quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Evangélicos vazios do Evangelho

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu, e também do grego. Romanos 1.16

Nunca se viu evangélicos tão vazios do Evangelho. Multidões abarrotam igrejas evangélicas e a cada dia novas igrejas são organizadas. No nosso país "os crentes" vão ocupando espaço até então monopolizado pela Igreja Católica. Através de programas de televisão, rádios, livros, conferências e acampamentos, os evangélicos têm propagado a sua mensagem e crescido numericamente. Mas, quando nos deparamos com alguns evangélicos notamos que ignoram o poder transformador do Evangelho. O que tem acontecido?

A grande maioria dos que professam serem cristãos desconhecem os pilares fundamentais da fé cristã. Dúvidas, incertezas, fé desprovida de conteúdo bíblico e heresias povoam a mente dos evangélicos. A gravidade do problema não se limita à igreja local, ou às fronteiras do aprisco evangélico, porém estende-se a todos os cristãos de nossos dias. Ocorre uma volatilização do Evangelho no povo evangélico. São vários os fatores para essa evaporação do Evangelho. Entre eles, estão a mentalidade do homem pós-moderno e a maneira como o Evangelho tem sido apresentado.

Chegou a hora de todos os que professam o cristianismo reverem os fundamentos da fé. Os evangélicos sempre criticaram os católicos porque estes pararam no Calvário. Depois, os pentecostais censuraram as denominações históricas por elas permanecerem no jardim da ressurreição sem nunca chegarem ao Pentecostes. Porém, se queremos que realmente Deus seja glorificado e os pecadores regenerados, precisamos urgentemente resgatar o espírito do kerigma cristão, ou seja, a proclamação do Evangelho. Cristo e Seu Evangelho eram os fundamentos da mensagem da Igreja Primitiva, como também do apóstolo Paulo: Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.1 Coríntios 15.1-4. Os únicos fundamentos que Deus ordenou como base para a fé dos pecadores sob condenação: Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. 1 Coríntios 3.11.

Primeiramente, analisemos o porquê dos cristãos estarem deixando de edificar as suas vidas e a Igreja, sobre fundamentos propostos por Deus. O homem pós-moderno tem acesso a uma gama enorme de informações tecnológicas, científicas e religiosas como em nenhuma outra geração na história da humanidade. As pessoas se tornaram viciadas em informações e notícias, o que lhes importa é o que acontece no mundo. Nesse frenesi por atualização, surge uma apatia e uma falta de interesse por qualquer valor antigo. Novidade é o que move o sistema deste mundo. Essa busca constante por informações cada vez mais freqüentes e diversificadas faz com que os cristãos pós-modernos não se aprofundem nas verdades bíblicas. Contentam-se com um saber superficial. Infelizmente muitos destes são os que engrossam as fileiras do exército dos cristãos nominais.

Tempos difíceis é o que enfrentamos quanto à evangelização. Muitos dos que se dizem interessados pela Palavra, no fundo estão mais interessados pelas palavras do pregador. Abarrotam a mente com conhecimento bíblico, porém o coração permanece vazio. A inundação de informações gerou um esvaziamento do saber. A razão foi substituída pela emoção. Nas igrejas, é comum vermos os crentes mais hipnotizados pelas luzes e pelo barulho dos grupos de louvor do que pela Palavra proclamada no púlpito.As músicas evangélicas se tornam ricas de embalo e pobres de conteúdo.

A outra razão de haver tantos crentes nominais é a maneira como o Evangelho tem sido apresentado. As pessoas precisam compreender que nada podem fazer quanto à salvação, pois esta é uma obra exclusivamente de Deus. Os pecadores são incapazes de contribuir para a sua própria salvação. Sendo pecadores, estão debaixo do jugo do pecado e sob o julgamento de Deus. O Evangelho é, antes de tudo, sobre Cristo. São os fatos, conforme afirma o apóstolo João, registrados para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. João 20.31. É a mensagem da obra histórica e concluída de Deus por meio de Cristo. Trata também da nossa participação na sua morte, sepultamento e ressurreição, como ele mesmo afirmou: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12.32. O Evangelho é mensagem de Boas Novas. Originalmente é o anúncio da vitória. A Boa Nova de que Deus abriu em Cristo um caminho de Salvação para todos.

