últimos anos, a onda de críticas à legitimidade do texto do Novo Testamento (no caso em especial, os Evangelhos) voltou com força total. A idéia é tentar desacreditar o Jesus da Bíblia.

O documento de Oxford

O primeiro documento que derruba de vez a argumentação liberal trata-se de fragmentos de papiro que hoje pertencem ao Magdalen College (Faculdade de Madalena), na Universidade de Oxford, na Inglaterra. São, ao todo, três fragmentos. O maior deles mede 4,1 cm por 1,3 cm. O texto traz trechos do capítulo 26 de Mateus e está registrado na frente e no verso dos três fragmentos. Mesmo sendo muito pequeno, os fragmentos trazem conteúdo suficiente para não deixar dúvidas que se trata da passagem de Jesus na casa de Simão, o leproso, em Betânia (Mt. 26: 6-13), e da traição de Judas (Mt. 26: 14-16).

O anúncio da descoberta foi feito pelo jornal britânico The Times, na sua primeira página, na edição de 24 de Dezembro de 1994: "Um papiro que acredita-se que seja o mais antigo fragmento existente no Novo Testamento foi encontrado na biblioteca de Oxford. Ele fornece a primeira prova material de que o Evangelho segundo Mateus é um relato de testemunha ocular, escrito por contemporâneos de Cristo". A reportagem apoiava-se no trabalho de um respeitado estudioso alemão, o paleógrafo e papirólogo Carsten Peter Thiede, de 57 anos, que é director do Instituto de Pesquisa Epistemológica de Padeborn, Alemanha.

A revista Terra Santa, de Jerusalém, também publicou um artigo sobre a descoberta, intitulado Mateus, testemunha ocular (edição de Setembro/Outubro de 1996). O título é homônimo de um livro de Thiede. No seu livro, ele afirma que as suas pesquisas apontam para a datação dos fragmentos do Evangelho de Mateus como sendo antes dos anos 60dC, provavelmente 50dC. Isto é, menos de 30 anos depois da morte de Jesus, quando as suas testemunhas oculares ainda estavam vivas.

O papiro estava na Biblioteca do Magdalen College desde o início dos anos 50, e havia recebido em 1953 uma datação errada, situando-o no fim do segundo século dC. Por isso, não despertava atenção. Porém, os novos estudos de Thiede mostraram que o papiro era de 50dC.

Observando-os melhor, o especialista constatou que eles possuíam uma escrita que não era de uma data tardia (início do século II, como se presumia anteriormente), mas deveriam ter sido escritos no ano 50dc. Como se trata de uma cópia do Evangelho de Mateus, isso significa que o original de Mateus era anterior a essa data, portanto escrito enquanto as testemunhas oculares de Jesus ainda eram vivas (pouco mais de dez anos depois da sua ressurreição). E como a cópia em mãos era muito antiga, as testemunhas ainda estariam vivas, quando esta começou a circular, podendo questionar o seu conteúdo caso estivesse equivocado.

Depois disso e com base em pesquisas semelhantes, outros erros em papiros do Novo Testamento foram encontrados. Estes passaram a receber novas datas. O papiro chamado P46, por exemplo, antes datado de 200dC, já é admitido como sendo de 85dC. O papiro P66, de 200dC, sabe-se hoje que é de 125dC. O P32, antes tido como de 200dC, é, na verdade, de 175dC. O P45, antes visto como do terceiro século ou início do terceiro, é de 150dC. O P87, identificado antes como sendo do terceiro século, é na verdade de 125dC. O P90, apontado como do final do segundo século, é de 150dC.

Apesar dessa descoberta ser importantíssima, 13 anos depois ela ainda é omitida pelos teólogos liberais nos seus textos de combate à legitimidade dos Evangelhos. Por isso, eruditos afirmam que muitos dos livros de hoje que se dizem em busca do Jesus histórico na verdade nos revelam mais sobre os seus pesquisadores do que sobre Jesus mesmo. Os Evangelhos acabam sendo cada vez mais admitidos como legítimos relatos sobre Jesus, e toda a tentativa de desacreditar esse facto nada mais é do que estudiosos preconceituosos em relação aos milagres tentando fugir da verdade, não enfrentando os factos.

O documento 7Q5: Deus fala aos cépticos

O 7Q5 foi outro documento importantíssimo que também fez notícia em meados dos anos 90. Por quê esse nome? Porque ele foi o quinto fragmento encontrado na caverna 7 do sítio arqueológico de Qumran, onde foram descobertos os Manuscritos do Mar Morto. Há 50 anos, ele foi datado por paleografia como sendo de 50dC.

A descoberta desse manuscrito como sendo do Novo Testamento foi feita por acaso, por um estudioso católico romano, o jesuíta espanhol José O'Callaghan, da Universidade de Barcelona.

