O jovem chegou cedo para os ensaios da banda que ministraria o louvor do culto daquela manhã de muito calor, era um domingo de janeiro. Vestia uma camiseta preta com estampa do famigerado conjunto de roqueiros Sepultura. As costas da camiseta exibiam o desenho de uma caveira e uma cruz estilizada, com uma inscrição abaixo em inglês, que nem o usuário e seus amigos da banda podiam traduzir, por desconhecer a gíria americana dos becos do Bronx, famoso bairro de New York.
A inscrição era um palavrão que não devia estar na camisa de ninguém, tampouco na camisa de um adorador do Cristo que faz novas todas as coisas. Precisamos tirar as sandálias ao pisar na terra santa. Existe um ditado popular que diz: "A roupa não faz o monge" e, parafraseando este dito popular, "a roupa não faz o crente" e se assim fosse, freqüentadores da Congregação Cristã no Brasil, seriam identificados como os únicos crentes da atualidade.
Interessante, eles não são identificados pela Bíblia, como alguns crentes costumam ser, porque eles não carregam a Bíblia e quando a carregam é de forma discretíssima, em bolsas hermeticamente fechadas. Não me perguntem por que! Identificamos esses religiosos pela forma impecável com que se vestem quando se dirigem aos cultos das suas igrejas.
Moro vizinho de uma dessas congregações e observo jovens adolescentes de terno e gravata carregando um instrumento de sopro debaixo de sol escaldante e mulheres novas, adultas, terceira idade, solteiras, casadas, não importa, de saias sempre abaixo dos joelhos ou vestidos longos; as mais novas de cabelos longos e soltos e as mais idosas de "coke", cabelos presos ao centro da cabeça ou atrás dela, e sem nenhum vestígio de decotes. Caminham pelas ruas do bairro em grupos para suas congregações, num desfile não programado que é um verdadeiro show de recato e elegância. Não é um ritual da igreja nem um radicalismo legal, me disse um freqüentador, mas é a consciência de que vamos ao templo para estar na presença de Deus, para adorá- Lo e servi-Lo.
Quando vamos ao Fórum de nossa cidade para comparecer à presença de um juiz, há uma exigência legalizada de que a roupa há de ser discreta e respeitosa, homens preferencialmente de paletó e gravata; mulher não entra de calças compridas nem minissaia. Costumamos usar a popular expressão a "roupa da missa" quando vamos a uma cerimônia religiosa ou a um encontro que exija uma roupa um tanto mais formal. A expressão popular a "roupa da missa" tem lugar neste comentário por entender que a roupa da igreja deve mesmo ser a melhor que temos no guarda roupa, não a mais cara, mas a mais decente, porque vamos cultuar nosso Deus, e Ele merece o nosso melhor. Um grupo, querendo popularizar a pregação do evangelho, com muito boa intenção, mandou confeccionar uma camiseta com a seguinte inscrição "Jesus é um barato! Dê uma chance a Ele". É popular, mas soa irreverente.
Precisamos ter cuidado com as estampas de camisetas evangélicas vendidas em lojas ou estampadas de forma artesanal em nossas próprias casas. Há camisetas que detonam a teologia bíblica e o evangelho de Jesus. Muitos que estão lendo este artigo devem estar pensando que sou um "cara careta" ou daqueles líderes velhos e radicais que ficam à porta da igreja proibindo pessoas de entrar com determinadas roupas que julgam impróprias para uso no santuário da sua igreja.
Embora vivendo a terceira idade, e com mais de 40 anos de ministério pastoral, me sinto à vontade e com a autoridade que me concede a Palavra para alertar o povo de Deus a preservar a ordem e a decência ao adorá-Lo e servi-lo. Os incrédulos vêm à igreja como estão, com a roupa que têm, com a roupa que costumam usar nos cometimentos do mundo, mas a forma como os crentes se vestem pode ser fator preponderante para que eles mudem de vida e de roupa nas próximas vindas ao templo.
Já pensou no fato de que a roupa que você usa pode estar sendo uma "despregação" do evangelho de Jesus? "Aquele que está em Cristo é nova criatura, as coisas velhas passaram, tudo agora se faz novo" I Coríntios 5: 17 O crente deve mudar seu guarda roupa. O seu visual deve ser diferente do visual lá de fora, usando sempre o bom senso. Por exemplo, não estou propondo que ele vá à praia de paletó e gravata. Ir à igreja e aos cultos de camiseta regata, mini-saia, calças compridas coladas, calças compridas de cintura baixa, umbigos em exposição, hoje muito comum, tem criado verdadeiros vexames em algumas situações. Blusas com decotes constrangedores, chinelas havaianas, tatuagens, pirces etc, e todo esse aparato indumentário deve ser evitado porque, além de não agradar a Deus, pode estar sendo um escândalo para os de fora.
Se o bombeiro tem um uniforme apropriado par realizar sua tarefa, o mecânico usa o macacão apropriado, o policial tem seu uniforme, o médico usa o jaleco branco, estou convencido de que o guarda-roupa do crente deve mudar logo após a sua conversão. O crente deve estar sempre "uniformizado", porque é um permanente adorador, e proclamador, e não importa se vai ou não à igreja. O uniforme do adorador deve ser pelo menos decente porque o crente brilha no meio do seu viver. Como filhos de Deus, precisamos recuperar a ordem e a decência no nosso vestir, principalmente se vamos cultuar o Senhor dos senhores. Alguns líderes, em nome da modernidade, estão liberando geral, e propagam: "venham como estão!" respaldados no chavão popular "a roupa não faz o monge".
Estar na presença de Deus para adorá-Lo é diferente de estar na praia, no show de rock, na roda de samba, no pagode, na balada, na boate, ou mesmo no jogo de futebol. Na rodovia Fernão Dias há um "out-door" fazendo propaganda de uma loja de roupas, em destaque a propaganda tem uma frase curiosa: "temos saias para evangélicas". Aquela placa sinaliza que o mundo sabe que há uma diferença e sabe também diferenciar. Que tal renovar o seu guarda- roupa resgatando toda essência de uma das mais significativas lições da Bíblia sobre adoração? "Importa que os adoradores o adorem em espírito e em verdade" João 4:24.
Pr. João Martins Ferreira - IB Vila Salete-SP
Fonte: Batista Paulistano
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