O Evangelho é uma obra totalmente Divina. Uma das grandes dificuldades entre os cristãos é discernir a obra de Deus por nós em Cristo, e a obra de Deus em nós pelo Espírito Santo. O Evangelho consiste dos fatos que tratam sobre Jesus Cristo, e o que Deus fez para nos resgatar do pecado. O Evangelho é totalmente e inteiramente objetivo, não depende de forma alguma do homem. Trata-se da ação de Deus e não dos homens. Os problemas começam a ser gerados quando nós fazemos as pessoas olharem para o que precisa ser realizado dentro delas. A obra redentora de Cristo é algo que aconteceu fora de nós. Foi uma obra que Cristo Jesus consumou uma vez para sempre. Jesus, porém, tendo oferecido para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se a destra de Deus, é o que encontramos em Hebreus 10.12. O pecador precisa ser ensinado que suas obras ou sua disposição em obedecer aos mandamentos em nada contribuem para a sua aceitação diante de Deus. O pecador precisa ser levado a tirar os olhos de si e confiar somente em Cristo e em sua obra de salvação.

O problema reside na utilização de uma terminologia não bíblica. O foco no que o pecador precisa fazer, no lugar do que Deus já fez em Cristo, gera dúvidas e distorção do Evangelho. Você já ouviu frases como: Aceite Jesus em seu coração. Abra as portas do seu coração ao Senhor. Faça uma decisão hoje mesmo por Cristo. Entregue a sua vida a Jesus. Peça a Deus para salva-lo. Estas frases são comuns nos púlpitos e nos lábios de muitos evangélicos, porém apenas confundem o entendimento das pessoas quanto ao Evangelho. O que importa não é o que acontece deste lado da corda, e sim do lado de Deus. Eu os atrai com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer. Oséias 11.4. Será que cremos que Jesus satisfez a Deus? Será que estamos confiando no nosso próprio fazer, ou na obra concluída de Cristo por nós?

Precisamos aprender como pregar o Evangelho. O pecador precisa ser conduzido ao ponto onde reconheça que não é capaz de fazer nada para se salvar. Porém, ao anunciarmos o Evangelho da Graça de Deus precisamos tomar certos cuidados. Tendo-lhe afirmado que não há nada que possa fazer, se voltarmos para a pessoa afirmando: Agora você precisa entregar a sua vida a Jesus, qual será o resultado disso? Confusão em torno do Evangelho! Se a atenção das pessoas estiver voltada para dentro, no que elas mesmas devem fazer, até as salvas terão dúvidas quanto à salvação. Uma interrogação surgirá constantemente em seus corações: Será que fui sincero suficientemente? Será que fiz tudo corretamente? Será que realmente aceitei a Cristo? Será que verdadeiramente entreguei meu coração ao Senhor? Pois o interesse e a preocupação das pessoas ficaram voltados para dentro de si mesmas e sua própria experiência. Deixaram de fixar os olhos e a fé na morte, sepultamento e ressurreição de Cristo e nossa participação com ele. Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. Romanos 6.4a e 6 e Colossenses 2.12. É nisto que nossa confiança deve repousar.

A nós cabe o desafio de proclamarmos o Evangelho de poder. Não um Evangelho descorado do colorido da graça eterna de Deus, mas o que transforma pecadores em santos. Sobre nós pesa a mesma responsabilidade do apóstolo Paulo. Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada. 1 Coríntios 9:16,17. Se formos pessoas regeneradas pelo poder de Deus e andarmos segundo os Seus princípios, certamente veremos o abundar e o transbordar do Evangelho em nossos corações para a vida de outras pessoas.

Julio Cesar Lucarevski

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