Em 1955, foi descoberta uma gruta em Qumran com características especiais: a caverna 7. Todas as grutas até então encontradas continham material escrito em hebraico e/ou aramaico. Porém, a gruta 7 continha fragmentos e jarros com escrita em grego. No momento dessa descoberta, não se percebeu o seu valor. Na época, o especialista C. H. Roberts, sem saber que um desses fragmentos era um trecho do Evangelho de Marcos, datou alguns desses fragmentos como sendo muito antigos do ano 50dC. Entre eles, o fragmento 7Q5.

Nos anos 90, o jesuíta José O'Callaghan estava tentando descobrir o livro do Antigo Testamento ou da literatura judaica ao qual o fragmento pertencia, mas não conseguia identificar nenhuma parte dessa literatura. Foi então que, só por curiosidade, verificou se havia aquela sequência de letra do Novo Testamento e, para sua surpresa, descobriu que o fragmento era exacta e literalmente o texto de Marcos 6:52-53. O detalhe é que o que está escrito no versículo 52 parece Deus falando aos cépticos de hoje, denunciando a razão pela qual tentam desacreditar a legitimidade dos Evangelhos - a descrença nos milagres neles relatados: "Pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido", Mc. 6:52.

Impressionado com a descoberta, ele contou ao especialista Ignace de la Potterie, que o aconselhou a fazer testes no computador para que não houvesse dúvidas quanto à identificação. Foi então que, usando o programa Ibycus, que traz na sua memória toda a literatura greco-romana conhecida de todos os textos já descobertos da Antiguidade, descobriu que a única identificação que o programa acusava era a passagem do Evangelho de Marcos. Essa passagem não era nem citada em alguma obra grega conhecida. Não havia dúvida quanto à identificação: era um fragmento de Marcos 6 datado de 50dC.

Detalhe: alguns estudiosos mais cépticos questionam a datação dos três fragmentos de Oxford feita por Thiede, preferindo a datação anterior, feita precipitadamente e desprezando algumas nuances importantíssimas do texto dos fragmentos. Mas a datação do documento 7Q5 é considerada inquestionável mesmo para os mais cépticos, o que os deixou absolutamente desarmados.

Com essa descoberta, está provado que o Evangelho de Marcos, do qual o documento 7Q5 é apenas uma cópia, foi escrito por volta do ano 40dC, dez anos depois da ressurreição de Jesus.

Outros manuscritos antigos

A fidedignidade dos Evangelhos é prova incontestável da historicidade de Cristo. O texto do Novo Testamento que temos em mãos hoje é considerado pelos especialistas fidedigno porque os manuscritos neotestamentários existentes nos nossos dias são cópias muito antigas, próximas dos manuscritos originais.

Por exemplo, o manuscrito denominado Papiro II de Chesser Beatty (nome do proprietário), contendo quase a totalidade das epístolas do apóstolo Paulo (que menciona Jesus várias vezes) e Hebreus datam do fim do primeiro século, portanto 20 ou 30 anos após a morte de Paulo. É, a título de comparação cronológica, como se tivéssemos em mãos edições de 2005 de obras lançadas em 1975 ou 1985, que falam da vida de Getúlio Vargas!

Há ainda um pedaço de papiro contendo um fragmento do Evangelho de João em grego, proveniente do Egipto e conhecido como Papiro de John Rylands. Ele data de 110 a 125dC, de 10 a 35 anos após a morte do apóstolo João, discípulo de Jesus. Outros manuscritos de destaque são os Papiros de Bodmer, contendo quase todo o Evangelho de João datado de 175dC e porções de Lucas 3 a João 15 datadas de 200dC.

Actualmente, há mais de 6 mil cópias de manuscritos gregos do Novo Testamento ou de porções neotestamentárias, indo do primeiro ao nono século. A maioria é do terceiro, quarto e quinto séculos. Isso é impressionante, uma vez que nenhuma outra obra da literatura grega pode ostentar uma abundância tão grande de provas.

"A Ilíada de Homero, a maior de todas as obras gregas clássicas, é subsistente em cerca de 650 manuscritos; e as tragédia de Eurípides existem em aproximadamente 330 manuscritos. O número de cópias de todas as outras obras da literatura grega é bem menor. Além disso, deve-se acrescentar que o espaço de tempo entre a composição original e o manuscrito subsistente mais próximo é muito menor para o Novo Testamento do que para qualquer obra da literatura grega. O lapso de tempo para a maioria das obras clássicas gregas fica entre 800 e 1000 anos, enquanto que o intervalo para muitos dos livros do Novo Testamento é de cerca de 100 anos", frisa o teólogo norte-americano Philip Wesley Comfort (The Origin of the Bible).

Passam séculos e a Palavra do Senhor permanece a mesma, porque o Senhor da Palavra prometeu: "Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar", Lc. 21:33.

(compilado)

www.pilb.blogspot.com

 

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